quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Debate e exibição do filme Perimetral, Memória e Reflexão

Nessa segunda feira, dia 26 de outubro de 2015 foi reapresentada no auditório do IAB-RJ a projeção do filme Perimetral, memória e reflexão, do Laboratório de Mídias Urbanas (LAMUR) da Escola de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense (EAU-UFF) com a participação da professora Thereza Carvalho também da EAU-UFF, que refletiu e estimulou o debate sobre as implicações e reflexões a que o filme nos remete.

A primeira questão já destacada aqui nesse blog, quando da primeira apresentação no auditório do IAB-RJ, é o domínio preciso da linguagem do documentário, por parte dos alunos do LAMUR. O filme demonstra como os alunos pretenderam documentar uma transformação importante da cidade do Rio de Janeiro, não apenas apresentando uma única visão sobre o tema mas uma pluralidade de visões e colocações. Ao final o maior beneficiário é exatamente o espectador, que compreende como o rodoviarismo exerceu um papel hegemônico no projeto da cidade brasileira, e, que apesar do simbolismo da demolição da Perimetral, ainda não foi construída uma outra cidade. Principalmente pela precariedade dos sistemas de transportes coletivos, que ainda não se estruturam numa rede capaz de convencer o cidadão de abrir mão do automóvel particular.

A segunda questão a ser destacada foram as reflexões da professora Thereza Carvalho, que sucederam a projeção, e que partiram do filme e de uma exposição de fotos de sua autoria sobre o mesmo tema. Dentre as quais destaco a conceituação da rua, da estrada, do viaduto e a consciência do movimento, enquanto na rua o tempo e a velocidade nos incitam a perceber e sermos percebidos em movimento, no espaço rodoviarista do viaduto somos instados apenas a partir e a chegar num efeito túnel. A fruição é suspensa para que se tenha apenas consciência da chegada e da partida, a objetividade do movimento suspende a compreensão. A velocidade e mesmo o engarrafamento no viaduto e na autopista apagam o movimento, restringindo nossa capacidade aos dois pontos; inicio e fim. Há uma objetividade produtiva e industrial, que nega o caráter da surpresa, da festa, da sociabilidade dos espaços caminháveis presentes nas ruas, principalmente nas calçadas.

Enfim, de tudo parece emergir que realizamos a destruição da perimetral, mas ainda não colocamos uma alternativa convincente no seu lugar...