quinta-feira, 30 de julho de 2015

Reunião do Conselho Superior do IAB em São Paulo

Reunião do COSU em São Paulo
Na 148o Reunião do Conselho Superior do IAB, que se realiza em São Paulo e tem como homenageado o arquiteto Vilanova Artigas, autor do edifício da FAU-USP e do currículo dessa mesma escola discutiu-se as formas de contratação dos serviços de arquitetura.

O Deputado Federal Carlos Marun, que é presidente da Comissão da Câmara Federal para revisão da Lei 8666/93, que rege a contratação dos serviços de planejamento e de projeto pelo poder público.

O Instituto de Arquitetos do Brasil, que desde sua fundação em 1921 defende a realização de Concursos Públicos de Projeto, para contratação de obras públicas de relevância e de representação cultural. No momento em que o país vive uma crise econômica profunda as ações de planejamento e de projeto precisam ser consideradas, repensadas e valorizadas como antídoto as inseguranças e indefinições de orçamentos e de prazo nas suas obras.

O plano e projeto são basicamente ações que pensam antes de realizar, que fornecem informações precisas para a execução das obras, mas são também em suas etapas iniciais instrumentos que permitem a participação e o debate da relevância das intervenções e transformações pretendidas. São portanto ações que ampliam a transparência das obras e intervenções, permitindo que a sociedade consiga avaliar a adequação das decisões, que todo plano e projeto envolve. O território do país, suas cidades e o espaço construído pelo homem precisam passar a adotar essas práticas de forma a qualificar suas infraestruturas.

O momento de crise pode ser importante para repensar práticas estabelecidas no país, dando maior importância ao plano e ao projeto, construindo com mais qualidade.

terça-feira, 28 de julho de 2015

Violência e o programa Minha Casa, Minha Vida

O condomínio clube em Guadalupe do MC,MV na Zona Oeste
do Rio de Janeiro
A entrevista minha ao Bom Dia Brasil, que foi ao ar nessa terça feira dia 28 de julho, sobre as complexas relações entre violência e o modelo de condomínio clube adotado pelo Programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida em Guadalupe acabaram muito simplificadas pelo tempo que foi editada.

Na íntegra da entrevista que dei ao repórter argumentei, que esses empreendimentos para faixas de baixa renda deveriam estar se realizando nas áreas centrais das cidades brasileiras, e não nas periferias distantes. Eles também deveriam ter um desenho que promovesse a continuidade com a cidade existente, agregando comércio, variação de tipologias, de forma a integrá-los no tecido urbano. Meu argumento envolvia a idéia de que essa população precarizada economicamente deveria ser instalada nos centros mais densos e consolidados, uma vez que é nesses locais que se concentram as oportunidades de emprego, educação, cultura, lazer e etc...

Além disso a expansão da mancha urbana, que esse processo vem determinando na cidade brasileira inviabiliza a universalização das infraestruturas urbanas, pois o território a ser atendido está em constante ampliação. O domínio desses territórios por milícias e bandidos só pode ser combatido pela presença da urbanidade, um contínuo ambiental presente na experiência urbana onde há forte densidade e centralidade.

A política urbana dos governos no Brasil ainda não atentou, que essa constante expansão da mancha urbana penaliza fortemente o próprio poder público, que é o responsável por promover a implantação das infraestruturas. Há uma excessiva fragmentação nas ações governamentais, que continuam acreditando que o problema da habitação de baixa renda pode ser resolvido apenas de forma quantitativa, sem a produção de uma cidade qualificada.

Abaixo o link da entrevista

http://globotv.globo.com/rede-globo/bom-dia-brasil/v/minha-casa-minha-vida-vai-exigir-estudo-sobre-seguranca-em-locais-de-condominios/4351677/

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Debate sobre Acessibilidade e Mobilidade no IAB-RJ

A mesa do IAB-RJ, Alexandre Pessoa, Pedro da Luz e Luiza
Na segunda feira dia 20 de julho de 2015 foi realizado no auditório do IAB-RJ um debate de um tema fundamental para as cidades brasileiras, com a participação dos arquitetos Luiza Bogossian e Alexandre Pessoa, e minha Pedro da Luz Moreira presidente do IAB-RJ, como mediador. O debate versou sobre a acessibilidade e mobilidade nas cidades brasileiras, apresentando o projeto da arquiteta Luiza Bogossian, que propõe uma rede de Veículos Leve sobre Trilhos (VLT) na Zona Sul carioca, e a apresentação do arquiteto Alexandre Pessoa, que defende a idéia de padronização das calçadas cariocas.

A arquiteta Luiza Bogossian apresentou seu projeto, tema de sua dissertação de mestrado no Programa PROURB da FAU-UFRJ, que versava sobre uma hipótese de projeto para implantação de uma refe de VLTs na Zona Sul da cidade. O argumento se baseava em que a interface entre cidade e VLTs é muito mais amigável, do que entre cidade e ônibus, garantindo tanto para pedestres, quanto para moradores dos primeiros andares um maior conforto.

O arquiteto Alexandre Pessoa apresentou uma série de experiências em diversas cidades, tais como Nova York, Londres, Buenos Aires e Bogotá, que desenvolveram um padrão de conservação e manutenção das calçadas. Como a responsabilidade pela manutenção das calçadas no Rio de Janeiro é dos proprietários dos lotes adjacentes, Alexandre considera fundamental o desenvolvimento de um padrão de acabamento por área ou bairro.

A idéia de que as calçadas são uma infraestrutura fundamental de nossas cidades, com importância semelhante ao do asfaltamento das ruas, iluminação pública, arborização, e outras foi reafirmado em vários momentos do encontro. Tal fato é reforçado pelo fato de que 30% das pessoas que se movimentam pendularmente entre casa/trabalho e casa/escola na cidade metropolitana do Rio de Janeiro, o fazem de forma não mecânica, isto é; a pé ou de bicicleta. Portanto a calçada é uma infraestrutura fundamental no contexto de nossas cidades, pois garantir um caminhar seguro nas calçadas, travessias, e articulação entre modais de transporte é muito importante para a economia da cidade.

O link abaixo mostra uma entrevista minha a rádio Estadão sobre as calçadas...

http://radio.estadao.com.br/audios/detalhe/radio-estadao,instituto-de-arquitetos-do-brasil-discute-situacao-das-calcadas-do-rio,423484

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Encontro no IAB-RJ debate os progressos sociais do Brasil, com a ministra Teresa Campello

A Ministra Tereza Campello me entrega o livro Brasil sem
Miséria

Nessa quinta feira dia 23 de julho de 2015 foi discutido no IAB-RJ os progressos da política social do país nos últimos anos. Estiveram presentes no auditório do IAB-RJ na mesa de abertura, a ministra Tereza Campello, Chico Menezes do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicos (IBASE), e eu Pedro da Luz Moreira presidente do IAB-RJ.

Os dados apresentados pela ministra mostram a efetiva mudança do país no campo social, que apresentaram melhoras significativas. Uma das tabelas mostra que 22 milhões de pessoas superaram a extrema pobreza com o Bolsa Familia  e o programa do Governo Federal, Brasil sem miséria. Mas a Ministra também mostrou que na superação da pobreza é fundamental o acesso a serviços urbanos, como água potável, rede de esgotos, coleta de lixo, iluminação e etc... Serviços que estão nas cidades do mundo profundamente espacializados, sem ter uma distribuição homogênea no território, determinando nesse tecido valores diferenciados da terra urbana.

O que fica claro a partir dos debates de abertura do encontro, é que apesar de conquistas de renda notáveis o espaço das cidades e do país continuam sendo periféricos na política de promoção da equidade social. O que procurei destacar na minha fala foi que uma política urbana estruturada e coordenada pode representar uma significativa melhora na renda das familias frágeis economicamente. Afinal, acesso a transporte, lazer, trabalho, cultura, educação, saneamento, iluminação nas cidades brasileiras podem fazer a diferença no espaço de tempo de uma geração, fazendo com que essas familias tenham um melhor horizonte de oportunidades.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Falecimento de Luiz Paulo Conde, um arquiteto

Faleceu no dia 21 de julho de 2015 o arquiteto Luiz Paulo Conde, que foi professor de projetos, prefeito da cidade do Rio de Janeiro, secretário de urbanismo, diretor da FAU-UFRJ e grande defensor do valor cultural da arquitetura.  Conde foi meu professor na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU-UFRJ) no começo dos anos oitenta, e desde esse tempo nos encontramos em diversas ocasiões em torno de projetos para a cidade do Rio de Janeiro.

Quando foi meu professor de projetos no começo dos anos oitenta,  me fez uma provocação em função de um projeto que desenvolvi, no qual segundo ele; "haviam algumas firulas e citações da arquitetura finlandesa de Alvar Aalto". Conde reconhecia o valor do meu projeto, mas identificava nele a utilização de uma linguagem não alicerçada na realidade construtiva do país. Conde tinha uma compreensão ao meu ver acertada, da arquitetura que ia muito além da mera linguagem, mas que deveria se referir à cultura do construir de um local específico, no caso o Brasil. Como se os elementos que o arquiteto manipula quando projeta, tais como; materialidade, composição formal, articulação de usos, resistência às intempéries, etc...nascessem da realidade específica do local onde se instala. Sem dúvida uma obviedade, mas que deve sempre ser repetida.

Conde tinha uma compreensão do nosso ofício, como uma ação de eminente interesse público, onde projeto e planejamento cumpriam um papel de levantamento de hipóteses, que ao final viabilizava a participação dos usuários e a realização das obras. A comunicação entre projeto e sociedade deveria na sua visão ser fomentada e impulsionada pela confecção de perspectivas e maquetes, tornando o vir a ser do terreno ou da cidade mais transparente para o conjunto dos atores interessados.

Por ocasião da inauguração da urbanização da favela de Parque Royal na Ilha do Governador, projeto desenvolvido pela Archi5 arquitetos associados, dentro do programa Favela Bairro ele fez um comentário ao mesmo tempo celebratório e crítico ao nosso projeto; "É  ficou bonito, mas voces tiveram sorte com as pré-existências que já tinham aqui." Realmente a qualidade das pré-existências na favela de Parque Royal eram admiráveis.

Ele era um apaixonado pelo tema das aglomerações urbanas, particularmente pelo Rio de Janeiro, mas também pela cidade brasileira em geral. Uma figura controversa e apaixonada, que não deve apenas ser celebrada, mas que merece toda a atenção dos que militam pela melhoria da qualidade do espaço construído pelos homens.

Os links abaixo mostram reportagens que sairam nos jornais cariocas a respeito dele;

http://oglobodigital.oglobo.globo.com/epaper/viewer.aspx?Token=rsk66knuovy97p5ietxpv6ajyurc7wye5h3ybshnjyd3p9hha1#

http://globotv.globo.com/rede-globo/jornal-nacional/t/edicoes/v/ex-prefeito-do-rio-luiz-paulo-conde-morre-aos-80-anos/4337884/

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Debate sobre a implantação do Building Information Modelling (BIM) no IAB-RJ

Evento sobre BIM no IAB-RJ
Na última segunda feira dia 13 de julho de 2015, na sede do IAB-RJ, houve um debate a respeito da nova ferramenta para desenvolvimento de projetos, denominada na sigla em inglês Building Information Modelling (BIM), que corresponde a uma plataforma de compartilhamento de informações para desenvolvimento de projetos em 3D.

O debate contou com a participação dos arquitetos palestrantes; Eduardo Ribeiro, responsável pela implementação do BIM no escritório Sergio Conde Caldas Arquitetura, e João Machado, sócio e coordenador de projetos no mesmo escritório. E, foi mediado por mim Presidente do IAB-RJ arquiteto Pedro da Luz Moreira. O tema atraiu uma grande audiência e pretende ser a primeira iniciativa de uma Comissão voltada para o debate da implantação de novas tecnologias, que  garantam um maior protagonismo para a ação de projeto na sociedade brasileira.

Muito além de uma atitude positivista, meramente celebratória o debate refletiu sobre os impactos da adoção de novos procedimentos para obtenção e controle da gestação, geração e manutenção do espaço construído. As apresentações e as respostas da platéia refletiram sobre aspectos importantes inerentes a atividade do projetar, tais como; autoria, subjetividade, objetividade, controle, permeabilidade, aceitação, processo, fases e integridade.

Me parece importante, diante da atual conjuntura do Brasil, reafirmar a questão da integridade do projeto, que é desenvolvido em diversas etapas - estudo preliminar, anteprojeto, projeto legal e projeto executivo - mas que possui uma integridade autoral, concentrada num autor ou grupo de autores, que controla e coordena o processo. Há uma infinidade de disciplinas e expertises envolvidos que deveriam ser coordenados pelo arquiteto, que como o diretor de cinema ou de teatro tem a pretensão de ter o controle do resultado final.

O estabelecimento da separação entre as operações de projetar e de executar, alcançada no Renascimento, garante um controle cruzado, onde se implanta uma mútua vigilância que tende a melhorar a qualidade e o controle prévio sobre o objeto construído. Empreeiteiros e projetistas com responsabilidades bem delineadas tendem a melhorar a qualidade das obras construídas, conformando um processo mais transparente para a adequação e orçamentação delas.

Esse é o objetivo de uma nova tecnologia e de novos procedimentos no processo de elaboração do projeto...

Debate sobre a Baía de Guanabara reune arquitetos e biólogos

Pedro da Luz (Presidente do IAB-RJ) na palestra sobre a Baía
de Guanabara
Na última quinta feira na Universidade Santa Úrsula, no Rio de Janeiro estavam reunidos arquitetos e biólogos para debater a despoluição da Baía de Guanabara. Estavam presentes como palestrantes, Mariana Guimaraens, bióloga da UFPE, Bruno Meurer, biólogo da Santa Úrsula, e eu (Pedro da Luz Moreira) presidente do IAB-RJ. A interdisciplinaridade foi a tônica da noite.

Como arquiteto procurei defender a idéia de que a relação entre cultura e natureza nas sociedades vem se modificando desde o início do século XX, desde de uma atitude de rejeição até a de uma aproximação de respeito e de busca de um maior entendimento.

Na minha palestra a cultura foi caracterizada como uma manifestação típica da humanidade, e que envolve as complexas interações do homem, como uma espécie que tende a independência do natural, e que, na verdade nunca é realizada. E o conceito de natureza,  que era entendido como o complexo de sistemas que envolve as vidas naturais, não humanas, que tenderam a ser vistas como além do comportamento humano. A cidade com sua vida artificial tendeu a ser o arquétipo do desenvolvimento da cultura, enquanto o meio natural inexplorado e intocado pelo homem seria a representação da natureza.

Imagem do projeto de saneamento do Manguezal de São
Diogo

A partir das bombas de Nagasaki e Iroshima em 1945, que marcam o final da segunda grande guerra inicia-se um processo de desconfiança com relação ao industrialismo e a padronização, desenvolve-se a consciência da finitude de alguns recursos retirados do planeta, abrindo-se uma perspectiva de uma visão de maior preservação e conservação. Na palestra mostrei o caso da transformação operada no inicio do século XX (1905), com a transformação do Saco de São Diogo de um manguezal para um típico boulevard parisiense, reafirmando que esse posicionamento não é mais possível na contemporaneidade, pela consciência dada a partir da constatação do imenso potencial destrutivo da ciência alcançado e realizado pelas bombas nucleares.

Na contemporaneidade reafirmamos uma noção de cultura, não mais como artificialidade humana, mas como um cuidar que também cresce naturalmente, como um didatismo, que é auto-formador de consciência. Nesse sentido as palavras de EAGLETON 2005 são esclarecedoras;
"Se cultura significa cultivo, um cuidar que é ativo, daquilo que cresce naturalmente, o termo sugere uma dialética entre o artificial e o natural, entre o que fazemos ao mundo e o que o mundo nos faz. É uma noção realista, no sentido epistemológico, já que implica a existência de uma natureza ou matéria prima além de nós; mas tem também uma dimensão construtivista, já que essa matéria prima precisa ser elaborada numa forma humanamente significativa."
O Aterro do Flamengo, projeto emblemático do modernismo brasileiro lança uma aproximação entre cultura e natureza mais dialética, uma vez que implica no reconhecimento do natural e na adoção de um construtivismo didático para provocar uma aproximação positiva entre cidade e natureza. A cidade metropolitana do Rio de Janeiro carrega uma experiência ímpar nesse sentido, pois está permeada de contínuos naturais expressivos no meio da vida artificial. Um local onde  essa experiência contemporânea está espacializado e conformado.


terça-feira, 7 de julho de 2015

Plano e projeto, uma perspectiva de destino para o país e o livro Brasil, uma biografia

Starling e Scwarcz na FLIP em Paraty


Um recente debate realizado na FLIP 2015 em Paraty traz para o Brasil uma importante reflexão sobre seu futuro e suas potencialidades, foi entre as autoras do recém lançado livro Brasil; uma biografia; a antropóloga Lilian M. Schwarcz, e a historiadora Heloisa M. Starling. Estamos diante de um impasse e de uma crise da nossa história, que envolve uma série de escolhas e alternativas, que deverão ser feitas e pavimentadas por um plano e projeto de país. A perspectiva histórica dos últimos anos traz para nós a responsabilidade de que não podemos nos calar e omitir, pois há uma vertente cultural entre nós, que é autoritária. Nesse sentido, a fala de Starling no debate caracterizando as manifestações de junho de 2013 como geradoras de perplexidades e de uma certa ausência de destino são a meu ver preocupantes:
"A história do Brasil não traz uma perspectiva de destino. Ela é feita de escolhas e das suas consequências. Em vários momentos dessa história o Brasil tentou encontrar a si próprio. O final de toda procura é o encontro. Nem sempre os encontros são fáceis, não existem escolhas simples. Mas se o encontro ocorrer e for feita uma escolha, quem sabe no Brasil a democracia possa não ter fim e a república recomeçar entre nós."
A fala traz uma certa perplexidade, que não nos ajuda diante de um quadro institucional dificil e complexo pelo qual passamos. O livro das duas autoras me parece muito mais assertivo, chegando a desenhar uma proposição concreta, que é identificada como prioritária para o futuro do país, a ampliação do republicanismo. O livro oferece como conclusão - no capítulo,"História não é conta de somar" -  a proposição de que além do desenvolvimento de instrumentos institucionais democráticos, já operando no Brasil, é necessário ampliar a prática republicana entre nós, que envolvem uma maior transparência das ações e decisões dos governos.

"Já no final do primeiro governo Dilma Roussef vieram a público as operações de corrupção ativa, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e incompetência gerencial na Petrobrás - a estatal mais valiosa e a que melhor simboliza as ambições de soberania e independência econômica dos brasileiros...Enfrentar a corrupção exige controle público, transparência das ações dos governantes e um processo de formação de uma cultura republicana que seja exercitada cotidianamente pelo brasileiro comum..."
Há aqui nesse trecho do livro um comprometimento com uma proposição concreta, que reafirma o combate a corrupção pela ampliação da transparência. Portanto, temos diante de nós uma clara opção pela ampliação do republicanismo entre nós, que envolve uma maior transparência na contratação de empresas construtoras e de serviços, debatendo de forma antecipada a adequação dos projetos e investimentos públicos.

O que me assusta na atual crise que enfrentamos é o risco de um retrocesso com relação a alguns aspectos que conquistamos, uma forma de desenvolvimento com inclusão social. Há uma vertente conservadora, e que reafirma a fórmula de desenvolvimento autoritário, sem participação da sociedade civil organizada, uma intervenção e regulação do estado, que pretende e acha possível o desenvolvimento econômico, sem políticas de combate a desigualdade social. Por outro lado, há uma vertente desgastada pelos últimos governos, que também é conservadora e luta pela implantação das teses de um desenvolvimento com inclusão social.

Nossa opção, corroborada pela última eleição deve ser por um dessenvolvimento que promova a inclusão social. Abaixo o link da matéria no jornal O Globo.
http://oglobo.globo.com/cultura/livros/aula-de-lilia-schwarcz-heloisa-starling-sobre-brasil-aplaudida-de-pe-em-paraty-16656123

quinta-feira, 2 de julho de 2015

A divulgação pela Prefeitura da Cidade dos licenciamentos de projeto no Rio de Janeiro mostra suas tendências de crescimento

Mapa com as cinco áreas de planejamento (APs) da cidade do Rio de Janeiro
Na última quinta feira dia 25 de junho de 2015, na reunião do Conselho de Política Urbana do Rio de Janeiro (COMPUR) foram divulgados os números dos projetos licenciados na cidade entre os anos de 2009-13 pela Secretaria Municipal de Urbanismo (SMU). O relatório está também disponível no endereço da web abaixo, com o nome de Evolução do Uso e Ocupação do Solo 2009-2013, mostrando as tendências da cidade pelo menos no que diz respeito ao mercado formal.

Em termos gerais se destacam as aprovações ocorridas na AP 4, Barra da Tijuca, Recreio, Várzeas e Baixada de Jacarepaguá, que se constituiu entre 2009 e 2013 na maior área de expansão do licenciamento de construção na cidade com 12,6 milhões de m². Esse licenciamento dessa área envolveu na sua maioria a expansão da mancha urbana, isto é foram empreendimentos que se instalaram sobre terra virgem, ainda não urbana. Essa área é seguida de longe pela AP 5, a Zonas Oeste da cidade Santa Cruz, Campo Grande, com 4,9 milhões m², que por sua vez é seguida pela AP 3, subúrbios da Zona Norte, com 4,4 milhões m². Muito distantes desses indices ficam a AP 1, o centro da cidade com 2,48 milhões de m2 e a AP 2 a zona sul com 2,02 milhões de m2. A liderança da AP 4 também se verificou no total de unidades licenciadas com 86 mil unidades, seguida pela AP 5 com 58 mil unidades e AP 3 com 38 mil unidades, que se distanciam substancialmente da Zona Sul com 8 mil unidades e Centro com 7,9 mil unidades.

O relatório também destaca quatro leis municipais que impulsionaram em diferentes setores os lançamentos imbiliários da cidade, que são:

Lei Complementar 97/2009 (Programa Minha Casa Minha Vida) Entre setembro de 2009 e dezembro de 2013, foram licenciadas 68.819 novas unidades, correspondendo a mais de 3,7 milhões de m² de área licenciada, nas 5 APs Destas, 41% se destinam a faixa de renda de 0 a 3 salários mínimos, 22% a faixa de 3 a 6, e 37% a faixa de 6 a 10.

LC 101/2009 (Operação Urbana consorciada e AEIU do Porto) Foram licenciados 949 550 m², sendo 18 355 m² residenciais, 722 472 m² não residenciais e 208 723 m² uso misto.(empreendimentos com área > 800m²)

LC 104/2009 (Projeto de Estruturação Urbana da Região das Vargens) Entre 2009 e 2013 foram licenciados cerca de 2,7 milhões m², correspondendo a 17.648 unidades em uma área considerada, em sua maior parte, ambientalmente frágil. As projeções realizadas pela administração municipal e academia apontaram para graves resultados ambientais no longo prazo. Foi suspenso e está em estudos.

LC 108/2010 (Hotéis e outros) Entre 2010 e 2013, foram licenciados no Rio de Janeiro 77 novos empreendimentos de hospedagem, entre construções novas de hotéis e reconversões de edificações residenciais para albergues e pousadas. Desta forma, 13.969 novos quartos de hotel foram objeto de licença na Secretaria de Urbanismo, perfazendo uma área total licenciada de 863,5 mil m².

Essas 4 leis complementaram até 2013 resultaram em cerca de 8,4 milhões de m², cerca de 33% do total da área licenciada entre 2009 e 2013. Somado aos equipamentos desportivos e apoio, incluindo a Vila Olimpica, o total chega a 9,5 milhões ou 36% do total.

Importante salientar que os estudos da SMU apontam para a ampliaçãod o conceito da cidade dispersa e diluída no território, com densidade baixa, onde a universalização dos serviços públicos que constituem a urbanidade fica cada vez mais dificil e mais distante. Abaixo o link para acesso ao estudo da SMU

http://www.rio.rj.gov.br/web/smu/exibeconteudo?id=2614574