domingo, 29 de outubro de 2017

Espraiamento urbano, uma difícil batalha

A Região das Vargens na baixada de Jacarepaguá
Hoje dia 29 de outubro de 2017, o jornal O Globo publicou matéria sobre o Projeto de Estruturação Urbana (PEU) da Região das Vargens na Baixada de Jacarepaguá, com o título de Um freio para a expansão da fronteira urbana, assinada pela jornalista Selma Schmidt. Há uma fala minha na matéria, defendendo a ideia de reocupação de áreas já infraestruturadas, como na Zona Norte e Avenida Brasil, que se configuram como vazios urbanos, mantendo áreas de baixa ocupação (chácaras e sítios) ou desocupadas, como a Região das Vargens sem novos empreendimentos. Essa, no entanto não é a inércia do mercado imobiliário, nem o comportamento generalizado de nossa sociedade, que quando pensa em morar, imagina um retiro idílico próximo a natureza. Os vazios urbanos já infraestruturados precisam ser reocupados, começando o enfrentamento do problema da universalização dos serviços urbanos, tais como; distribuição de água, coleta de esgoto, lixo, iluminação, redes de transportes, águas pluviais, calçamento, etc... Enfim, tudo que se constitui nas comodidades urbanas que desfrutamos nas áreas mais infraestruturadas, e, que demandam investimentos invariavelmente públicos ou gerenciados pelo espírito público. Quando a mancha urbana é dispersa e espalhada no território mais difícil será a presença de todas essas comodidades em todas as partes de seu território, por isso a cidade densa e compacta é muito mais adequada do ponto de vista ambiental.

Na mesma matéria, a taxa de crescimento da mancha urbana apontada pelo arquiteto e urbanista Vicente Loureiro, coordenador da Câmara Metropolitana é da ordem de trinta quilômetros quadrados por ano, o que demonstra empiricamente a preferência, tanto do mercado, quanto da população pela conquista de novas áreas, ao contrário dos empreendimentos sobre antigos bairros. Portanto, a luta contra a expansão desenfreada da mancha urbana é difícil e deve ser enfrentada no âmbito da mudança de concepções e mentalidades particulares, do que representa o bem viver. Enquanto, o bem viver, para o senso comum, estiver representado pela unidade habitacional unifamiliar construída nas proximidades da natureza, dependente de uma mobilidade centrada no automóvel particular, continuaremos com a expansão criminosa de nossas cidades. Tal atitude, além de impactar fortemente o meio ambiente, também condena parcelas significativas da população a viver sem urbanidade.

A questão está cobrando do poder público uma política de Estado, que por exemplo incentive a implantação de chácaras e sítios produtivos, baseados na agricultura familiar, que produzam alimentos para a cidade do Rio de Janeiro. Nesse quesito, o Rio de Janeiro sofre de grandes carências, recentes levantamentos nos informam que menos de 30% dos alimentos consumidos nas merendas escolares da cidade metropolitana são provenientes de outros estados. O que nos indica, que há uma atividade econômica rentável capaz de fazer frente a especulação imobiliária predatória, e pouco sintonizada com um desenvolvimento mais amigável ao meio ambiente.

O link da matéria do jornal O Globo pode ser acessado abaixo

https://oglobo.globo.com/rio/projeto-quer-incentivar-ocupacao-de-areas-com-infraestrutura-como-porto-22006629