terça-feira, 15 de setembro de 2015

Visita ao curso de arquitetura da PUC-RIO para divulgar o IAB-RJ

Apresentação do IAB-RJ no atelier do Prof. Marcelo Bezerra
Nessa segunda feira, dia 14 de setembro de 2015 estive no curso de arquitetura da PUC-Rio, para divulgar o papel relevante do Instituto de Arquitetos do Brasil, departamento do Rio de Janeiro (IAB-RJ), como uma organização sem fins lucrativos, e que luta por uma maior valorização das ações de plano e de projeto na sociedade brasileira.

O IAB-RJ está prestes a completar cem anos de existência, o que é um fato memorável no contexto brasileiro, de reconhecida pouca importância para as organizações da sociedade civil. Fundado em 1921, como Sociedade Central de Arquitetos na então Escola Nacional de Belas Artes na Avenida Rio Branco no centro do Rio de Janeiro, a entidade desde sua fundação defendia a ideia de promoção de concursos públicos de projetos para obras de relevância. Aspecto esse, considerado fundamental para ampliar a transparência das obras públicas no Brasil, tanto no que se refere aos seus custos, benefícios e adequação a melhoria da qualidade de vida da população brasileira. Em nossa contemporaneidade podemos mesmo imaginar, como os problemas de corrupção e superfaturamento de obras públicas poderia ser evitado se tivéssemos uma sociedade onde plano e projeto fossem melhor considerados.

Nesse sentido, um dos aspectos que também destaquei foi a realização do Congresso Internacional de Arquitetura da União Internacional de Arquitetos (UIA), que se realizará no Rio de Janeiro no ano de 2020. O Congresso foi conquistado pela rede nacional do IAB para a cidade do Rio de Janeiro, no último congresso da UIA em Durban na África do Sul em 2014, no qual também concorreram as cidades de Melbourne na Austrália e Paris na França.

Na verdade, o UIA RIO 2020 pode ser uma oportunidade ímpar para promover as atividades de planejamento e de projeto, como importantes ações para ampliação da transparência das obras públicas brasileiras, até sua realização. A pretensão da rede nacional do IAB é que o plano e o projeto são instrumentos que possibilitam a participação ampla do conjunto da sociedade na definição da cidade que queremos construir. Nas suas fases iniciais, tanto o plano, quanto o projeto são os únicos instrumentos de pré-figuração das mudanças pretendidas, permitindo que os custos e benefícios sejam avaliados por um amplo espectro de atores e agentes.

Portanto, a conquista pode vir a ser um importante avanço para o conjunto da sociedade brasileira...

Palestra na Universidade Estácio discute o projeto de cidade que estamos construindo



As linhas de transporte hidroviário previstas no PDTU de 2002,
que não foram implantadas
Na última quinta feira dia 10 de setembro de 2015 fui convidado para apresentar uma palestra sobre a questão da mobilidade na cidade do Rio de Janeiro, que procurei articular com a determinação presente no projeto de cidade que estamos construindo. Procurei apresentar como o desenvolvimento histórico da cidade metropolitana do Rio de Janeiro teve como premissa a exclusão de amplos setores da nossa sociedade, do conjunto das benfeitorias urbanas, que não estão distribuídas de forma equânime no seu território.

A cidade metropolitana do Rio de Janeiro, com seus 12 milhões de habitantes, que se desenvolveu no entorno da Baía de Guanabara apresenta algumas características que precisam ser mudadas se pretendemos ter uma sociedade baseada numa maior equidade. Essas características também estão presentes no conjunto das cidades brasileiras e podem ser descritas por quatro tendências inerciais muito claras:
  • Cidade dispersa e espalhada, sem a universalização das infraestruturas urbanas para todos, com a presença do abandono dos antigos centros históricos. 
  • Cidade baseada na estratificação das diversas classes e extratos sociais, que geram guetos de ricos e pobres e ou áreas monofuncionais ( centros de negócios e áreas dormitórios). 
  • Cidade com uma mobilidade desestruturada, determinando forte exclusão a partir da ausência ou tarifação cara do transporte público. 
  • Cidade com uma aproximação predatória dos seus biomas naturais particulares, acabando por gerar fortes impactos ambientais. 

Precisamos reverter essas tendências ampliando a prática do debate do plano e do projeto em nossa sociedade, apresentando de forma transparente e ampla o tempo e as ações a serem implementadas no território da cidade. Não podemos mais nos esconder por trás de discursos abstratos e complexos do plano ou do projeto, que não são compreendidos pelo conjunto da população. Há uma necessidade premente de se olhar para o cotidiano imediato desses contingentes populacionais, que são penalizados pela falta de urbanidade buscando formas de melhoria imediata para suas vidas. Os jovens arquitetos precisam compreender que a construção de uma sociedade com maior equidade de distribuição de oportunidades depende de uma melhor estruturação do espaço de nossas cidades.