sexta-feira, 31 de outubro de 2014

A palestra de Juan Carlos Rico no IAB-RJ - Cidade e Participação

Estrutura provisória para explicar as obras de transformações de Berlim

No último dia 29 de outubro de 2014 foi realizado no IAB-RJ a palestra do arquiteto espanhol Juan Carlo Rico autor de várias reflexões sobre museus, exposições e a cidade, debatendo o significado da inserção dos museus nos mundos da vida contemporânea. A palestra foi extremamente provocante e abordou temas como a massificação da cultura, o didatismo da cidade como forma emblemática do vir a ser de uma comunidade, a escala e a percepção, e repetição e monumentalidade, dentre outros.  A construção de um cenário variado e provocante, que constantemente questiona a inserção, a capacidade de assimilação e o didatismo de diferentes tipos de acervos fez os presentes refletir sobre as complexas relações entre qualidade e quantidade na nossa contemporaneidade.

A estação central de Berlim
As cidades foram caracterizadas como um imenso acervo de obras de arte variadas e múltiplas, que muitas vezes estão invisíveis, num posicionamento que destaca a unicidade de cada uma delas. Para mim a experiência de Berlim narrada pelo arquiteto espanhol, ganhou grande relevância pelo esforço promovido para divulgar e conscientizar sua população das transformações, que simbolicamente reconstruiram a unidade da Alemanha. As maquetes, o processo de evolução da cidade, a reconstrução do seu papel de capital, o papel das redes de transportes e comunicação sobre o seu território demonstram como a transparência das mudanças procurava cooptar a comunidade para seu próprio projeto de futuro. O instituto de urbanismo de Berlim possui uma série de maquetes da cidade, que inclusive reconstroem momentos da sua história. Esse instrumento é um mecanismo fantástico para a mobilização da população e para sua melhor compreensão das transformações propostas.

O ministro das cidades do Brasil visita as maquetes de Berlim
Um lugar concreto para mim é a representação mais forte dessa reconstrução da capitalidade da Berlim contemporânea, a estação central da cidade, um imenso cruzamento de linhas e redes de transportes de diferentes escalas e velocidades. Pessoas que chegam, outras que saem, lojas, trens de alta velocidade que ligam capitais distantes, o sistema de metrô de Berlim, linhas de ônibus, enfim uma imensa conectividade, que certamente impacta positivamente o cotidiano do cidadão.Pois bem o professor Juan Carlos Rico apresentou uma imensa estrutura provisória que informava o público sobre a futura Berlim. Nesse espaço eram apresentados propostas e idéias para a futura Berlim, isto é projetos ainda não acabados, que pretendiam a ampliar a transparência das transformações explicando para a população os custos e benefícios pretendidos. Um exemplo para nossa prática política brasileira, onde as obras e os projetos não são previamente debatidos e seus custos e benefícios deixam de ser avaliados por parcelas expressivas da população.