quinta-feira, 11 de abril de 2013

A igreja da Pampulha

A Igreja de São Francisco de Assis na Pampulha, projetada pelo arquiteto Oscar Niemyer é uma das mais belas obras da história da arquitetura moderna. Dotada de uma espacialidade única e original, que manipula os elementos tradicionais do tema das igrejas católicas (nave, coro, altar, campanário, etc...) Ela demonstra logo cedo a capacidade e o controle do ofício da arquitetura, pelo jovem arquiteto carioca. A igreja é de 1943, quando Oscar Niemyer tinha apenas 38 anos. A estrutura em casca de concreto com panos fechados, contrasta com a leveza do campanário e da laje de acesso à nave central. 

Fachada da Igreja de São Francisco de Oscar Niemyer




Forma das cascas da Igreja de São Francisco

Há uma antiga história repetida em BH pelos moradores da Pampulha, de que a igreja demorou a ser consagrada, pois o bispo da cidade via em sua fachada uma foice e um martelo...

Pampulha, obras do Oscar Niemyer

A biblioteca do IAB-RJ possui um exemplar de uma publicação da Imprensa Nacional de 1944 sobre o novo bairro da Pampulha em Belo Horizonte. Nesta aparece uma foto de Juscelino Kubitschek (prefeito de BH), Benedito Valadares (governador de Minas Gerais) e Getúlio Vargas (presidente do Brasil) subindo a rampa do Iate Clube.

 




Getulio Vargas, Benedito Valadares e Juscelino Kubitcshek sobem a rampa do Iate Clube na Pampulha


O texto de apresentação da publicação é uma verdadeira pérola do compromisso modernista do então Prefeito de Belo Horizonte, Juscelino kubitschek, no qual fica claro o compromisso de construir o "domínio do homem sobre a natureza", ou, a sucessão de administrações da cidade que "não representam uma dádiva fácil das circunstâncias naturais", ou ainda, na "dupla função utilitária e decorativa". 

O texto também é testemunho da constante melancolia mineira que vive apartada do mar, pois faz uma analogia da Pampulha com um "sonho Atlântico entre as montanhas", que ao final também denota esta mesma capacidade de transformar a natureza em favor dos desígnios humanos...


Texto do prefeito de BH Juscelino Kubitschek de Oliveira numa publicação de 1944 sobre a Pampulha

"Centro geográfico de Minas, Belo Horizonte condensa a vida econômica, política e social do Estado. Entre menina e moça, caracteriza-se pela modernidade de suas linhas e relevos. Com efeito delineada há quarenta e cinco anos, à beira do sertão virgem, é tão nova que ainda se lhe percebe o cheiro da terra lavrada de pouco. Mas já exubera em realizações: grande cidade povoada de cerca de duzentos e cinquenta mil habitantes, agita-se, produz, estuda, diverte-se, amplia-se e prospera.
Obra de audácia e tenacidade, Belo Horizonte assenta-se no domínio do homem sobre a natureza, que a emoldura de híspidas montanhas de ferro. Os elementos essenciais, de que já dispõe a fartar a cidade azul e verde, foram acumulados e disciplinados pela energia de suas administrações, e não representam uma dádiva fácil das circunstâncias naturais.

A dez quilômetros do centro da cidade, a Pampulha corresponde a uma destas concepções do gênio e do esforço dos homens que a edificaram: um lago artificial circundado por uma avenida de quase vinte quilômetros de extensão, ali rebrilha, como uma placa de cristal, à luz do céu - espelho do mar longíquo - com uma dupla função utilitária e decorativa.
Reserva de milhões de litros d´água para a cidade que se agiganta, a Pampulha realiza, ali, um sonho do Atlântico entre as montanhas. O Cassino, o Baile, o Iate Golfe Clube e o Parque em construção, em meio das vivendas que se debruçando sobre o lago, completam, no soberbo conjunto, o núcleo turístico, em função do qual os homens submetem, por fim Belo Horizonte, integralmente, ao seu signo de modernidade."













A barragem da Pampulha em construção













Cassino da Pampulha, atual Museu de Artes