terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Como hoje é natal

Em 2012 o IAB-RJ concedeu o prêmio de personalidade do
ano a Cacá Diegues
Como hoje é natal e o espírito natalino preenche todos os desvãos da nossa alma "luso-afro-indígena" deste nosso Brasil, reproduzo abaixo um texto publicado pelo cineasta Cacá Diegues, no jornal O Globo em 13/12/2013, que nos lembra de um natal onde havia menos papai noel e mais presépios, partorinhas e outras coisas mais...Assim como ele não sou saudosista, mas acho que devemos celebrar mais nossa origem portuguesa, na sua indiferença às diferenças, nos seus pastoris, reisados, e outras festas do nosso natal... Na verdade, acho que estou com saudades de Lisboa, essa cidade que é uma das mais bonitas capitais da Europa, na qual passei o ano novo do ano passado com meu filho Felipe...


Hoje a festa é sua
Cacá Diegues    - - - - - - - - - -   13 dez 13
Por razões profissionais, me encontro em Lisboa nessas vésperas de Natal. Adoro essa cidade. Não só porque ela é linda, elegante, afetuosa e fala a nossa lingua, como também porque aqui percebo de onde vim.
Como Portugal não participou de nenhuma daquelas guerras arrasadoras e genocidas do século 20, Lisboa permaneceu inteira. Isso é, inteira como sempre foi depois de destruída por um terremoto seguido de maremoto que acabou com dois terços da cidade, em 1755. Ao contrário do que escreveu Lévy Strauss sobre o Brasil exibir uma decadência que não conheceu a civilização, as poucas ruínas de Lisboa parecem intervenções urbanas contemporâneas, como as que produz em outras cidades Gordon Matta-Clark, autodenominado “o anarquiteto”, com manipulação artística de prédios em demolição.
É comovente ver uma juventude lisboeta moderna, a passear pelas velhas vias da cidade vestindo, cantando e dizendo algo à altura do que veste, canta e diz qualquer jovem em Nova York, Londres, Paris ou Barcelona. Assim como não é possível deixar de pensar numa cultura secular, quando se come muito bem em qualquer canto caro ou barato de Lisboa.
No ensaio “Notas para uma definição de cultura”, T.S.Eliot diz que cultura e conhecimento não têm nada a ver, não são a mesma coisa, aquela antecede a este. O conhecimento é uma forma superior das relações do homem com a natureza, enquanto a cultura faz parte e é indispensável à própria existência do homem sobre a terra.
Já cansei de dizer a meus amigos que devíamos nos orgulhar de termos a origem portuguesa que temos. Devíamos aproveitar o fato de sermos a única nação luso-afro-indígena do mundo. Alguma coisa de original temos que extrair dessa mistura, daí sairia nossa potencial contribuição à civilização humana, poderíamos torná-la mais fraterna, solidária e indiferente às diferenças.

Vizinha à torre de Belém, me espanto com a reprodução de uma nau das descobertas, uma daquelas barcacinhas frágeis em que nossos antepassados portugueses se atiravam ao mar, indo com o vento parar na India e no Japão. Ou nas terras desconhecidas do que seria o Brasil. Uns loucos, esses navegadores; loucos cheios de curiosidade e de esperança no que haveriam de encontrar.
É bom pensar em tudo isso nessa véspera de Natal, a festa do recomeço. O grande poeta alagoano Jorge de Lima, um dos maiores da língua portuguesa, dizia que a diferença cultural entre os catolicismos hispânico e lusitano, que nos formaram a todos na América Latina, é que a festa máxima dos espanhois é a da Paixão, representada pela imagem do Cristo em chagas a sofrer na cruz, ferido de morte por nossos pecados.
Já a festa portuguesa por excelência, a que herdamos deles, é a do Natal, cuja imagem fundadora é a do Menino na manjedoura iluminada, cercado por seus pais, por pastores e reis, com a estrela de Belém ao fundo, a anunciar a chegada de nossa Redenção. É isso o que devíamos ser e representar para o mundo, não importa a religião ou a ausência dela.
Não me apego a nostalgias, tenho saudades de muito pouca coisa, quase todas muito pessoais (como a saudade de meu corpo jovem, por exemplo). O mundo já foi muito pior, o país mais atrasado, nossa vida muito mais difícil. Apesar de tudo, mesmo com tanta miséria e injustiça, com tanto egoísmo e abandono, com os confrontos pelo mundo afora, vamos avançando, tentando prolongar nossa existência com uma certa qualidade, conquistando nossos direitos específicos e universais.
Mas não posso deixar de dizer que já gostei mais de Natal, sobretudo o de minha terra, Alagoas. Na minha infância, Natal era mesmo festa. As pessoas cantavam e dançavam pastoris, reisados, cheganças, todos os  festejos populares de origem portuguesa (às vezes, com influência moura). Num certo sentido, talvez fosse até mais animado que no carnaval.
Mesmo já morando no Rio de Janeiro, minha mãe organizava na rua da Matriz, com jovens filhos e filhas de vizinhos, grupos de pastoril, quase sempre na casa de Valquíria e Barreto Filho, ilustre crítico literário amigo de meu pai. Minha mãe se encantou quando foi convidada por médicos do Instituto Pinel a ensinar o pastoril aos internos da casa e passou a fazê-lo todo ano.
As festas de Natal duravam o mês de dezembro inteiro e só iam terminar no 6 de janeiro, dia de Reis. Agora, a gente fica sentado na sala, assistindo em silêncio à festa de um só Rei, único, maravilhoso, inbiografável. Por que estamos tão tristes? Onde está a famosa alegria de viver que herdamos das “três raças tristes”?
Confesso que não acho graça no Papai Noel que invadiu a festa. Com aquela barriga e aquele espalhafato, sempre penso que se trata de propaganda de cerveja. E acho árvore de Natal um estorvo em casa e na rua. Essa não é a minha festa. Eu gosto mesmo é de presépio e de desejar um bom Natal a com quem cruzo na rua.  

A vergonha do saneamento básico no Brasil

As valas negras presentes num série de cidades brasileiras
denunciam a ausência de política urbana no país
Hoje pela manhã dei entrevista ao radialista Vivaldo Barbosa na Radio Nacional (1440AM) sobre a questão do saneamento básico no Brasil, um dos piores índices das cidades brasileiras, que se mantém bastante atrasado. Segundo o Governo Federal, 43% dos domicílios no Brasil não possuem destinação correta dos seus esgotos. Este fato representa um passivo ambiental de proporções inimagináveis. Nossa saúde, nossos rios e mananciais sofrem com o despejo em natura deste esgoto domiciliar. O governo federal anunciou nos últimos dias o Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB 2013), que pretende reverter esta situação elevando a cobertura para 92% da população até 2033, portanto em 20 anos. O Plansab 2013 envolve as áreas de abastecimento de água potável, esgoto sanitário, limpeza urbana, manejo de resíduos sólidos e drenagem de águas pluviais.

A questão do saneamento básico envolve o fornecimento de
água potável, esgotos, limpeza urbana, resíduos sólidos, e
drenagem pluvial
Procurei na entrevista destacar que os objetivos do plano eram ambiciosos, e, que deveriam ser cobrados e monitorados pelo conjunto da sociedade. Afirmei, que assim como ficamos atentos aos indices da inflação mes a mes, também deveriamos monitorar a evolução da destinação correta do esgoto domiciliar, cobrando dos governos uma evolução positiva neste campo. Por outro lado, também destaquei a situação de nossas cidades metropolitanas, como; São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Brasilia, etc..., que precisam de órgãos que promovam a governança destes imensos territórios. A imensa dispersão territorial destas cidades metropolitanas são um claro fator que dificulta a universalização do acesso a infraestruturas adequadas. O governo federal deveria ter uma política mais clara de incentivo a promoção de cidades mais compactas e densas, onde a promoção da desejada universalização dos serviços urbanos é muito mais barata.

Por último, procurei destacar a questão da Baía de Guanabara na cidade do Rio de Janeiro, que é hoje um acontecimento geográfico poluído devido principalmente ao esgoto domiciliar da população de seu entorno. O programa de despoluição da Baía de Guanabara construiu apenas as Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs) em seu entorno, deixando de realizar o trabalho de implantação da rede domiciliar principalmente na região da Baixada Fluminense. Com isto as ETEs estão prontas sem receber a carga de esgoto domiciliar para qual foram projetadas. A evidência, no caso da cidade metroplitana do Rio de Janeiro, me parece clara, a obra mais simples de implantação da rede de tubos nas ruas das cidades brasileiras não seduz a nossos políticos, muito menos a nossas empreiteiras. Enquanto, as obras com grande volume de concreto armado das ETEs são sedutoras e atraentes para políticos e grandes empreiteiras. A situação atrasada do saneamento básico no Brasil é fruto de uma ausência total de política urbana no país, que reverta este quadro de interesses particulares, que se sobrepõe aos interesses públicos.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Avenida Paulo de Frontin era um bucólico logradouro em torno de um rio

A Avenida Paulo de Frontin antes do viaduto e da estátua
 do Cristo Redentor
A Avenida Paulo de Frontin no bairro do Rio Comprido na cidade do Rio de Janeiro era um bucólico logradouro, que se estruturava a partir da canalização do rio Comprido. Essa rua foi profundamente afetada por uma obra rodoviarista, o túnel Rebouças, que foi inaugurado em 1967, e que destruiu sua bucólica imagem. Ainda, depois do túnel, fez-se um viaduto, inaugurado em 1973, sobre este bucólico boulevard, determinando sua completa morte. Durante as obras desse viaduto houve um trágico acidente em 1971, no qual a estrutura ruiu, e, que matou vinte e duas pessoas, na esquina da Paulo de Frontin com Hadock Lobo, ver foto abaixo.

O trágico acidente com o elevado em 1971, que matou
vinte e duas pessoas
O que se depreende da sequência de fotos apresentadas é a hegemonia da mentalidade rodoviarista, que governava a construção de nossas cidades nos anos sessenta e setenta do século XX. A condenação de trechos da cidade à dinâmica dos fluxos, onde o que importa não é a fruição do caminho, mas apenas ligar a partida e a chegada de forma rápida, foi a ideologia dominante dos esforços de transformação da cidade brasileira. Cabe notar, a completa ausência de suporte de base para um sistema de transporte coletivo, seja ele, qual for. Essa mesma lógica também determinou a construção da Linha Vermelha e a Linha Amarela nos anos noventa. Logo estas vias se mostraram saturadas por engarrafamentos, demonstrando que a demanda do automóvel individual é inalcançável.

A pergunta que parece emergir, com a demolição do viaduto da Perimetral, na mesma cidade do Rio de Janeiro, na zona Portuária. Nos livramos do paradigma rodoviarista?



sábado, 14 de dezembro de 2013

O Secretário de Segurança do Rio de Janeiro e as Fvavelas

O Secretário de Segurança do RJ José Mariano Beltrame
Na última sexta feira, dia 13 de dezembro de 2013, o secretário de Segurança José Mariano Beltrame, do Estado do Rio de Janeiro deu entrevista a respeito das Unidades de Policia Pacificadoras e as favelas da cidade. Muitos arquitetos perceberam um tom preconceituoso com relação a forma de implantação das favelas, principalmente no que se refere as dificuldades da implantação da segurança num território deste tipo. Diante mão, reafirmo a necessidade de ampliação do debate, e, neste caso específico das favelas cariocas ele é imperioso .

Li a entrevista do secretário Beltrame, concordo com a percepção de um certo preconceito contra a forma de estruturação da favela, principalmente na questão das relocações necessárias e na questão da malha. Também o termo ideológico usado pelo secretário envolve uma perigosa forma de raciocínio, que qualifica os outros discursos como tal, e, apenas o dele, como livre desta contaminação política, pois técnico e objetivo. Há muito que vários teóricos apontam a incapacidade de qualquer discurso se livrar das tramas ideológicas (Habermas), pois estamos condenados na modernidade a visões parciais do real, que se limitam a compreendê-lo a partir de expertises diferenciados, incapazes de abarcar a totalidade do real.

Portanto, também percebo no discurso do Secretário José Mariano Beltrame um certo preconceito. Na verdade, uma distorção profissional clara, de uma pessoa engajada na questão da segurança, e portanto com um visão limitada da questão. O Secretário parece estar ansioso por mapear o território das favelas, dando lhe legibilidade. Numa analogia, com o que fez o Barão Hausmann, no século XIX com Paris, ao abrir as grandes avenidas, os boulevards, pretendendo dar eficiência ao monopólio da violência e da repressão, combatendo as recorrentes rebeliões, e a comuna de Paris de 1848. Mas também devemos nos lembrar, como nos ensina Walter Benjamim, que a comuna de Paris se repetirá em 1871, com maior força e sobre a base dos boulevards do Barão Hausmann,e, que o anjo da história é incapaz de moldar o futuro, pois caminha de costas para este, acompanhando as misérias do passado de frente.

Os arquitetos por sua vez, precisam também ter uma visão estratégica do momento da reconquista destes territórios ao tráfico de drogas, na cidade do Rio de janeiro. Pois assim como o secretário, nós também estamos enlaçados no discurso ideológico, possuimos uma visão distorcida do real, que muitas vezes celebra a preservação e a permanência de determinadas condições, que precisam ser modificadas e transformadas. Mais uma vez me parece que a questão do equilíbrio entre pré-existências e transformações, entre custos e benefícios, que são inerentes ao projeto deve ser debatido, medido e objetivado. A íntegra da entrevista...

http://oglobo.globo.com/rio/beltrame-sobre-5-anos-de-upp-daqui-20-anos-que-sera-da-favela-11056774

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Homenagem ao arquiteto Indio da Costa

Luiz Fernando Janot, Indio da Costa, Deputada Aspasia
Camargo, Pedro da Luz, Deputado Sirkys, Augusto Ivan e
Vicente Gifones
No dia 02 de dezembro de 2013 participei na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro de uma bonita homenagem ao arquiteto Luiz Eduardo Indio da Costa, promovida pela Deputada Aspasia Camargo, quando este recebeu o título de cidadão honorário do estado do Rio de Janeiro. Estavam na mesa, a Deputada Aspásia Camargo, o Deputado Federal Alfredo Sirkis, os arquitetos Luiz Fernando Janot, Vicente Gifones  presidente da ASBEA, Augusto Ivan, e eu, Pedro da Luz Moreira, presidente do IAB-RJ.

Recentemente, eu e Indio da Costa, estivemos em posições opostas, no caso da Marina da Glória, na cidade do Rio de Janeiro. Eu, como vice presidente do IAB-RJ fui solicitado pela a imprensa a comentar o seu projeto da Marina da Glória, feito para o grupo de Eike Batista, então concessionário daquele espaço. Na primeira ocasião, para a jornalista Lucia Hipólito, questionei o número de vagas de automóveis que o projeto apresentava em sua versão preliminar, mas defendi que a mudança daquele espaço era legítima, uma vez que aquela parte do parque do Flamengo permanece com áreas cercadas e não franqueadas ao público. Defendi também que a fase de projeto era exatamente para que o trabalho de qualquer arquiteto fosse questionado e debatido, uma vez que nesta etapa era o momento da sociedade tomar conhecimento das complexas relações de custo e benefício, que toda transformação envolve. Neste sentido, cobrei também que um projeto naquele contexto e com o interesse público que suscitava, deveria ser publicizado de forma ampla, para que mais agentes da cidade se posicionassem.

O projeto foi adequado o número de vagas foi diminuído e o projeto apresentou uma outra aproximação e sensibilidade com aquele lugar. Mesmo assim, mantive um questionamento com relação a montagem do programa, assinalando a ausência de compartimentos e serviços típicos de uma marina, como espaço para vagas secas de barco e outros ítens. Assinalei também que a presença no programa de um Centro de Convenções apontava que se buscava construir na verdade uma expansão do Hotel Glória, que também seria explorado pelo mesmo Eike Batista. Mas, mais uma vez reconheci a qualidade do desenho apresentado pelo arquiteto, que elegantemente se prontificou a ir ao IAB-RJ para apresentar esta segunda versão do projeto. Diante de um auditório nada amistoso mais uma vez o arquiteto Indio da Costa demonstrou elegância e clareza de intenções, e ao meu ver um desenho adequado àquele contexto dominado por ícones importantes da cidade do Rio de Janeiro, como o Pão de Açúcar, o Outeiro da Glória, o Monumento aos Mortos da segunda Guerra Mundial...

Ao que tudo indica a Marina da Glória do Indio da Costa não será construída. Apesar de tudo, reconheço hoje que a cidade perdeu uma oportunidade de ter uma bela marina. Mas continuo achando que seu programa deveria ser adequado...

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

A polêmica em torno do Campus Fidei em Guaratiba continua

O IAB defendeu em parecer entregue ao Prefeito do Rio de Janeiro, que a área do Campus Fidei em Guaratiba não deve ser ocupada por qualquer construção, e muito menos por empreendimento de habitação de interesse social, tipo Minha Casa Minha Vida. A área está no extremo da mancha urbana da cidade, e é inadequada para receber a população de baixa renda, que deve estar localizada próxima das áreas de oferta de emprego. Por outro lado a região do Campus Fidei é frágil ambientalmente, se constituindo como uma planicie de baixada alagável, onde o regime dos mananciais se encontra com os regimes da maré da baía de Sepetiba.

Já publiquei aqui uma série de matérias que sairam a respeito, abaixo o link do RJ TV segunda edição, onde reaparece o debate...

http://g1.globo.com/videos/rio-de-janeiro/rjtv-2edicao/t/edicoes/v/estudo-conclui-que-campo-da-fe-em-guaratiba-nao-e-adequado-para-construcao-de-novo-bairro/3007899/

Nova rodoviária provisória em São Cristóvão na cidade do Rio de Janeiro

Gravei hoje entrevista no programa Repórter Rio da EBC, sobre a iniciativa da prefeitura do Rio de Janeiro de construir uma rodoviária provisória em São Cristóvão, perto do Maracanã. Mais uma vez, o poder público municipal demonstra um certo voluntarismo, e uma incapacidade de se antecipar aos problemas da cidade de forma mais aprofundada e articulada. O desmonte de estruturas como o IPP, que pensavam a cidade de forma mais articulada, planejada e com certa antecedência começa a ser sentido, nestas atitudes apressadas do Prefeito. Há muito, que se discute um lugar mais adequado para um Terminal de Ônibus da cidade, que em algumas hipóteses, não deveria ser único, mas subdividido como em São Paulo. O que defendi na entrevista é que estes terminais rodoviários ou aeroportos devem ser pensados nas proximidades de estações de modais de transporte de alta capacidade (Metrô, Trem ou BRTs) para se evitar o acontecido no último grande feriado, quando para se chegar a Rodoviária Novo Rio levou-se mais de duas horas.

Veja a entrevista no link abaixo

http://tvbrasil.ebc.com.br/reporterrio/episodio/nova-rodoviaria-do-rio-deve-ficar-pronta-antes-do-natal#media-youtube-1

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Reportagem no Wahington Post sobre a Baía de Guanabara denuncia a poluição

A situação da Baía de Guanabara não é nada boa, segundo reportagem do Washington Post. Segundo o velejador Alan Norregaard, um dinamarquês que foi medalha de bronze em Londres em 2012; "Eu tenho velejado pelos mais diversos lugares do mundo nos últimos 20 anos, e este (a Baía de Guanabara) é o lugar mais poluído que já estive...É uma verdadeira vergonha, pois esta é uma bela cidade, mas suas águas estão tão poluídas, tão sujas e cheias de lixo." Realmente a Baía de Guanabara, um dos mais lindos cenários da cidade maravilhosa, cantada por diversos viajantes desde tempos imemoriais mereceria de nossos governantes uma atenção maior. Principalmente com a Olimpíada de 2016, quando uma série de provas está prevista para se realizar em suas águas.

Veja a reportagem abaixo

http://www.washingtonpost.com/sports/olympics/olympic-sailors-upset-with-water-pollution-in-rio/2013/12/07/cae6437a-5f7e-11e3-8d24-31c016b976b2_story.html

Repercussão sobre Guaratiba no jornal O Globo

Hoje pela manhã fiz uma entrevista ao vivo para o Bom dia RIO, falando sobre a área de Guaratiba e a região do Campus Fidei, onde haveria a Jornada Mundial da Juventide, que foi inviabilizada pelas chuvas que ocorreram na cidade. O grupo convocado pelo IAB-RJ, mencionado na entrevista, apontou que a ocupação da área por uso habitacional de baixa renda é completamente inadequado. A região deveria ser preservada recebendo Unidades de Conservação Ambiental, que mantenham a riqueza de seus diversificados biomas, e preservem o papel daquela planicie como área alagável.

No sábado também apareceu na coluna do Anselmo o assunto e na segunda feira dia 09/12 também saiu na editoria da cidade. Além de ter sido também vinculado pelo G1.

A coluna do Anselmo...



















A matéria no O Globo de segunda feira dia 09/12/2013














E a matéria no portal G1...



















Vejam a entrevista abaixo...

http://globotv.globo.com/rede-globo/bom-dia-rio/t/edicoes/v/parecer-atrapalha-construcao-de-casas-no-campo-da-fe-em-guaratiba/3005992/

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Debate sobre o filme do arquiteto Alvaro Siza Vieira no IAB-RJ

Dora Alcântara e Pedro da Luz debatem sobre Alvaro Siza
 e a arquitetura portuguesa
Nesta quinta feira dia 28 de novembro de 2013, além da eleição da chapa Planos e Projetos para democratizar a cidade, houve uma seção de filme no Instituto de Arquitetos do Brasil sobre o arquiteto português Alvaro Siza Vieira. Após a seção houve um debate sobre a arquitetura portuguesa. No qual foi mencionado o levantamento dos anos 1950 sobre a Arquitetura Popular Portuguesa, "...um ambicioso estudo mesológico sobre a relação entre sociedade, espaço e natureza."*, que esquadrinhou as origens da tectonia nas várias partes de Portugal. A professora Dora Alcântara abrilhantou a discussão com suas ponderações, classificando a arquitetura portuguesa, como uma manifestação de adequada escala. A singeleza das concepções de Siza foram exaltadas, como uma maneira que se enraiza profundamente na tradição portuguesa de produção do espaço, distante da grandiloquência e magnitude. Uma justeza e precisão no dimensionamento dos programas, que se afasta da repetição mecânica das linguagens particulares, procurando sempre se reinventar a cada novo projeto.

O Adro de Bom Jesus do Matosinhos em Congonhas
do Campo MG
Me lembrei muito do sítio de Congonhas do Campo, com seus passos e os profetas de Aleijadinho da Igreja de Bom Jesus do Matosinhos em Minas Gerais. Uma obra de arquitetura maravilhosa, justa e precisa na compreensão do sítio, desta mesma estirpe da arquitetura portuguesa, mas com um tempero particular do Brasil.

* TESTA, Álvaro - Cosa Mentale: a arquitetura de Álvaro Siza - editora Martins Fontes 1998 São Paulo

Eleição do IAB-RJ para o triênio 2014-16

Ontem dia 28 de novembro de 2013 fui eleito Presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil do departamento do Rio de Janeiro. Gostaria de agradecer a todos que manifestaram apoio as nossas propostas para a renovação desta instituição memorável, que agora se aproxima do seu centenário. Os desafios são imensos, diante de um mundo sobrecarregado de imagens trazidas pelas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), o exercício do ofício parece se diluir sem encontrar prioridades claras que orientem a construção do espaço humano. Diante da consciência de que os recursos do planeta não são inesgotáveis, diante da precarização da vida de amplas camadas da nossa população, o IAB-RJ deve ser um instrumento para democratizar o acesso ao vir a ser das cidades brasileiras. A partir do plano e do projeto da cidade que desejamos, podemos construir uma outra direção para a construção do espaço humano em nosso país. Nossa plataforma explicita quatro pontos que deveriam orientar a construção das cidades brasileiras, reformando o modo como ela vem se produzindo. Os quatro pontos que estamos propondo que sejam priorizados são:


- a Cidade deve ser compacta e densa, evitando-se a dispersão interminável e enfatizando-se o papel aglutinador do antigo centro histórico;

- a Cidade deve ser lugar da convivência da diversidade de classes e de usos, evitando-se os guetos de ricos e pobres e monofuncionalidade;

- a Cidade deve ter mobilidade efetiva para todos, evitando-se a exclusão determinada pela ineficiência ou tarifação alta dos sistemas de transporte coletivo;

- a Cidade deve ampliar o reconhecimento da ecologia e dos biomas locais, construindo-se melhor relação com a natureza.


A notícia da minha eleição foi publicada no O Globo, veja no link abaixo;


http://oglobo.globo.com/rio/instituto-de-arquitetos-do-brasil-tem-novo-presidente-no-rio-10915768

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

É hoje a votação no IAB-RJ, saiu no O Globo na editoria da cidade. Vai ter apresentação de um filme sobre Alvaro Siza as 18:00. Estamos esperando todos os arquitetos do Rio de Janeiro para esta votação. Abs

Pedro da Luz Moreira

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Chapa Planos e Projetos para democratizar a cidade propõe renovação do IAB-RJ

É HOJE...
Prezados companheiros, acompanhantes, simpatizantes e leitores, no próximo dia 28 de novembro de 2013 haverá eleição no Instituto de Arquitetos do Brasil seção Rio de Janeiro, para o triênio 2014-16. Pretende-se que haja um número expressivo de eleitores, para reforçar o IAB-RJ, que irá se aproximar dos cem anos de existência neste periodo. A chapa Planos e Projetos para democratizar a cidade conta com sua participação, engajamento e mobilização para nos auxiliar neste primeiro desafio, de outros que certamente virão. 

Nesse periodo, a cidade metropolitana do Rio de Janeiro, o estado, e o país estarão diante de uma série de eventos internacionais, como a Copa do Mundo, as Olimpíadas, a candidatura da cidade a abrigar o Congresso de 2020 da UIA (União Internacional dos Arquitetos), e outros que demandam do IAB uma atitude crítica e propositiva. A chapa coloca como pressuposto central desta atuação as operações de planejamento e de projeto, como atividades fundadoras do ofício da arquitetura e do urbanismo, que visam democratizar o acesso ao vir a ser do nosso espaço construído. Abaixo um link com nossa plataforma e a nominata. Venham votar e participar e tragam outros arquitetos...

http://www.iabrj.org.br/chapa-%E2%80%9Cplanos-e-projetos-para-democratizar-a-cidade%E2%80%9D-propoe-rejuvenescer-o-iab-rj

Debate CNI e O Globo reflete sobre Mobilidade Urbana nas cidades brasileiras

Na última quarta feira, dia 13 de novembro de 2013, um time variado de políticos, administradores e intelectuais discutiu a questão da mobilidade urbana nas cidades brasileiras. Uma das reinvindicações mais candentes das chamadas jornadas de junho, que tomaram as ruas das cidades brasileiras, como um rastilho de pólvora. As soluções dentro deste tema demandam planejamento e estruturação das ações sobre o território da cidade de forma pensada e articulada. O voluntarismo e a ansiedade por ações de impacto midiático, que se materializam em votos, e, que tanto caracteriza nossos homens públicos, neste campo pode representar um verdadeiro desastre. Transporte é sistema, é rede articulada de modais, que envolvem caminhar seguro, onde o pedestre deve ser privilegiado sobre todos os aspectos. Os diversos modais, como; bicicletas, ônibus, barcas, trens, metrôs, etc...precisam estar articulados a partir de uma hierarquia clara, entre modais de alta capacidade, que estruturam o território e modais complementares.

O debate se iniciou com a palestra do prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, que defendeu a idéia de um planejamento mais estruturador, que garanta maior acerto e maior transparência para o vir a ser das cidades brasileiras. O prefeito de BH também mencionou que dos R$42 bilhões do orçamento municipal anual, R$ 24 bilhões estão sendo investidos em mobilidade, principalmente nos BRTs das Avenidas; Antonio Carlos, PedroII e Cristiano Machado. Marcio Lacerda também registrou o horizonte desejado para o futuro de BH; "Uma cidade policentrada e compacta no futuro, contraposta a atual que se encontra monocentrada e dispersa."

Carlos Eduardo da Secretaria de Transportes Municipal do Rio de Janeiro, iniciou suas reflexões mencionando os pré-requisitos que deveriam nortear um sistema de transportes público de qualquer cidade; rapidez, regularidade e conforto. Carlos Eduardo trouxe um comparativo interessante envolvendo a cidade de Londres, que possui uma rede de metrô e trens urbanos invejáveis, mas que transporta apenas 12% da sua população nos dois modais. Carlos Eduardo mencionou que o carro individual continua seduzindo fortemente as populações urbanas, mesmo onde existem transportes públicos vigorosos, como em Londres. A distribuição dos modais na cidade metropolitana do Rio de Janeiro, segundo o PDTU de 2002, envolve os seguintes indices; 50% ônibus, 10% vans, 17% automóveis particulares, 13% trens e metrô, e 10% a pé ou bicicleta. Dentre os dados apresentados pelo Secretário de Transportes, um se destacou como importante para uma reflexão mais aprofundada sobre os investimentos feitos pela cidade nesta área. A extensão da malha de trens urbanos da cidade metropolitana do Rio de Janeiro soma 270Km, dos quais 150Km estão no município sede. Esta malha de trens urbanos é significativa, e, se encontra subutilizada, pois não inspira confiança na população usuária. Segundo dados da Supervia esta malha transporta 600mil passageiros por dia, já tendo transportado na década de 60, 1,2 milhão de passageiros por dia. Tal fato demonstra muito bem que os investimentos nesta área ainda não possuem, no caso do Rio de Janeiro, a transparência desejada. Carlos Eduardo também mencionou a perspectiva de inauguração de dois sistemas de BRTs transversais aos sistemas radiais da cidade, o BRT Transcarioca e o BRT Transolímpico. O primeiro será inaugurado em 2014 e o segundo em 2016. Há ainda um terceiro corredor de ônibus tipo BRT, que deve ser inaugurado também em 2016, o da Transbrasil, que segue pelo leito da Avenida Brasil, chegando até o centro da cidade, na altura da Candelária, na Avenida Presidente Vargas. A previsão segundo o secretário de transportes é que estes ramais de BRTs representem uma redução de 26% da frota de ônibus circulando na cidade.

Após as colocações do secretário de transportes foi a vez de José Mascarenhas, presidente do Conselho de Infraestrutura da CNI apresentar suas considerações. O representante da CNI iniciou sua reflexão afirmando que o desenvolvimento dos países é interdependente do cotidiano de nossas cidades, segundo ele neste ano 600 cidades no mundo gerarão 60% do PIB mundial. A vida econômica e social das nações é decidida nas cidades. O Brasil possui hoje 85% de sua população morando em cidades. Em 2030, 91% da nossa população será urbana. Para José Mascarenhas falta ao país uma cultura do planejamento, que estruture nossas cidades de maneira a se obter uma melhor qualidade de vida, que acabará por construir uma governança mais transparente. Para o representante da CNI, a cidade brasileira deveria passar a perseguir os seguintes pontos. Em primeiro lugar, conter o seu espraiamento, que inviabiliza sua governança e supervaloriza a terra urbana. Em segundo lugar, é fundamental privilegiar o transporte público de alta capacidade, que deve ser a espinha dorsal da mobilidade. Em terceiro, buscar a construção de bairros auto-suficientes, reduzindo as necessidades de deslocamento no território urbano. Em quarto promover a urbanização de favelas e assentamentos precários, levando a estes infraestrutura e urbanidade. E, por último modernizar os instrumentos de planejamento das nossas cidades, buscando maior transparência para as decisões. José Mascarenhas concluiu defendendo a criação de um fundo monetário compatível e proporcional com o tamanho das cidades, que faria frente as demandas de obras destes organismos.

O presidente do IAB, arquiteto Sérgio Magalhães iniciou suas considerações defendendo a necessidade de se encarar o problema da mobilidade urbana de forma integrada com outras questões como habitação, escala, densidade, valor da terra, que estão sendo encarados no Brasil de forma segmentada e parcial. O fenômeno urbano é extremamente interconectado e complexo para ser reduzido a apenas uma dimensão. Para Sérgio Magalhães a forma da cidade induz, e ao mesmo tempo é induzida pelas opções que oferece para sua mobilidade. Três dimensões devem ser articuladas e pensadas de forma conjunta pelo sistema de projetos urbanos de nossas municipalidades; habitação, escala e mobilidade. A partir de 1960 percebe-se a emergência do pensamento rodoviarista no país, e o declínio do sistema de trilhos, tanto trens quanto bondes em nossas cidades. Esta atitude irá impactar fortemente as densidades de nossas cidades, fazendo-as mais espraiadas e dispersas, inviabilizando a presença dos serviços públicos na totalidade do espaço urbanizado. O arquiteto também apresentou um quadro comparativo com relação ao uso de crédito pelas famílias brasileiras para construção de sua moradia. Segundo o presidente do IAB, em 1945 eram 2 milhões de domicílios urbanos, em 2012 são 50 milhões, destes aproximadamente 80 % foram construídos com a poupança particular das familias, sem acesso aos mecanismos de crédito oficial. O crédito imobiliário no Brasil é dos mais baixos do mundo, enquanto nos EUA ele atinge 68%, no nosso país ele se restringe a apenas 2%.

Por último, falou o representante do Instituto Urbem de São Paulo, Philip Yang, que apresentou um interessante paradoxo presente em nossas cidades contemporâneas, segundo o qual a supressão de vias para carros não implica na piora do trânsito. Para comprovar tal fato, Philip mencionou a cidade de Seul, que recentemente suprimiu um viaduto de ligação expressa, trocando-o por uma via semaforizada, dotada de transporte público, que acabou por melhorar o sistema de circulação na região. Em contraposição, Philip também mencionou a imensa obra rodoviarista de Boston do Turn Pike, um túnel subterrâneo que substituiu um viaduto, com aumento do número de pistas para veículos particulares, que vive com problemas de engarrafamento. Para Philip Yang, no planejamento das cidades é fundamental a articulação de três instâncias de poder; o político, o econômico e o social. Philip concluiu apresentando uma proposta de supressão da oferta de vagas de estacionamento nas áreas centrais das nossas cidades, segundo ele tal atitude desestimularia o uso do carro e ampliaria significativamente a largura de nossas calçadas.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

O filme Fla x Flu 40 minutos antes do nada, documenta uma paixão

A torcida do Flamengo
O filme Fla x Flu 40 minutos antes do nada, documenta o clássico de futebol mais charmoso do Brasil. É um documentário, e como tal pretende apresentar os fatos, enfim a realidade objetiva, mas de uma paixão. A rivalidade crescente entre rubro negros e tricolores. O mistério deste clássico do futebol brasileiro está na emblemática frase do Nelson Rodrigues, que proclamava o Fla x Flu como um acontecimento 40 minutos antes do nada. Apenas aqueles que vivenciaram os momentos que antecedem esta partida no Maracanã, podem entender esse paradoxo proposto pelo velho Nelson. Ele mesmo um dos tricolores mais fervorosos. A chave para se aproximar desta rivalidade, que só faz crescer, me parece está numa auto-confiança mútua que domina as duas torcidas e os respectivos times, seja qual for a situação dos seus elencos. O Fla x Flu é um destes épicos, que só fazem aumentar de intensidade, onde tudo pode acontecer.

Uma visão, como estar em Niterói,
olhando para o Rio de Janeiro
O diretor Renato Terra - arrisco dizer -, é um tricolor empedernido, destes que veem o mundo a partir da lógica do Fluminense, rebaixando um pouco a grandeza do Flamengo e de sua torcida, que é um fenômeno de paixão e dedicação únicos. Mas tal comprometimento não denigri o seu filme, que se debruça sobre um tema, que é impossível ser abordado de forma equilibrada, sem engajamento, ou de forma imparcial. Aliás acho que este é o grande mérito do filme, como as resenhas esportivas de meu tempo de criança, onde os comentaristas e analistas não escondiam suas preferências, declarando e invariavelmente gozando seus pares dos outros times.

Há muitos depoimentos memoráveis no filme, desde de grandes astros como Zico, Leandro ou Assis, até anônimos torcedores com suas superstições e mandingas. Todos são cooptados por esta mística do clássico, e escorregam em emoções perturbadoras, que desfilam na tela de forma elegante, e reveladora. Um dos depoimentos mais impressionantes é de um rubro negro fanático, egresso de uma familia de torcedores do Fluminense, que vira Flamengo no clássico de 1963, quando o empate entre os dois clubes confere o título de campeão carioca ao time da Gávea. Ainda criança, este torcedor assiste ao espetáculo da torcida do Flamengo ao lado de seu pai, na torcida do Fluminense, seu depoimento é algo como;

"Naquele momento virei flamenguista, era como estivesse em Niterói, olhando para a cidade maravilhosa do Rio de Janeiro..."

Sem dúvida nenhuma esta potente analogia espacial, reflete muito do que é esta torcida inigualável. Aliás, no jogo Flamengo e Atlético Mineiro de 1980 assisti a partida, nessa mesma posição, no meio da pequena torcida atleticana no Maracanã, pois não tinha mais lugar no estádio. Acabei assistindo em silêncio obrigatório, um dos maiores espetáculos da terra...

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Seminário de encerramento da série Quitandinha +50 anos

Uma parte dos participantes do encontro de encerramento da
série Quitandinha +50
Foi realizado nos dias 08 e 09 de novembro, no Hotel Quitandinha em Petrópolis, o Seminário de encerramento da série de encontros que o IAB promoveu ao longo do ano de 2013 sobre Política Urbana. A série homenageia o encontro histórico, realizado em 1963, na cidade de Petrópolis no mesmo Hotel Quitandinha, que debateu a Reforma Urbana e o problema da habitação no país. Esse encontro se inseria num debate geral do governo João Goulart, que era o das reformas de base. A série contemporânea de encontros envolveu temas caros à cidade brasileira, procurando exatamente modificar a forma como ela vem sendo construída, dando protagonismo ao projeto e ao plano, como instrumentos que democratizam as hipóteses que lutam por seu vir a ser. Os encontros se realizaram nas seguintes cidades, com os temas assinalados:

Rio de Janeiro, RJ, fevereiro de 2013 - Democratizar cidades sustentáveis
Rio Grande, RGS, abril de 2013- A moradia brasileira
São Paulo, SP, maio 2013 - A gestão das cidades
Brasilia, DF, junho de 2013 - Sustentabilidade Urbana
Belo Horizonte, MG, junho 2013 - Mobilidade Urbana
Manaus, AM, setembro de 2013 - Amazônia Urbana

Petrópolis, RJ, novembro de 2013 - Encerramento

A cidade brasileira permanece extremamente injusta e segmentada. O desafio do país é perceber o potencial que a promoção de cidades mais inclusivas pode fazer para o seu desenvolvimento sustentado, gerando distribuição de renda e equidade. A propaganda governamental; " País rico é país sem pobreza" poderia ser efetivamente alcançada se os governos dedicassem mais tempo a uma política urbana estruturada, articulada e com profundidade. A série de encontros oferece uma série de ações, planos e projetos, que pretendem transformar a realidade das cidades brasileiras no sentido de torná-las mais inclusivas.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

A declaração do ministro Walmir Campello do TCU explica muito a origem da intransparência das obras brasileiras

A matéria que foi ao ar, hoje dia 06 de novembro de 2013, no Jornal da Globo, explica muito do problema das obras no Brasil. Nas palavras do ministro Valmir Campelo do Tribunal de Contas da União (TCU):

 "Falta ao Brasil a cultura do planejamento. Falta ao Brasil a consciência, de que antes de se iniciar qualquer obra tem que se elaborar um bom projeto executivo. Sem um bom projeto executivo a obra está fadada a sobrepreço, superfaturamento..."

Estamos diante, do real problema de execução das obras que o Brasil tanto necessita para transformar o espaço construído pelo homem. Sem uma vontade política mais clara, quanto a este aspecto, permaneceremos sem consciência do real benefício de várias obras.

Vale a pena ver a matéria inteira...

http://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2013/11/tcu-encontra-irregularidades-em-obras-viarias-de-todo-o-brasil.html

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Encontro histórico no Hotel Quitandinha, dias 08 e 09 de novembro de 2013

O IAB realiza nesta sexta e sábado, dias 08 e 09 de novembro no Hotel Quitandinha em Petrópolis, o encontro de fechamento de uma série de eventos realizados no ano de 2013 em várias cidades brasileiras, que debateram a Questão Urbana do país. O evento também celebra os cinquenta anos do histórico encontro de 1963 que debateu a Reforma Urbana, no mesmo Hotel Quitandinha em Petrópolis. A idéia é cobrar das autoridades brasileiras - federal, estadual ou municipal - a mudança na forma de desenvolvimento das cidades brasileiras, buscando um outro projeto mais inclusivo, que melhore a qualidade de vida de forma generalizada.

Abaixo a programação


sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Chapa propõe rejuvenescer o IAB-RJ

CHAPA - Planos e projetos para democratizar a cidade

O século XXI é um tempo de grandes perplexidades. Frente à quantidade inusitada de informações, emerge uma tendência de diluição das prioridades e das ações. O planeta começa a apresentar sintomas de que seus recursos são finitos. A arquitetura e o urbanismo enveredam no referenciamento vazio, distanciado e descontextualizado, que superestima as imagens e despreza as estruturas produtoras.
Por outro lado, a metrópole contemporânea adquire a condição de lugar de vida e de trabalho para grande parte da humanidade, abrindo um horizonte inédito para positivas interações e interdependências. E, acima de tudo, esperanças. Nesse contexto, a ampliação do debate sobre as novas hipóteses de planejamento e projeto para as cidades brasileiras é fundamental. Apenas assim interações e interdependências poderão gerar esperanças transformadoras. Arquitetos e urbanistas precisam se comprometer com o cotidiano de nossas cidades, melhorando efetivamente os padrões de habitabilidade.
As cidades brasileiras precisam transformar o modo como vêm sendo construídas. Para tanto, sugerimos priorizar quatro proposições objetivas:
•  a Cidade deve ser compacta e densa, evitando-se a dispersão interminável e       enfatizando-se o papel aglutinador do antigo centro histórico;
       a Cidade deve ser lugar da convivência da diversidade de classes e de usos, evitando-se os guetos de ricos e pobres e monofuncionalidade;
       a Cidade deve ter mobilidade efetiva para todos, evitando-se a exclusão determinada pela ineficiência ou tarifação alta dos sistemas de transporte coletivo;
       a Cidade deve ampliar o reconhecimento da ecologia e dos biomas locais, construindo-se melhor relação com a natureza.
Há mais de noventa anos, desde a fundação do Instituto dos Arquitetos do Brasil, a luta pela contratação de projetos por meio de concursos públicos era a forma de se obter transparência para os custos e benefícios das obras. Esse patrimônio de lutas e de ações, algumas exitosas, construiu um sentido para o IAB, que permanece pautando seus objetivos nas complexas relações existentes entre plano e projeto de um lado e a realidade do outro.
O IAB, em seus objetivos, busca ser a casa dos arquitetos, onde o debate do espaço construído pelo homem possa auxiliar no aperfeiçoamento da experiência democrática.. Nesse sentido, nossa meta comum é a requalificação da nossa sede, abrindo-a para os interesses mais amplos de outros grupos e para uma construção compartilhada.
Diante da constituição do conselho uniprofissional, velha bandeira configurada e incorporada ao IAB, devemos acompanhar a estruturação das novas instituições, enfatizando a dimensão cultural da arquitetura. Um IAB renovado em representatividade atrairá as novas gerações, buscando uma inserção social no cotidiano das cidades brasileiras.
O século XXI é um tempo de consolidação da democracia, que coloca o desafio da autonomia para amplas camadas de cidadãos. As condições de sustentabilidade ambiental requeridas devem partir da premissa da convivência mútua entre natureza e cidade. Essa convivência tem papel importante para o cidadão, tornando-o consciente da complexidade do planeta.
O compromisso dos arquitetos e urbanistas com as cidades brasileiras não pode ser vazio, baseado numa onda momentânea, simplesmente retórica. Devemos acreditar que as mudanças são possíveis!
Planos e projetos para democratizar a cidade
O IAB-RJ deseja incorporar os esforços de todos os arquitetos, em múltiplas aptidões e inserções profissionais, na defesa de um novo modo de construir as cidades brasileiras. Assim, temos os seguintes objetivos:
1.       IAB-RJ independente e participativo
2.       Promoção e ampliação do debate sobre as cidades brasileiras
3.       Aumentar o número de concursos públicos de projetos
4.      Construção da sustentabilidade do IAB-RJ
5.        Aproximação com as novas gerações, atraindo sócios novos
6.       Ampliação da comunicação com os arquitetos
7.        Intensificação do uso da sede como ponto de encontro dos arquitetos
8.       Reforma da sede para reabrigar a biblioteca da entidade
9.        Conexão da biblioteca com um sistema de bibliotecas de arquitetura
10       Novos cursos
                                                 

CONSELHO ADMINISTRATIVO - CA:

Pedro da Luz Moreira (Presidente)

Vice Presidentes:
Marcio Tomassini (Financeiro)
Marat Troina (Administrativo)
Fabiana Izaga (Institucional)
Ceça Guimaraens (Cultural)

CONSELHO SUPERIOR – COSU:

Conselheiros Vitalícios do COSU

Demetre Anastassakis
Sérgio Magalhães

Titulares:

Adir Ben Kauss
Flávio Ferreira
Jerônimo de Moraes Neto
Luiz Fernando Janot
Norma Taulois
Vicente Loureiro

CONSELHO DELIBERATIVO – CD:

Titulares:

Alder Catunda Timbó
Alice Varella
Bruno Michel
Celso Girafa
Cesar Jordão
Cláudio Crispim
Cristiane Duarte
Eduardo Cotrim
Luiz Carlos Flórido
Maria Isabel Tostes


CONSELHO FISCAL – CF:

Titulares:

José Miguez
Luciano Medeiros
Martha Allemand









Suplentes:

Cêça Guimaraens
Fabiana Izaga
Gerônimo Leitão
Lucas Franco
Marat Troina
Pablo Benetti



Suplentes:

Carlos Alberto Perez  Krykhtine
Cristiane Ramos Magalhães
Gabriel Soares
Maria do Carmo Maciel Di Primio
Verena Andreatta







Suplentes:

André Luiz Pinto
Luiz Claudio Franco
Ricardo Villar

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

O filme gravidade

O filme gravidade é uma interessante reflexão sobre o espaço, a ausência de gravidade, o medo, o silêncio, a comunicação e a interação entre seres humanos e suas tragédias pessoais. O desenvolvimento da trama nos leva a considerações sobre o espaço externo e interno, na nossa experiência corporal mais elementar. Relações de proximidade, distância, segurança, aconchego, abrigo, ordem, desordem, interior e exterior, que perpassam nosso cotidiano diário, dominado pela lei da gravidade, são enfatizados pela imensidão do espaço sideral, a falta de gravidade e as condições de um roteiro preciso e cirúrgico.

As cidades iluminadas em nosso planeta,
o limite entre dia e noite e o nascer do Sol
Para começar, a espacialidade do filme é dominada por uma dualidade literalmente aterradora. Na maior parte das cenas, a tela estará dividida em duas partes, de um lado há o nosso planeta, e de outro a imensidão do cosmos, as cidades iluminadas da Terra, o sol no horizonte, e a fronteira entre o dia e a noite. De um lado o abrigo, o aconchego, o conhecido, nossas vidas com seus dramas pessoais, seus momentos trágicos, e muitas vezes desconfortáveis, e de outro, o desconhecido, o inexplorado, uma fronteira sem limites de possibilidades assustadoras de reconstrução, e de abandono de nossas tragédias pessoais. A deriva, a exploração, a coragem pioneira são escavadas de uma maneira que recorrentemente se pergunta; a coragem para enfrentar este desafio advém da nobreza de sentimentos ou do desconforto de situações particulares que nos lançaram na busca do desconhecido?
George Clooney e Sandra Bullock
O pioneirismo envolve uma coragem desproporcional ou é fruto de uma vontade de se afastar de problemas que não podemos efetivamente resolver? O filme não responde estas questões de forma simplista e reducionista, mas simplesmente desfila diante de nossos olhos as personalidades diferenciadas dos dois protagonistas; o veterano astronauta Matt Kowalsky (George Clooney) e a novata Ryan Stone (Sandra Bullock) em diálogos primorosos, que ao mesmo tempo mostram a grandeza e a fraqueza do humano.

Sandra Bullock e nosso planeta
A exploração de novas fronteiras, o pioneirismo, o desconforto com nossas vidas passadas confrontam de maneira inteligente a espacialidade interna de cada um de nós, com a espacialidade externa sem limites da imensidão de nosso próprio planeta e do cosmo. A segurança, o desconforto das vidas pregressas, as possibilidades da imensidão do espaço sideral. A Terra é vista também como um lugar cheio de lugares e especificidades, como o lago Zurich, no estado Illinois, origem da astronauta Ryan Stone, interpretada pela atriz Sandra Bullock, ou a Califórnia de Clooney. A dimensão da fronteira, do inexplorado não está apenas no além, mas também dentro de nós mesmos. Na complexidade da vida no lago, onde Bullock retorna a terra, quando um sapo ou uma rã simplesmente assistem a astronauta se desvencilhar da roupa de astronauta para conseguir chegar a superfície e respirar o ar da terra.

Outra questão presente no filme é a comunicação entre seres humanos, num mundo que desenvolveu incrivelmente as possibilidades de conexão, as interações parecem se banalizaram, tendendo a um relacionamento superficial, sem aprofundamento. O silêncio da imensidão do espaço e o palavrório da nossa comunicação contemporânea. Enfim um filme maravilhoso...

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Publicado no O Globo de 26/10/2013 um artigo meu sobre arquitetura feia

O Conjunto habitacional no antigo terreno do Presídio
Frei Caneca
Foi publicado no jornal O Globo de 26 de outubro de 2013, um artigo meu sobre arquitetura feia. A matéria trazia alguns exemplos mencionados por outros colegas de edificações na cidade do Rio de Janeiro que não primavam pela beleza. Dentre eles o conjunto habitacional construído no terreno do antigo presídio da Frei Caneca, que prima pela inadequação ao contexto. A arquitetura do programa Minha Casa Minha Vida vem recorrentemente reproduzindo este tipo de implantação inadequada, que mais contribui para estigmatização, do que para a integração. No artigo menciono o caráter impositivo da arquitetura frente a outras artes, baseado num crítico italiano Bruno Zevi. Menciono também a cúpula de Santa Maria del Fiori em Florença, relembrando o cuidado e o debate que envolveu sua solução e concepção por um concurso público, vencido por Bruneleschi no século XIV. Abaixo a íntegra do artigo:

O que gera arquitetura feia? 

Ou melhor, o que faz a arquitetura inadequada diante de determinados contextos? Certamente um dos itens mais recorrentes nesta avaliação é a ausência de uma generosidade urbana, isto é, edifícios que não compreendem as complexidades da cidade e se posicionam de forma autista e alheia ao entorno urbano. 

Edifícios que não compreendem que a fruição do espaço pelo ser humano não sofre descontinuidade entre interior e exterior, mas que representa uma só continuidade. O crítico italiano Bruno Zevi escreveu que há na obra de arquitetura um inevitável caráter impositivo. Diferentemente de outros campos da arte, a obra arquitetônica impunha sua presença de forma autoritária e inexorável. Usuários variados podiam não assistir a uma peça de teatro, ou a um filme, ou se recusar a comprar um determinado livro ou obra literária, ou ainda não ir a uma exposição de um artista. Mas com a arquitetura estas opções não existiam, pois sua presença se impunha à paisagem urbana.


A saída inevitável para tal dilema é a ampliação da discussão da adequação de determinadas obras aos seus contextos específicos. A cultura do projeto, que se antecede, simulando os efeitos, benefícios e impactos das novas obras é algo inevitável, que certamente nos defende de muitos desastres anunciados. O desenvolvimento de técnicas de apresentação virtual de projetos, a confecção de maquetes físicas em várias escalas, o confronto de diversas hipóteses de implantação e desenvolvimento são certamente antídotos para a arquitetura feia. 

O duomo de Florença projetado por
Bruneleschi
Recentemente li que Bruneleschi, autor da cúpula de Santa Maria Del Fiori na cidade de Florença, apresentou no concurso em questão uma maquete que descrevia sua solução, mostrando a Comissão da Ópera sua concepção em detalhe. Esta antevisão e debate aprofundado sobre as complexas relações de custo e benefício que toda obra envolve são certamente um antídoto à arquitetura feia. O projeto é certamente um instrumento poderoso para ampliação da efetiva democracia neste campo, e esta não é garantia de acerto, mas da diminuição dos riscos de se produzir uma arquitetura feia