sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

O artigo do Veríssimo no jornal O Globo de 29/01/2015

Imagem do artigo do Veríssimo
O colunista do jornal O Globo Luiz Fernando Veríssimo nos brinda hoje com um excelente artigo sobre as cidades no mundo em nossa contemporaneidade, merecendo um destaque e uma reflexão. O artigo com o título de "Banlieues" se refere as favelas do Rio de Janeiro e as periferias intermináveis e genéricas de Paris, descrevendo os desequilíbrios de urbanidade presentes tanto numa como na outra. Em determinado trecho nosso irônico articulista nos brinda com uma precisa descrição da alienação das nossas elites - dentre as quais o próprio se inclui - que celebram a parte que conhecem, e se recusam a identificar as mazelas do desenvolvimento da nossa contemporaneidade em todo o mundo.

"A Paris que a gente conhece é apenas o centro de uma cidade que, assim como preservou sua arquitetura e seus monumentos, conserva sua solene indiferença ao cinturão de pobreza e ressentimento que a cerca."

A urbanidade que é um conceito que se refere a presença de uma certa civilidade, que envolve a presença de uma série de serviços de infra-estrutura urbana, tais como; segurança, calçadas, iluminação, arborização, presença de parques, transporte público, mobilidade, coleta de esgoto, lixo e outros foi comprada e privatizada. Na cidade capitalista o acesso a esses confortos custa caro, e invariavelmente, pelo preço da terra urbana, mantém longe de si a presença da pobreza. Nesse sentido, o velho cronista acaba nas entrelinhas por apontar uma vantagem dessa cidade do sul, de tantas balas perdidas, onde o "inevitável, como se lê no noticiário do Rio de todos os dias, já aconteceu." Afinal, aqui no Rio de Janeiro estamos entremeados pela pobreza...

A íntegra do artigo pode ser lida abaixo.

http://oglobodigital.oglobo.globo.com/epaper/viewer.aspx?noredirect=true

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Matéria no jornal O Globo sobre o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) que será implantado no centro do Rio de Janeiro

Comparação entre os antigos bondes e o novo VLT
No último domingo dia 25 de janeiro de 2015, o jornal O Globo publicou matéria sobre a implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) na Zona Portuária e no Centro do Rio de Janeiro, obra que se insere na ampliação da mobilidade na cidade. As linhas dos VLTs serão mais um modal de transporte que auxiliarão a população nos seus deslocamentos diários, para tal é importante que o seu bilhete esteja dentro do sistema geral de bilhete único, que o Governo do Estado do RJ implantou, permitindo a baldeação entre trens, metrô, barcas e ônibus.

A tarifa desses modais, quando utilizado o bilhete único, deveria ser reduzida, uma vez que o usuário antecipa o pagamento às concessionárias, uma vez que é preenchido de forma prévia com crédito nesse cartão. Interessante notar, que ao compararmos o sistema de transportes públicos de Nova York com o da cidade do Rio de Janeiro percebe-se na cidade americana uma tarifa muito mais favorável ao usuário, do que a praticada na cidade brasileira. O preço unitário do bilhete na cidade de Nova York é de US$2,10, mas o preço do bilhete semanal, válido por sete dias, custa US$21,00, o que mostra o desconto dado a quem antecipa o dinheiro para o sistema de transportes. No Rio de Janeiro, o cartão não recebe qualquer abatimento pela antecipação do crédito ao sistema de transportes, porque?

A matéria pode ser vista abaixo...


terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Matéria na Revista do Secovi sobre os 450 anos do Rio de Janeiro

Uma parte da matéria da Revista do SECOVI-RIO
O SECOVIRIO é um sindicato ligado as administradoras de imóveis da cidade do Rio de Janeiro, que publicou uma interessante reportagem sobre os 450 anos da cidade, na qual há uma pequena fala minha, abordando a mudança de mentalidade das famílias cariocas, que abandonam a casa unifamiliar para viver nos edifícios multifamiliares. Essa me parece uma transformação que foi naturalizada em nossa sociedade, mas que envolveu uma importante mudança de mentalidade, permitindo a densificação da cidade, com a exploração mais intensa de seus terrenos, que passaram a sofrer maior valorização.

A apropriação da renda urbana, a partir dessa mudança nos hábitos da nossa população determinou a valorização fundiária dos terrenos na cidade de maneira inusitada. A densidade na cidade (habitantes/hectare) teve um crescimento contínuo até o inicio da era do automóvel e do pneu na cidade.

O desenvolvimento da cidade do Rio de Janeiro até o começo da década de sessenta do século XX foi extremamente dependente dos ramais de trilhos, seja dos trens, seja dos bondes. Essas linhas e suas paradas acabaram configurando uma rede de centralidades e sub-centralidades, que possuiam um claro e legível gradiente de densidades a partir da proximidade ou do afastamento das paradas e ou estações. De uma maneira geral a densidade era maior, assim como a presença do comércio no entorno das paradas e estações. A cidade dos trilhos é uma cidade mais coesa e densa do que a que emerge a partir da hegemonia do automóvel e do pneu.

Para exemplificar tal situação, basta mencionar o bairro da Barra da Tijuca, que é o primeiro bairro da cidade a ter seu desenvolvimento determinado pelo automóvel e pelo ônibus, independente dos trilhos. Percebe-se claramente nessa distinção de espacialidades, a diferenciação na gênese dos bairros cariocas.

O link da revista está mostrado abaixo:

http://secovi-rj.cviewer.com.br/srj/cviewer/edicao.asp?ed=92


segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

A onipresença do individualismo no mundo contemporâneo, ou como ser feliz sózinho

Os anos Thatcher e Reagan, no começo dos anos oitenta, determinaram uma predominância do livre mercado em nosso cotidiano contemporâneo, uma compreensão compartilhada pelo senso comum, de que a economia precisa ser desregulada do controle público (governamental). A desregulamentação da atividade econômica acabou levando a crise de liquidez de 2008 dos bancos americanos, devido a enorme especulação que se descolou da prática efetiva das empresas e atividades. A doutrinação repetia, e ainda repete de forma incessante, que a iniciativa dos indivíduos atuando de forma isolada deve ser festejada, frente as ações coletivas e públicas que sempre seriam ineficientes e demoradas.

No âmbito da atuação privada essa atitude acabou determinando uma supremacia da alteridade, uma afirmação repetida e contínua da diferença absoluta entre os seres humanos, que deixam de compartilhar objetivos comuns. Os interesses e objetivos passam a ter uma origem variada compartilhada por identidades que são cada vez menores e mais pulverizadas. Há uma constante reafirmação da diferença entre nós, que pode variar pela nossa origem; mineiros, paulistas, cariocas... ou pela nossa existência; empresários, trabalhadores, ricos, pobres..., ou pelas crenças; cristãos, muçulmanos, judeus..., ou ainda por todas essas e outras. Longe de querer negar essa diferenciação, o que aqui se questiona é a paralisação do diálogo, que parece não ser mais possível. O discurso da racionalidade universal compartilhada por diferentes atores e agentes - um certo universalismo humanista - tornou-se uma vertente do colonialismo ocidental redutor e homogeneizador.

No âmbito da vida privada passamos a uma hierarquização emburrecedora e simplista, que afirma de forma repetida, que para amarmos o outro é preciso que primeiro nos amemos a nós próprios, tenhamos uma auto-estima elevada. Antes de tudo é preciso amar-se a si próprio, para depois amar ao outro. Esse psicologismo barato de botequim permeia quase toda nossa sociedade contemporânea, que parece se esqueceu de forma definitiva da dialética entre o particular e o universal, entre o individual e o outro, que na verdade continuam se construindo mutuamente...

sábado, 24 de janeiro de 2015

O aquário do arquiteto Rui Ohtacke na cidade de Campo Grande

A vista do Aquário do arquiteto Rui Ohtacke
Durante a 147a Reunião do Conselho Superior do IAB foi programada uma visita ao Aquário do Pantanal, do arquiteto Rui Ohtacke, uma imensa estrutura que trará informação sobre a fauna que habita nessa região do Brasil, e que está em obras. O nome oficial da edificação é Centro de Pesquisa e Divulgação Científica da Biodiversidade de Mato Grosso do Sul e terá 27mil metros quadrados, que denota para todos nós a enorme relevância desse programa no Brasil. Em 2004 visitei o Aquário de Chicago nos EUA, na qual percebi que há um setor inteiro dessa edificação dedicado as espécies amazônicas, o que aponta a importância desse tipo de programa no nosso país.

Vista interna do Aquário de Campo Grande do MTS
Muito além das questões arquitetônicas da edificação do arquiteto Rui Ohtacke, que ao meu ver se envolve numa excessiva espetacularização, acho importante a iniciativa do governo do Estado do Mato Grosso do Sul de realizar um espaço dessa natureza. Um centro de pesquisa sobre nossa biodiversidade pode ser um instrumento poderoso para disseminar em nossa sociedade o hábito do estudo sobre a natureza. Esse tipo de espaço pode ser um importante mecanismo para pulverizar no seio da sociedade o interesse pela pesquisa num campo que passará a ser central no nosso futuro.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

147a Reunião do Conselho Superior do IAB em Campo Grande, Mato Grosso do Sul

Ontem dia 21 de janeiro de 2015 começou a 147a Reunião do Conselho Superior do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) na cidade de Campo Grande em Mato Grosso do Sul, que homenageia o arquiteto Miguel Pereira. Os debates giram em torno da montagem do Congresso Mundial de Arquitetura da União Internacional de Arquitetos (UIA) do Rio de Janeiro em 2020, certamente uma oportunidade para repensar a maneira de como as cidades brasileiras vem sendo construídas. Há uma premissa que a rede do IAB, pretende atingir em 2020 com o Congresso Mundial de Arquitetura, que é uma maior inserção das ações de planejamento e de projeto na sociedade brasileira.

A situação brasileira, no que se refere a produção das nossas cidades é bastante dramática, de uma maneira geral não há sequer uma explicitação clara daquilo que elas querem ser daqui a dez anos, como estão definidos nos Planos Diretores, que são obrigatórios segundo definido no Estatuto da Cidade. Essa ausência determina um vagar aleatório das nossas cidades, que facilmente é capturado por interesses particulares que são pouco republicanos, e que acaba fazendo com que elas tenham um desenvolvimento pouco estruturado.

A questão da torre, reflexões a partir de uma visita a Nova York

A fachada típica do boulevard de Paris
Há muito que os carros são considerados como verdadeiros vilões para a vida das ruas, mas há também outra invenção moderna, que impactou fortemente a espacialidade das vias urbanas, o elevador, abrindo a possibilidade de desenvolvimento de edificações em grande altura. Antes do advento do elevador as unidades habitacionais, se restringiam a quatro ou no máximo seis andares, e as mais valorizadas eram as mais próximas do burburinho da rua nos primeiros andares. A cidade de Paris é um exemplo dessa tipologia edilícia, o corte típico num boulevard hausmaniano indica as unidades mais nobres e mais valorizadas próximas ao solo da cidade. Enquanto, os últimos pavimentos eram ocupados por pequenas unidades mais simples, definidas pelo desenvolvimento do telhado e com janelas nas mansardas.

A cidade de Nova York, na ilha de Manhattan apresenta ainda em alguns trechos a antiga tipologia arquitetônica de antes do advento do elevador, são os apartamentos chamados de brownstone. Uma tipologia recorrente de intensificação do uso do solo urbano, que se generalizou na cidade a partir de meados do século XIX. O advento do desenvolvimento em altura das edificações
As brownstones de Nova York
em torre, seja de escritórios ou habitacional, é um fenômeno típico da cidade americana, que a partir da Escola de Chicago de arquitetura conquistam o resto do mundo. O tema da torre como objeto icônico, dominando o skyline da cidade, trazendo personalidade a seu território foi bastante celebrado pela cultura arquitetônica do século XX.

Interessante observar que houve a pretensão de alguns arquitetos norte americanos, tais como Sullivan, Saarinem e mesmo Wright, que apostaram na tipologia da torre corporativa, como um reestruturador da coesão comunitária da cidade, como um símbolo da sua estruturação no território geral. Os discursos chegaram a imaginar que a torre do centro de negócios poderia simbolizar a ressignificação do território da cidade, como uma estrutura que lhe conferisse coesão. Há um texto de TAFURI, Manfredo a Montanha Desencantada no livro a Cidade Americana da Guerra Civil ao New Deal, que descreve essas pretensões, e que aponta seu fracasso pela diversidade de interesses e pela volatilização dos negócios imobiliários em torno da torre.

Amsterdã Avenue na parte de cima no lado oeste de Manhattan
A questão que Nova York suscita é qual a melhor tipologia para a saúde e vitalidade da rua? A torre representa para a cidade capitalista uma sedução intensa, pois concentra no território um investimento que possui ampla recepção na sociedade. Há fatores que alimentam mutuamente a escolha pela torre e sua celebração; a segurança, a vista, o afastamento do barulho da rua. No entanto, não há como negar que ela reforça alguns aspectos que determinam a deterioração ou a subutilização da rua e do espaço público. Há torres emblemáticas em Nova York, com uma qualidade acima da média, em todas as épocas, a Flatiron, o Woldworth, a recente do New York Times e outras, tendo elas inclusive tratado bem sua inserção na cidade, revelando sempre uma generosidade com a vida da rua. A mais recente do jornal New York Times do arquiteto Renzo Piano resolve muito bem sua relação com a rua, revelando uma certa generosidade que beneficia o comércio aí instalado.

Qual a escala da cidade?
Apesar disso tudo, a torre representa uma quebra de escala com a vitalidade da rua. Lucio Costa na definição do gabarito das superquadras em Brasília usou um critério interessante, tanto a copa das mangueiras que ele pretendia que circundassem as edificações, quanto o grito da mãe que chamaria seus filhos na área dos jardins. Uma certa definição humana da escala, sem heroismos e grandiosidades. Nessa última visita a Nova York acabei andando muito pela Broadway e pela Avenida Amsterdã no Upper West Side. Perto da Columbia University e do Cloister. Uma região com uma certa continuidade expressiva dessa antiga tipologia. Essa cidade onde o módulo da verticalização, ou do incremento do solo urbano com uma continuidade de quatro ou seis andares é uma cidade melhor do que a pontuada com a solidão expressiva da torre.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Mais um sobre New Haven: O college Ezra Stiles do arquiteto Eero Saarinem

Mapa da fundação de New Haven, com as nove quadras
No centro de New Haven há um conjunto de quadras em torno do Green, uma grande praça com três igrejas, que é considerado o casco mais antigo da cidade. No livro de SCULLY, Vincent - Yale in New Haven, Architecture and Urbanism - o conjunto das nove quadras é apresentado num mapa histórico, com uma delas bem no centro, sem qualquer divisão fundiária. Numa analogia com a Carta das Índias que foi consolidada em 1573, o Green poderia ser a Plaza de Armas das cidades de colonização espanhola. O registro grafado na planta é de 1644, no entanto segundo o mesmo SCULLY, o reverendo John Davenport e o mercador inglês Theophilus Eaton fundam a cidade em 1638, junto com quinhentos peregrinos, que fugiram de Boston, devido a uma cisão entre os puritanos ingleses denominada Antinomian Controversy. O conjunto das nove quadras, com o passar dos anos foi subdividido, tendo hoje New Haven essas quadras fragmentadas, conforme pode ser observado no mapa de satélite. Nota-se inclusive, que mesmo o Green foi subdividido em dois pela Temple Street, gerando duas praças retangulares, ao invés do grande quadrado original

No quadrante noroeste desse conjunto de quadras, em torno do Green o arquiteto Eero Saarinem (1910-1961) desenhou o College Ezra Stiles, que será construído em 1961 um dos projetos da Universidade de Yale, que merece destaque, e uma reflexão específica. O College é uma alojamento de estudantes, um conjunto de residências temporárias que são oferecidas aos matriculados em Yale, é portanto uma área da cidade de acesso restrito e controlado.

Eero Saarinem é um típico representante da segunda geração modernista, nascido em 1910 ainda na Finlândia, filho de Eliel Saarinem (1873-1950), um arquiteto finlandês importante que migra para os EUA logo após o concurso do Jornal Chicago Tribune, que mobilizou uma imensa quantidade de arquitetos em todo o mundo em 1922, no qual ficou em segundo lugar. Segundo TAFURI, Manfredo num texto maravilhoso denominado a Montanha Desencantada, o Concurso do Chicago Tribune mobilizou 145 projetistas ao redor do mundo, tais como Gropius, Loos, Taut, Hilberseimer e outros arquitetos das vanguardas centro-européias. O pai Eliel Saarinem já havia realizado obras importantes em Helsinki, capital da Finlândia, como a Gare de trens da cidade, construída entre 1910-14. Apesar disso migra para os EUA em 1923, pois após o segundo lugar no Concurso do Chicago Tribune suas solicitações de trabalho em solo americano são ampliadas. Eero Saarinem, o filho, estuda em Yale arquitetura e herdará o escritório do pai nos EUA, produzindo uma ampla iconografia do estilo internacional e também exemplares notáveis do expressionismo, como o Terminal da TWA em Nova York ou o Aeroporto de Washington.

Vista do College Ezra Stile
Apesar dessa filiação ideológica ao modernismo, com uma constante atitude abstrata frente a contextos pré-existentes, o College Ezra Stiles possui gestos claramente historicista, e uma busca mimética com a arquitetura neo-gótica, que predomina no conjunto do Campus de Yale. A implantação denuncia claramente uma reverência a torre neo-gótica do Payne Whitney Gynasium no seu desenvolvimento numa meia circunferência, que enquadra a sua torre, num claro gesto de celebração da sua pré-existência. O eixo que corta o College ligando a Tower Parkway, a Broadway e a York cumpre o papel de velha rua medieval, em suas perspectivas seriadas e
A torre neo-gótica do Payne Whitney Gynasium
fragmentadas, com sucessivas descobertas.

A pontuação de torres, contraposta a horizontalidade geral do College produz o efeito de particularização do território, personificando-o em partes muito expressivas. A predominância de massas construidas cegas, sem fenestrações transmitem um peso a composição geral, conformando os dois pátios privados como claustros ajardinados.

O College Ezra Stiles de Eero Saarinem denuncia no começo dos anos sessenta o esgotamento da linguagem mais ortodoxa do modernismo, o estilo internacional. Mesmo expoentes da segunda geração de arquitetos
Implantação do College Ezra Stiles
modernistas começam a demonstrar em suas próprias criações gestos historicistas e contextualistas, abandonando a abstração de suas composições anteriores. Há uma clara exploração de novas materialidades e uma proposição de diálogo com construções pré-existentes, de outras sensibilidades. Mesmo o historicismo eclético, contra o qual o modernismo tanto se bateu na sua denúncia contra a manipulação estilística da história, aqui reaparece respeitado e celebrado.

Uma das últimas obras de Eero Saarinem mostra-nos muito da nova sensibilidade que emergirá para fazer frente aos novos posicionamentos colocados para a cultura de uma maneira geral pelo segundo pós guerra.

sábado, 17 de janeiro de 2015

Mais um texto sobre New Haven: A biblioteca Bienecke da Universidade de Yale

A universidade de Yale possui um campus inserido na cidade de New Haven, sem qualquer separação entre o que é a cidade e o que são os edifícios da escola. Além dessa falta de limites entre o campus e a cidade, Yale apresenta uma série de edifícios de arquitetos renomados do movimento moderno, tais como Loui I. Khan, com a Galeria de Artes ou a galeria de Artes Britânica, Eero Saarinem com o Estádio de Hockey no Gelo ou o College Ezra Stiles, e  Paul Rudolf com a Escola de Arquitetura. Os edifícios modernos se inserem numa predominância de outras obras de gosto neo-gótico, com gestos invariáveis de contextualismo crítico.

Um dos edifícios mais emblemáticos do campus de Yale na cidade de New Haven é a Biblioteca Bienecke, que abriga a coleção de livros raros da universidade. O projeto é do arquiteto Gordon Bunschaft contratado pela Skidmore Owings and Merril, SOM arquitetura, e a construção se realizou entre os anos de 1960 e 1963. No ano de 2013 ela completou cinquenta anos de construção com uma série de eventos celebratórios, que envolveram concertos, leituras e palestras, dentre as últimas pode-se destacar; uma do diretor da escola de arquitetura de Yale, Robert A. M. Stern, da qual pode-se ouvir um resumo no link abaixo, e outra de Umberto Eco.

Dois dos quatro pilares piramidais da Bienecken, na face da entrada
O edifício envolve uma composição arquitetônica extremamente simples e objetiva, um grande cubo prismático composto por quatro vigas virandel, que se apoiam em quatro pilares em forma piramidal. A projeção horizontal da grande caixa do edifício é retangular, havendo um pavimento no subsolo, que se abre para um pátio também retangular. No meio desse grande cubo retangular composto pelas vigas virandel, emerge uma imensa caixa de vidro, que abriga as edições mais
preciosas das bibliotecas de Yale. A vedação das vigas virandel é feita por um mármore de três centímetros de espessura, que num efeito similar ao do alabastro filtra a luz externa para o interior da biblioteca, por seus veios. As instalações mecânicas de ar condicionado controlam com absoluto rigor os padrões de umidade e outros parâmetros para a saúde desse magnífico acervo. A biblioteca entrará em reforma em maio de 2015 para atualizar os seus mecanismos de controle ambiental, numa demonstração do excesso de zelo que essa preservação envolve.

Planta e Corte da Biblioteca Bienecken
O edifício da Bienecke impressiona por seu caráter excepcional dentro do contínuo do campus na área do antigo centro de New Haven, ele claramente se posiciona como uma exceção  uma descontinuidade. E, mesmo se comparado com a Biblioteca Sterling, que representa outra grande concentração de livros, que se utiliza de claras analogias com as catedrais góticas da Inglaterra, e que está próxima da Bienecken, percebemos no edifício de Gordon Bunschaft um gesto único de grande potência, capaz de celebrar o seu conteúdo de forma adequada. Há nesse edifício uma espetacular profundidade ao celebrar o maravilhoso acervo raro da Bienecke, algo muito simples mas ao mesmo tempo belo e muito forte...

Abaixo o link do video do diretor da Escola de Arquitetura de Yale Robert A. M. Stern

http://cdnapi.kaltura.com/index.php/extwidget/openGraph/wid/1_r6fyrhvk

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Mais um texto sobre New Haven: O condomínio de Beaver Hills

Pórtico de acesso ao bairro de Beaver
Hills em New Haven
Mais uma vez retorno a cidade de New Haven, onde está localizada a universidade de Yale, ao norte de Nova York, onde também meu irmão Paulo trabalha como professor de literatura comparada. As temperaturas por aqui na época do final-começo do ano estão constantemente abaixo de zero e no máximo em torno dele. Apesar disso me arrisquei em caminhadas pelo bucólico bairro onde ele vive, Beaver Hills a nordeste do centro da cidade, a área é limitada pela Crescent Street, Geoffe Terrace e Boulevard Street. E, é um dos primeiros subúrbios americanos a ser desenvolvidos, estando preservada no Registro Nacional de Lugares Históricos (National Register of Historic Places), havendo uma clara predominância de casas em estilo Tudor. A criação da Compania Beaver Hills, que fará o empreendimento é de 1908, desmembrando as fazendas de três famílias Mead, Osborn e Farnham.

Aerofotogramétrico da implantação do bairro de Beaver Hill
O pórtico de entrada de Beaver Hills na Geofe Terrace ainda está lá, com um logo do empreendimento num ladrilho com a representação de um castor estilizado. As quadras de maneira geral possuem dimensões retangulares, alojando dois lotes enfileirados, que se confrontam nos fundos. As ruas são extremamente generosas, já apresentando dimensões rodoviárias, quatorze metros de caixa de asfalto. Todas as ruas apresentam a mesma disposição, havendo apenas uma que se distingue das demais, a Boulevard, que apresenta um canteiro central, que está assinalada no mapa ao lado.

O bairro foi inicialmente desenhado para abrigar a classe média-média e a classe média-alta, tendo passado nos anos oitenta por um processo de deterioração acentuado. O interessante a ser
Imagem do pórtico na Geofe Terrace, marca a
entrada do empreendimento
destacado é que a universidade de Yale atualmente incentiva que seus professores se instalem no bairro, subsidiando o financiamento de habitações, que vem nos últimos anos sendo recuperadas, requalificando o bairro como um todo. A operação demonstra, que a promoção da requalificação urbana nos EUA não é dependente exclusivamente da atuação do poder municipal mas conta com outros agentes, que investem além de recursos, inteligência para melhorar territórios específicos das cidades. A universidade e a cidade identificam nos professores universitários uma categoria mais disposta a aceitar um certo pioneirismo, admitindo conviver com situações de degradação do ambiente habitacional, usando eles para reverter tendências dessa mesma deterioração. A operação já começa a apresentar bons resultados, que nos EUA é sempre medida pela tendência de valorização do preço dos imóveis na região.

A chave do processo está localizada numa certa transparência no trato das informações, como valor dos imóveis, valorização, desvalorização, que são monitorados e medidos numa temporalidade específica, evitando a especulação por parte dos agentes envolvidos. Muito além de um maniqueismo meramente celebratório, que já foi praticado no Brasil intensamente, o que a experiência nos mostra é que a qualificação da cidade é uma responsabilidade coletiva, de todos. E, que a desvalorização e a valorização da terra urbana envolve valores simbólicos, que quando manipulados com transparência podem atender ao interesse público, mesmo na cidade capitalista.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Entrevista minha para a BBC de Londres sobre o Porto do Rio de Janeiro

A BBC de Londres publicou uma entrevista comigo sobre a região portuária do Rio de Janeiro, o que procurei destacar foi que a área tende a seguir a inércia instalada no centro da cidade, onde existe a absoluta predominância do uso corporativo de escritórios. Esse tipo de edificação determina na cidade uma sazonalidade no seu uso muito específica que corresponde aos momentos de pico de chegada para o trabalho, horário de almoço e volta para a casa. Tirando esses horários a infraestrutura aí instalada é subutilizada, pois há pouco movimento, gerando-se uma cidade insegura. Daí a importância de se fomentar a habitação nessas áreas pois ele é o único que determina a intensificação do uso da cidade fora desses horários, pois os cidadãos possuem cotidianos variados, e acabam se reportando a cidade em horários variados.

Os links da entrevista estão listados abaixo.

http://www.bbc.com/news/world-latin-america-30707802

http://www.bbc.com/news/world-latin-america-30766026

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

A cidade de New Haven nos EUA e os suburbios americanos de casas

A cidade de New Haven ao norte de Nova York é a sede da famosa universidade de Yale, fundada em 1701 como uma dissidência de Harvard, e, é onde meu irmão Paulo mora. Numa bucólica casa de três pavimentos, no bairro de Beaver Hills. A casa é datada de 1928, e, é toda construída em madeira, no sistema construtivo tipo balloon framing que gerou uma infinidade de casas nos EUA. O sistema inventado em meados do século XIX transformou a casa unifamiliar acessível à classe média americana, generalizando uma forma de morar que irá conquistar o mundo todo, o subúrbio americano monofuncional. Apesar dessa pré moldagem o sistema permite uma infinidade de composições e expressões estilísticas, não havendo qualquer homogeneização e impressão de repetição entre as casas.

A implantação das casas em Beaver Hill, sem definição do lote
Os bairros americanos, que se generalizaram a partir do segundo pós guerra eram estruturados em torno da habitação unifamiliar, e não dispõe de equipamentos comerciais próximos, o único equipamento admitido é a escola básica. Com a hegemonia do automóvel a partir do segundo pós guerra passou-se a sua celebração, como única forma de se movimentar no território da cidade. As casas no bairro possuem uma interessante implantação, não havendo uma precisa definição de seu lote através de muros ou cercas. A testada frontal do lote não possui qualquer definição, o que transmite a ampliação da presença do verde no bairro, uma vez que há sempre generosos jardins pontuados por árvores de vários tipos. O fundo do lote de meu irmão não possui qualquer definição com seu vizinho confrontante. Aqui se manifesta uma clara diferenciação cultural entre o Brasil e os EUA, que me parece vai muito além da questão climática, a ausência de qualquer resguardo para a área do quintal, que na casa brasileira está sempre presente. A intimidade do quintal no Brasil se faz presente, como uma extensão da área social da casa, uma parte que a familia resguarda da vida pública. Nos EUA os quintais, os fundos das casas possuem uma definição extremamente fluída e indefinida, que acaba lhe dando um caráter mais público e exposto.

Por outro lado, a intimidade da casa também possui a típica descrição presente no livro de Gaston Bachelard A poética do espaço, se desenvolvendo em porão, térreo, 1o pavimento e sótão, num interessante gradualismo expressivo entre a escuridão e a luminosidade. No livro o filósofo das ciências francês  descreve a dialética entre porão e sótão de maneira poética, fazendo analogias entre nossa mente e aspectos das vivências espaciais da casa nesses dois estágios. O porão para Bachelard é a representação do nosso subconsciente, irracional e incontrolado, com suas áreas sombrias e mau iluminadas próximas da intransparência da terra e do subsolo. Já o sótão no alto da casa era a representação de nosso consciente, racional e dotado de auto controle, iluminado, de visão ampla, capaz de descortinar amplos horizontes. Na verdade na casa de meu irmão, o desnível entre a frente do terreno e os fundos desvenda para o quintal uma parte da fachada do porão, tirando um pouco dessa analogia. Mas como estamos no inverno e as temperaturas beiram os zeros graus, e a vida está aprisionada pela interioridade, acabando por reforçar essa dialética, que se faz presente.

Há muito que reflito, com meus alunos da EAU-UFF sobre as complexas relações que a cultura brasileira costurou entre a nossa tradição patrimonialista e a casa da familia. Os valores simbólicos envolvidos são imensos e complexos, não devendo ser reduzidos de forma linear e simplificadora. Os dois países são também imensos, havendo neles uma grande diversidade de tempos e culturas, mas a cultura da unidade familiar no Brasil é muito diversa da americana.

sábado, 3 de janeiro de 2015

Nova York, o comércio de rua, o parque, a quadra, suas tipologias e o sistema locacional

Impressionante a vitalidade do comércio de rua na cidade de Nova York. Na região do Midtown, que corresponde ao espaço contido entre a rua 30 e a borda sul do Central Park, há uma concentração de lojas abertas diretamente para o logradouro público simplesmente impressionante. As calçadas da cidade ficam lotadas de consumidores gerando fluxos de deslocamentos, que chegam ao limite de precisar de sinal, principalmente nas esquinas onde os deslocamentos são  mais complexos. O comércio de rua possui uma imensa vitalidade, a cidade não se deixou encantar pelo comércio de shopping, dando uma qualidade para a vida no espaço público, que é invejável. Apesar das grandes corporações muitas vezes estarem dominando esse comércio, há ainda uma pulverização entre empreendedores locais, que mantém seus negócios. A cidade parece uma festa com suas ruas cheia de gente, apesar da temperatura beirar os zero graus centígrados e o vento encanado pelas grandes torres determinar a potencialização dessa sensação térmica.

O plano de Nova York data de 1811 e em seu desenho original não existia a presença do Central Park, que seria uma imensa desapropriação realizada em 1853, e que em 1858 escolheu o projeto de Frederick Law Olmsted e Calvert Vaux como proposta paisagística a ser implantada. O contraste entre ambiente urbano artificial circundante e parque natural no centro da ilha parece querer nos mostrar um certo aprisionamento da natureza, ou uma celebração da vida urbana, que também se aproxima e domestica a natureza. Aqui também apesar das baixas temperaturas encontram se uma impressionante massa de estrangeiros e habitantes da cidade, que desfrutam de um paisagismo inteligente, de Olmsted e Vaux, que volta e meia contrasta o desenho romântico dos traçados curvos, com eixos de perspectivas retas e racionais.

A quadra do plano de Nova York de 1811, na sua parte planejada, ao norte do Downtown, que era a antiga New Amsterdan, possui um dos desenhos mais homogêneos, onde não só as quadras são iguais em suas dimensões gerais, mas também no tamanho dos lotes. Apesar disso, o desenvolvimento da cidade gerou uma imensa diversificação de tipologias arquitetônicas, das antigas  casas brownstone as imensas torres que podem ser percebidas numa caminhada pela cidade. Nesse conjunto, a torre que mais se destaca é a do Empire State Building por se posicionar ao sul da região da Midtown, onde a densidade de torres sofre uma expressiva diminuição.

Além disso, Manhattan na área do plano desfruta de um sistema locacional cartesiano baseado na malha xadrez numerada em ordem sequencial de ruas e nas direções cardiais, norte, sul e leste e oeste, que possibilita ao mais estrangeiro dos visitantes uma constante identificação de sua própria posição. Sem dúvida um sistema dotado de um imenso cosmopolitismo locacional capaz de transmitir segurança a qualquer visitante, por mais estrangeiro que seja.

O Brasil caiu numa imensa mediocridade paralisante

Nos primeiros dias de 2015 cabe uma reflexão sobre as práticas e atuações políticas com as quais o Brasil vem se confrontando ao longo dos últimos anos. Uma revisão do que conseguimos ou lutamos por realizar. Num balanço geral, no campo da política urbana chegamos a conclusão de uma imensa mediocridade, nos nossos debates e em nossas experiências concretas, que não superaram velhos paradigmas instalados, que se repetem, sem ao menos ser oferecida uma alternativa. As cidades brasileiras, espaço onde habitam 85% da população nacional, permanecem presas numa produção habitacional, que reproduz práticas do antigo BNH, como o Programa Minha Casa, Minha Vida (MC,MV). Ou na área de mobilidade urbana, onde reproduzimos de forma pouco criativa programas colombianos do sistema Bus Rapid Transit (BRTs) como o Transmilenium, sem obter a mesma ação coordenada entre diversos programas, que o urbano sempre exige.

No ano eleitoral de 2014 a questão urbana, que hoje aflige milhões de brasileiros, aproximadamente 170 milhões, não foi discutida na campanha presidencial de forma clara e articulada. Os principais candidatos não polemizaram o espaço construído brasileiro, e as alternativas a sua atual forma de se reproduzir e expandir. A cidade brasileira segue sendo produzida gerando; guetos de pobres e guetos de ricos que se protegem, evitando qualquer contaminação mútua, uma cidade com sua mobilidade dependente do automóvel particular, uma cidade dispersa e espraiada, onde as infraestruturas não estão universalizadas, e por último uma cidade que não convive bem com o meio ambiente natural.

Apenas nesses quatro pontos não identificamos e não formulamos qualquer proposta para se contrapor a inércia da atual produção da cidade brasileira, isto é seguimos com o Ministério das Cidades refém de uma política que repete práticas dos tempos tecnocráticos da Ditadura Militar. O déficit habitacional, que segundos estudos recentes chega a 6 milhões de moradias segue inalcansável, com os governos produzindo empreendimentos distantes e destituídos de qualquer urbanidade, nas periferias afastadas. Por outro lado, os antigos centros urbanos brasileiros, que invariavelmente concentram construções e esforços notáveis seguem esvaziados e abandonados, com seu patrimônio sendo deteriorado. As obras de mobilidade são tímidas e não penalizam os automóveis individuais que seguem recebendo subsídios dos governos, seja em isenção fiscal ou em obras viárias.

Enfim, precisamos urgentemente sacudir a poeira e mudar nossa política urbana, encarando de frente nossa inercial forma de fazer cidades.

Se é fácil porque não implantamos? A despoluição da baía de Guanabara

Cartaz da 52a Premiação Anual do IAB-RJ
Mais um texto da série; Se é fácil porque não implantamos? Agora sobre a Baía de Guanabara, que foi tema da 52a Premiação Anual de Arquitetura do Instituto de Arquitetos do Brasil, departamento do Rio de Janeiro. Há dezenove meses da realização das olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro, com a previsão da realização de uma série de provas de iatismo nas suas águas, nem 50% do esgoto da cidade metropolitana é corretamente destinado, sendo despejado in natura na Baía de Guanabara. Atualmente o correspondente a 10 mil litros por segundo de esgotos é lançado na baía. As obras de saneamento dos 15 municípios que estão em sua bacia não são implementadas pela CEDAE, companhia responsável pelo saneamento do governo do estado do Rio de Janeiro. Porque?

As Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs) estão prontas, no entanto não recebem a carga de esgotos, pois as obras de coletas nos diversos municípios e bairros da cidade metropolitana não foram realizadas. Uma pergunta é inevitável. Será que as obras de realização das ETEs interessam as grandes empreiteiras, pelo seu volume de concreto, e as de assentamento de tubos de esgoto e caixas de passagem não são importantes? Quem pauta a importância das obras, o interesse público, ou o interesse das grandes construtoras?

Abaixo um link com entrevistas minhas na Revista Exame e no Estadão sobre o assunto.

http://iab.org.br/sites/default/files/exame_-_olimpiada_de_2016_sera_na_guanabara_ainda_poluida.01.01.2014_0.png

http://iab.org.br/sites/default/files/correio_24_horas_-_olimpiada_de_2016_sera_na_guanabara_ainda_poluida.31.12.2014_0.png