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O Catetinho em sua configuração atual |
Recentemente tive oportunidade de visitar em Brasília o barracão de obras, que atendia ao então Presidente da República Juscelino Kubitschek no seu acompanhamento da implantação do Plano Piloto para a mesma cidade. Localizado na antiga fazenda do Gama, nas margens da atual estrada que liga Brasília a Belo Horizonte, o Catetinho estava articulado com uma pista pouso, conforme pode se ver nas fotos. Projeto de Oscar Niemyer, - o Catetinho, em referência ao Palácio do Catete, sede do governo federal no Rio de Janeiro - é um interessante exemplar no meio da profusão de monumentalidades e palácios, que Brasília oferece, trazendo nos a uma reflexão sobre um ponto fundamental do ofício de projeto: a
adequação. Apesar de seu caráter provisório e precário percebe-se na obra a qualidade da manipulação espacial e sua justeza com os princípios da economicidade e robustez, que serviram como premissas de seu desenho. A qualidade da proporção de seus elementos, tais como; pilotis, varanda/circulação, sala, quartos, banheiros e cozinha demonstram o cuidado que era dedicado naqueles tempos heroicos da construção da Nova Capital, ao tema do projeto ou da pré-figuração. Fica claro, no Catetinho ou no Palácio de Tábuas como também era chamado, o protagonismo dado ao projeto e sua concepção, ao final, a ação de pensar antes de fazer, mesmo quando se trata de um barracão de obras.
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Foto aérea do Catetinho, mostrando sua expansão e o
campo de pouso |
Sua construção levou 10 dias apenas, e foi realizada a partir de um croqui de Oscar Niemyer, realizado no bar do pernambucano Juca Chaves (Engenheiro José Ferreira de Castro Chaves), anexo ao Hotel Ambassador no Rio de Janeiro. O programa da edificação inicial reunia; uma cozinha, uma sala de despachos, três suites e um balcão de recepção. O arquiteto Oscar Niemyer aglutina esse programa separando a cozinha num anexo, e suspendendo os demais ítens num pilotis em régua, que é acessado por uma escada linear, que dá acesso a um avarandado que faz o papel de circulação. Segundo o site da secretaria de Cultura do Governo do Distrito Federtal;
"...surgiu de uma reunião de amigos de JK, no Hotel Ambassador/RJ. Oscar Niemeyer fez o croqui do Palácio de Tábuas, seu primeiro projeto para Brasília. Os amigos conseguiram um empréstimo e, em apenas dez dias, construíram a casa. Em torno dela funcionou um núcleo de apoio, com serviços de radiofonia e radiotelegrafia, e um campo de pouso. O nome Catetinho foi sugerido por Dilermando Reis, em alusão ao Palácio do Catete."
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A expansão do Catetinho, que já não mais existe |
A obra foi inaugurada em 10 de novembro de 1956 pelo próprio presidente Juscelino, que realizou um primeiro despacho presidencial no local, o seu tombamento pelo IPHAN é de 1959, a partir de um pedido do mesmo JK. Durante as obras da nova capital houve uma expansão do Catetinho, que não está mais lá. Pelas fotos a residência provisória da presidência da república ganhou em conforto e dimensões, Interessante destacar, que apenas o núcleo original é preservado e tombado pelo IPHAN. A solução da expansão parece trazer a distinção entre circulação e varandas, que passam a ser reservadas aos quartos, dando maior privacidade e intimidade. Há relatos de que o presidente Juscelino Kubitscheck não acreditava na possibilidade de contar com água quente para os banheiros no Catetinho, conforto garantido de forma simples pela presença do fogão de lenha da cozinha. Aliás os banheiros do preservado Catetinho me parecem os únicos pontos destoantes numa certa essencialidade da construção, nessas peças sanitárias se encontra um esforço construtivo além da precariedade e do provisório.
Enfim, o Catetinho que hoje se constitui num ponto turístico da cidade de Brasília, me parece um contraponto ideal a monumentalidade que se desenvolveu na nova capital, e que era um dos pontos fundamentais da sua premissa de desenho. Afinal, para que a nova capital se tornasse realidade era fundamental investir numa certa iconografia que efetivamente representasse o poder, na qual invariavelmente está presente uma certa monumentalidade, tanto no Oscar Niemyer, como também em Lucio Costa. O Palácio de Tábuas, situado a margem desse programa parece retornar a uma certa essencialidade do ato de construir, uma capacidade de abrigar básica, uma obra na qual a avaliação de sua adequação se resume à pura essência.
Bibliografia:
http://www.cultura.df.gov.br/historia-do-catetinho.html
http://doc.brazilia.jor.br/HistDocs/Pubs/1959-Visao-origem-do-Catetinho.shtml
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