A favela de Rio das Pedras |
Para tal, é preciso estruturar uma política pública de Estado de urbanização, que analise cada uma das especificidades dessas comunidades, garantindo-lhes a presença de urbanidade, um conceito que envolve; distribuição de água, coleta de esgotos, de resíduos sólidos, iluminação pública, segurança, calçamento, transporte público, áreas de lazer e amenidades, equipamentos de educação, saúde e cultura, etc... Enfim tudo aquilo que podemos caracterizar como a boa vida urbana. Uma série de atributos, que envolvem uma política continuada, que se inicia com as obras, mas deve se manter com a prestação de serviços por parte de Secretarias e concessionárias tão variadas como; as Secretarias de Urbanismo, Educação, Cultura, Saúde, e concessionárias como; CEDAE, a COMLURB, a RIOÁGUAS, a RIOLUZ, a CETRIO, e outras, que conferem aos bairros mais estruturados da nossa cidade, a pretendida urbanidade. E, aqui precisamos não apenas fazer bem feito, mas nos debruçar sobre experiências passadas, não apenas em nossa cidade, mas em outras no nosso país,e até no exterior, procurando aprender com elas, ajustando fragilidades e se antecipando a determinados gargalos e problemas anunciados. Nos últimos anos, apenas nas duas maiores cidades do Brasil, São Paulo e Rio de Janeiro, há experiências como o Favela-Bairro, Cingapura, Renova São Paulo, e Morar Carioca que apresentaram soluções e problemas variados. Há em Rio das Pedras problemas complexos e variados, que envolvem o meio ambiente, macro-drenagem, sub-solo inadequado e outros, que devem ser analisados em conjunto pois impactarão em custos e demandas futuras.
Um dos pontos mais importantes, que se destaca de todas as experiências anteriores citadas, é o fato de que a reversão do estigma das áreas informais de favelas demandam políticas continuadas, revertendo a forma como o conjunto da sociedade encara esses aglomerados. Após a implantação e as inaugurações das obras é necessário um trabalho continuado de doutrinação junto às concessionárias para que ofereçam um padrão de manutenção dos serviços urbanos a altura dos investimentos público mobilizados. O período pós-obra é tão importante, e deve orientar as decisões do projeto e suas consequências para a manutenção da pretendida urbanidade. Apenas como exemplo, a experiência dos POUSOS (Posto de Orientação Urbanística e Social) implantados pelo Favela Bairro, que pretendiam orientar e coibir de forma continuada as reformas e expansões inevitáveis, não conseguiram ser empoderados efetivamente nas comunidades cariocas, fazendo com que muitas delas voltassem à informalidade e retrocedessem da urbanidade alcançadas com as obras. Porque? O que faltou? Nesse sentido, vale lembrar à atual gestão da prefeitura do Rio de Janeiro, que a administração anterior promoveu um concurso de metodologias de projetos de urbanização de favelas, que selecionou quarenta equipes no âmbito do Programa Morar Carioca, com resultados notáveis. Cabe portanto, a lembrança de que nesse campo da urbanização de favelas mais do que inventar a roda, muitas vezes basta fazê-la rodar.
Abaixo o link de duas matérias do jornal O Globo, a primeira da edição de 17 de abril de 2017, com a matéria mencionada no texto acima. A segunda, também do jornal O Globo do dia 18 de abril, na qual fui entrevistado como presidente do IAB-RJ.
http://oglobo.globo.com/rio/esperanca-para-rio-das-pedras-21206691
http://oglobo.globo.com/rio/presidente-do-instituto-de-arquitetos-do-brasil-critica-verticalizacao-de-rio-das-pedras-21219344
Vergonha
ResponderExcluir