terça-feira, 26 de setembro de 2017

Debate no IAB-RJ sobre mobilização e projeto no Baixo Rio

Nessa última segunda feira dia 25 de setembro de 2017, reuniu-se no auditório do Departamento do Rio de Janeiro do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RJ) para debater como a transformação e a modificação da cidade existente são mobilizadores do interesse geral. Um pouco antes foi realizada a Assembléia Geral do IAB-RJ, que abre o processo de inscrição de chapas para a renovação de um terço do seu Conselho Estadual para o ano de 2018. O debate se concentrou a partir da problemática do bairro do Rio Comprido na cidade do Rio de Janeiro, em torno de temas como; a macro-drenagem, o regime de chuvas da cidade, o rodoviarismo, a infraestrutura e os corredores verdes. A tônica era uma estratégia para a transformação desse bairro, em torno da bacia do Rio Comprido. Com uma audiência qualificada, que contava com a presença do presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro (CAU-RJ) Jeronimo Moraes, as Assessoras da Secretária de Planejamento do município Aspásia Camargo; Raquel Fares e Claudia Froes, assim como a geógrafa Selma Santa Maria da Secretaria de Meio Ambiente, dentre outros. A mesa para promoção do debate foi composta por Guto Santos, arquiteto coordenador do movimento Baixo Rio, Deise dos Santos fundadora da Organização não governamental ARONG que atua no Rio Comprido, Lucas Araujo arquiteto cursando a pós graduação na PUC-Rio, Osvaldo Rezende, engenheiro civil, hidrólogo e especialista em recursos hídricos e saneamento, Cecília Herzog paisagista urbana coordenadora da pós graduação interdisciplinar em Paisagismo Ecológico da PUC-Rio, mediados pelo arquiteto e presidente do IAB-RJ, Pedro da Luz Moreira.

Rio Cheonggyecheon na cidade de Seul, que até 2004 era coberto por um
viaduto com seis pistas de rolamento
As falas dos palestrantes se sucederam enfatizando temas como; a mobilização social em torno do plano e do projeto, o trabalho de educação continuada da juventude no bairro do Rio Comprido, as potencialidades da infra estrutura verde na regeneração ambiental de nossas cidades, a era do antropoceno, a dinâmica das bacias e sub-bacias fluviais na cidade, as novas premissas do projeto verde, resiliência nas cidades, cidade biofílica, etc... Nas quais, cada palestrante conseguiu transmitir para o auditório no IAB-RJ o nivelamento das informações e potencialidades do processo de mobilização geral do bairro em torno da bacia do Rio Comprido. Destaca-se aqui a menção da professora Cecília Herzog sobre a requalificação urbana levada a cabo na cidade de Seul na Coréia do Sul, que envolveu a supressão de várias faixas de rolamento rodoviário para promover o reaparecimento do Rio Cheonggyecheon (ver foto), no coração da cidade oriental. O presidente do IAB-RJ também assinalou, que a cidade de Seul na Coréia do Sul sediou no começo do mês de setembro de 2017, o Congresso da União Internacional de Arquitetos UIA Seul 2017, e que o próximo encontro será na cidade do Rio de Janeiro, no ano de 2020, enfatizando a necessidade da mobilização em torno do Rio Comprido ser documentada e ganhar maior expressão até lá.

Os questionamentos e colocações da audiência qualificada presente no IAB-RJ envolveram questões variadas, que giravam em torno da relação entre meio urbano artificial e meio ambiente natural, e a necessidade contemporânea de se buscar um convívio mais harmônico. O modelo rodoviarista ainda operante em nossas cidades foi claramente descartado. Muito além de qualquer pré-figuração da transformação pretendida para o bairro do Rio Comprido, o evento no IAB-RJ demonstrou de forma clara que é possível debater princípios e parâmetros norteadores de qualquer tipo de mudança, subsidiando planos e projetos, para ao final, engajar e cooptar a população interessada. Uma clara sinalização de que a gestão dos planos e projetos para a cidade do século XXI começam a mudar.