domingo, 13 de outubro de 2013

A inauguração da Bienal de Arquitetura de São Paulo

A Bienal de Arquitetura de São Paulo é um importante evento da cultura arquitetônica no Brasil, um momento de reflexão sobre como o espaço humano vem sendo produzido no país. Cidade Modos de Fazer, Modos de Usar é o título da X Bienal, que pretende ocupar espaços culturais espalhados na cidade, conectados pelas redes de transporte público, procurando uma aproximação com o cotidiano da maior cidade do Brasil. Segundo o foulder; "Assim ao mesmo tempo em que visita a exposição, o público tem a experiência viva da cidade de São Paulo." Talvez fosse o caso de pensar também numa inversão nesta frase, propondo; assim o grande público que usufrui a experiência viva da cidade de São Paulo, tem a oportunidade de visitar uma exposição de arquitetura, aproximando o grande público dos nossos debates.

Inauguração da X Bienal de Arquitetura de São Paulo


Inauguração da X Bienal de Arquitetura de São Paulo: Cidade
Modos de Fazer, Modos de Usar
O esforço que o IAB SP vem fazendo para reestruturar este evento de forma que a Bienal tenha uma visão crítica e ao mesmo tempo propositiva sobre a construção de nossas cidades é notável, e deve ser destacado. Ontem a noite, dia 12 de outubro de 2013, no Centro Cultural São Paulo na inauguração oficial do evento, em todos os discursos se destacou a urgência de se modificar a maneira como a cidade brasileira vem sendo produzida. A busca de maior densidade, a universalização dos serviços urbanos, tais como água, esgoto, transportes, etc..., a busca de maior equidade nas oportunidades que a cidade representa, e a revalorização dos antigos centros históricos foram repetidos por todas as autoridades presentes, apontando um curioso consenso. A ausência por parte do governo federal de uma política mais articulada e estruturada de desenvolvimento das cidades brasileiras, deve ser revertida de forma urgente, pois uma cidade mais justa e equânime pode ser um poderoso vetor de distribuição de renda.

A tarde num painel de debates sobre o Minha Casa, Minha Vida, programa de construção de habitação de interesse social do governo federal, realizado no Museu da Casa Brasileira, percebeu-se um tom de condenação das favelas e assentamentos produzidos pela auto-construção, e uma celebração da produção massiva de habitação, repetindo a meu ver uma lógica dualista perigosa. De um lado, a ausência de produção habitacional, que caracterizou a política pública após a extinção do BNH, de outro a classificação da urbanização das favelas como uma solução improvisada e frágil, que deveria ser substituída pela produção massiva de habitações de interesse social. Na verdade, no meu modo de entender, as duas operações deveriam estar ocorrendo de forma articulada, isto é, a partir da urbanização das favelas, se produziria habitações nas localidades próximas para abrigar as familias que precisam ser relocadas para a promoção da melhoria dos serviços urbanos. Tal atitude representaria um ganho para o Minha Casa, Minha Vida, pulverizando suas intervenções em uma diversidades de sítios e contextos, que tendem a estar próximos de redes estruturadas de emprego e geração de renda. A urbanização de favelas é na verdade uma operação sofisticada e muito mais elaborada que a produção massiva de habitação, ela representa um projeto muito mais sensível que a mera produção quantitativa de casas.