domingo, 21 de junho de 2015

O livro do economista Bresser Pereira, A construção política do Brasil traz reflexões fundamentais sobre o país

Capa do livro de Luiz Carlos Bresser Pereira
O livro do economista Luis Carlos Bresser Pereira, A construção política do Brasil, sociedade, economia e estado desde a Independência traz uma reflexão importante para a contemporaneidade do país. Como diante de um desenvolvimento capitalista tardio o Brasil conseguiu construir uma doutrina desenvolvimentista autônoma, capaz de produzir um processo econômico virtuoso, que negou as determinações das nações mais desenvolvidas, que procuravam enquadrá-lo num papel periférico. E, como paradoxalmente depois deste esforço realizado e de certa forma consolidado, a economia nacional retrocede havendo a emergência de um processo de desindustrialização prematuro que está em curso. O economista aponta como principal causa da desindustrialização prematura a ausência de regulamentação sobre a taxa de câmbio, que para ele esteve sobre valorizada e sem regulamentação estatal no últimos anos. Interessante também destacar que Bresser Pereira aponta um certo populismo de consumo imediato que contaminou a economia nacional nos tempos democráticos, e que precisa ser revisto, dando protagonismo ao planejamento estatal e se afastando de um liberalismo rentista;
"...para que o Brasil também passe a crescer de forma acelerada. Uma estratégia baseada em tres princípios simples:(1) atribuir papel estratégico ao Estado; (2) demonstrar responsabilidade fiscal; e (3) garantir a responsabilidade cambial através da manutenção de uma taxa de juros em nível baixo, uma taxa de câmbio competitiva e a conta-corrente equilibrada e superavitária."
O autor aponta que o Brasil está voltando a ser meramente agrário exportador em função da pressão de grupos rentistas e financistas articulados com o agro-negócio, que se recusa a subsidiar o setor industrial via manipulação cambial. No livro há uma consciência acertada do papel bipolar de nossas elites, que volta e meia largam o país a sua própria sorte, sentindo saudades de suas afinidades européias e norte americanas;
"Devido a esse caráter contraditório, ora a elite brasileira se sente identificada com a nação, participa de uma coalizão de classes desenvolvimentista, estabelece compromissos com o povo, e faz seus os interesses dele, ora se julga etnicamente europeia, politicamente liberal, e culturalmente "moderna", e então esquece a nação e procura se associar ás elites do Norte e a elas se submete." 
Vale a pena a leitura...