sábado, 3 de janeiro de 2015

O Brasil caiu numa imensa mediocridade paralisante

Nos primeiros dias de 2015 cabe uma reflexão sobre as práticas e atuações políticas com as quais o Brasil vem se confrontando ao longo dos últimos anos. Uma revisão do que conseguimos ou lutamos por realizar. Num balanço geral, no campo da política urbana chegamos a conclusão de uma imensa mediocridade, nos nossos debates e em nossas experiências concretas, que não superaram velhos paradigmas instalados, que se repetem, sem ao menos ser oferecida uma alternativa. As cidades brasileiras, espaço onde habitam 85% da população nacional, permanecem presas numa produção habitacional, que reproduz práticas do antigo BNH, como o Programa Minha Casa, Minha Vida (MC,MV). Ou na área de mobilidade urbana, onde reproduzimos de forma pouco criativa programas colombianos do sistema Bus Rapid Transit (BRTs) como o Transmilenium, sem obter a mesma ação coordenada entre diversos programas, que o urbano sempre exige.

No ano eleitoral de 2014 a questão urbana, que hoje aflige milhões de brasileiros, aproximadamente 170 milhões, não foi discutida na campanha presidencial de forma clara e articulada. Os principais candidatos não polemizaram o espaço construído brasileiro, e as alternativas a sua atual forma de se reproduzir e expandir. A cidade brasileira segue sendo produzida gerando; guetos de pobres e guetos de ricos que se protegem, evitando qualquer contaminação mútua, uma cidade com sua mobilidade dependente do automóvel particular, uma cidade dispersa e espraiada, onde as infraestruturas não estão universalizadas, e por último uma cidade que não convive bem com o meio ambiente natural.

Apenas nesses quatro pontos não identificamos e não formulamos qualquer proposta para se contrapor a inércia da atual produção da cidade brasileira, isto é seguimos com o Ministério das Cidades refém de uma política que repete práticas dos tempos tecnocráticos da Ditadura Militar. O déficit habitacional, que segundos estudos recentes chega a 6 milhões de moradias segue inalcansável, com os governos produzindo empreendimentos distantes e destituídos de qualquer urbanidade, nas periferias afastadas. Por outro lado, os antigos centros urbanos brasileiros, que invariavelmente concentram construções e esforços notáveis seguem esvaziados e abandonados, com seu patrimônio sendo deteriorado. As obras de mobilidade são tímidas e não penalizam os automóveis individuais que seguem recebendo subsídios dos governos, seja em isenção fiscal ou em obras viárias.

Enfim, precisamos urgentemente sacudir a poeira e mudar nossa política urbana, encarando de frente nossa inercial forma de fazer cidades.

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