terça-feira, 7 de julho de 2015

Plano e projeto, uma perspectiva de destino para o país e o livro Brasil, uma biografia

Starling e Scwarcz na FLIP em Paraty


Um recente debate realizado na FLIP 2015 em Paraty traz para o Brasil uma importante reflexão sobre seu futuro e suas potencialidades, foi entre as autoras do recém lançado livro Brasil; uma biografia; a antropóloga Lilian M. Schwarcz, e a historiadora Heloisa M. Starling. Estamos diante de um impasse e de uma crise da nossa história, que envolve uma série de escolhas e alternativas, que deverão ser feitas e pavimentadas por um plano e projeto de país. A perspectiva histórica dos últimos anos traz para nós a responsabilidade de que não podemos nos calar e omitir, pois há uma vertente cultural entre nós, que é autoritária. Nesse sentido, a fala de Starling no debate caracterizando as manifestações de junho de 2013 como geradoras de perplexidades e de uma certa ausência de destino são a meu ver preocupantes:
"A história do Brasil não traz uma perspectiva de destino. Ela é feita de escolhas e das suas consequências. Em vários momentos dessa história o Brasil tentou encontrar a si próprio. O final de toda procura é o encontro. Nem sempre os encontros são fáceis, não existem escolhas simples. Mas se o encontro ocorrer e for feita uma escolha, quem sabe no Brasil a democracia possa não ter fim e a república recomeçar entre nós."
A fala traz uma certa perplexidade, que não nos ajuda diante de um quadro institucional dificil e complexo pelo qual passamos. O livro das duas autoras me parece muito mais assertivo, chegando a desenhar uma proposição concreta, que é identificada como prioritária para o futuro do país, a ampliação do republicanismo. O livro oferece como conclusão - no capítulo,"História não é conta de somar" -  a proposição de que além do desenvolvimento de instrumentos institucionais democráticos, já operando no Brasil, é necessário ampliar a prática republicana entre nós, que envolvem uma maior transparência das ações e decisões dos governos.

"Já no final do primeiro governo Dilma Roussef vieram a público as operações de corrupção ativa, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e incompetência gerencial na Petrobrás - a estatal mais valiosa e a que melhor simboliza as ambições de soberania e independência econômica dos brasileiros...Enfrentar a corrupção exige controle público, transparência das ações dos governantes e um processo de formação de uma cultura republicana que seja exercitada cotidianamente pelo brasileiro comum..."
Há aqui nesse trecho do livro um comprometimento com uma proposição concreta, que reafirma o combate a corrupção pela ampliação da transparência. Portanto, temos diante de nós uma clara opção pela ampliação do republicanismo entre nós, que envolve uma maior transparência na contratação de empresas construtoras e de serviços, debatendo de forma antecipada a adequação dos projetos e investimentos públicos.

O que me assusta na atual crise que enfrentamos é o risco de um retrocesso com relação a alguns aspectos que conquistamos, uma forma de desenvolvimento com inclusão social. Há uma vertente conservadora, e que reafirma a fórmula de desenvolvimento autoritário, sem participação da sociedade civil organizada, uma intervenção e regulação do estado, que pretende e acha possível o desenvolvimento econômico, sem políticas de combate a desigualdade social. Por outro lado, há uma vertente desgastada pelos últimos governos, que também é conservadora e luta pela implantação das teses de um desenvolvimento com inclusão social.

Nossa opção, corroborada pela última eleição deve ser por um dessenvolvimento que promova a inclusão social. Abaixo o link da matéria no jornal O Globo.
http://oglobo.globo.com/cultura/livros/aula-de-lilia-schwarcz-heloisa-starling-sobre-brasil-aplaudida-de-pe-em-paraty-16656123