segunda-feira, 22 de julho de 2013

Matéria no Estado de Minas de ontem dia 21 de julho de 2013 sobre o Q+50 Mobilidade Urbana em BH

http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2013/07/21/interna_gerais,425718/transporte-publico-e-pauta-de-evento-na-capital.shtml

omingo, 21 / julho / 2013 | Caderno - Gerais
Transporte público em pauta


Todos os dias, Sérgio Coelho, de 33 anos, se desloca do Coração Eucarístico, na Região Nordeste de Belo Horizonte, até o Santo Agostinho, no Centro-Sul. Pegando o metrô e caminhando cinco quilômetros, ele gasta 30 minutos no percurso até o trabalho. De carro, com o caos do tráfego da capital, ele levava uma hora para chegar ao destino. “O ideal seria ter metrô até a Savassi e a Pampulha”, ressalta, justificando que não gosta de pegar ônibus porque eles demoram a passar. Já a vizinha de bairro, a advogada Luzia Fernandes dos Santos, de 37, prefere ir de carro até o Bairro de Lourdes, onde trabalha, porque os coletivos são poucos e estão sempre lotados. “Os usuários pagam caro por um transporte sem qualidade. O metrô é até bom, mas não vai aonde eu trabalho”, acrescenta.

Ambos engrossam o coro popular de insatisfação com o transporte público, que foi o estopim para as manifestações que ocorreram em todo o país no mês passado. Ontem, eles conheceram e aprovaram o ônibus do BRT durante um evento na Praça da Assembleia. Com o tema Mobilidade Urbana, a iniciativa foi promovida pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) e reuniu representantes da BHTrans e da Polícia Militar.

 A ideia, segundo Rose Guedes, presidente do Departamento de Minas Gerais do IAB, era garantir uma maior participação popular e um espaço democrático para o diálogo com a comunidade sobre a construção de cidades sustentáveis. Um microfone estava disponível em uma tribuna popular para quem quisesse se manifestar. Francisco Maciel, secretário geral da Associação de Usuários de Transporte Coletivo da Grande BH (AUTC), usou o espaço. Ele ressaltou que a AUTC defende a prioridade do coletivo sobre o individual. “É preciso que as vias sejam mais dedicadas ao ônibus do que ao carro, que tenha pedágio urbano dentro do limites da Avenida do Contorno, rodízio de placas e proibição de estacionamento em áreas centrais”, diz.

Pedro da Luz Moreira, arquiteto da diretoria do IAB nacional, diz que a mobilidade significa o acesso a uma melhor oportunidade na vida. O arquiteto, assim como Francisco Maciel, acredita que as cidades erroneamente continuam investindo em obras pensadas na cultura do carro, do indivíduo, em detrimento do coletivo.

SOLUÇÃO SIMPLES Ainda na programação do sábado, foi realizada na sede do IAB-MG, no Bairro Cruzeiro, uma mesa-redonda com os arquitetos Angelica Alvim, Jupira Mendonça e José Abilio Belo sobre o tema Mobilidade, projeto e cidade-metropolitana. Manuel Herce, professor da Universidade Politécnica da Catalunha (Espanha), apresentou uma conferência. Para ele, a solução para o trânsito das cidades é simples: investimento em transporte público.

Seminário do IAB Q+50 em Belo Horizonte discute Mobilidade Urbana - resumo da sexta feira dia 19 de julho de 2013

Foi realizado em Belo Horizonte mais um seminário da série Quitandinha +50 anos do Instituto dos Arquitetos do Brasil, que comemora os cinquenta anos do legendário encontro realizado no hotel em Petrópolis em 1963, que debateu a Reforma Urbana, dentro do contexto das reformas de base que mobilizava o país. Desta vez o Q+50 discutiu sobre Mobilidade Urbana, tema que vem mobilizando uma série de manifestações pelo país que lutam por melhor qualidade de vida nas nossas cidades.

O encontro se iniciou na sexta feira dia 19 de julho com um quadro institucional dos transportes na cidade de Belo Horizonte. Logo após foi composta uma mesa com os arquitetos Vicente Loureiro, Demetre Anastassakis e o engenheiro Zenilton Kleber Gonçalves. Após as tres apresentações foi apresentada a palestra da arquiteta Valeska Peres da ANTP, Projetos de Mobilidade Urbana, atribuição dos arquitetos. Depois da palestra a mesa foi recomposta com os quatro participantes mediados por mim, o arquiteto Pedro da Luz Moreira.

Arquiteto Demetre Anastassakis apresenta suas provocações 
no Seminário Q+50
A palestra de Vicente Loureiro chamou a atenção para a extensão da malha de trens urbanos da cidade do Rio de Janeiro, equiparando em tamanho a outras cidades importantes pelo mundo. Apesar deste tamanho a malha de trens transporta apenas 3% da população da cidade metropolitana, o que contraposto aos 57% que usam o sistema de õnibus, demonstra muito da falta de confiança da população do Rio de Janeiro no sistema. Vicente também anunciou que está formulando com o IAB-RJ um Concurso de Idéias para qualificar o sistema de trens metropolitanos da cidade metropolitana do Rio de Janeiro.

Logo após houve a apresentação do engenhero Zenilton Gonçalves, que enfatizou que o problema dos transporte público nas cidades brasileiras não se restringem a uma incapacidade inventiva, mas a uma forte carência de gestão do sistema. Zenilton enfatizou que a gestão do sistema atual deve ser operada, procurando otimizar seu funcionamento buscando padrões de conforto para o cotidiano da população usuária. O Engenheiro da MP engenharia também enfatizou a ideia de que o planejamento do setor deve enfrentar o desafio de ser ao mesmo tempo; participativo, integrativo, multimodal, com gestão compartilhada e de forma inter disciplinar.

A apresentação do arquiteto Demetre Anastassakis reinvindicou que o urbanismo assuma seu caráter de coordenador do território urbano, conciliando diferentes agentes e atores urbanos pelo desenho da cidade. O arquiteto também assinalou a capacidade que os sistemas de mobilidade das cidades possuem em induzir a ocupação do território, articulando diferentes fenômenos como valor da terra, densidade, atração de atividades, desenvolvimento econômico, etc...

Por último, a arquiteta Valeska Peres defendeu a necessidade de diminuir as demandas por deslocamentos em nossas grandes cidades, aproximando moradia de trabalho/escola. A arquiteta também assinalou que o fenômeno da hegemonia populacional urbana frente a população campesina é recente, gerando uma série de problemas que permanecem sem solução.

A partir destas colocações o público presente ao evento questionou os palestrantes em uma série de aspectos. Dentre os quais, destaco a questão colocada pelo Movimento do Passe Livre, que alegou que o subsídio governamental deveria abandonar a industria automobilística e incentivar os modais de transportes de alta capacidade.