sábado, 3 de janeiro de 2015

Nova York, o comércio de rua, o parque, a quadra, suas tipologias e o sistema locacional

Impressionante a vitalidade do comércio de rua na cidade de Nova York. Na região do Midtown, que corresponde ao espaço contido entre a rua 30 e a borda sul do Central Park, há uma concentração de lojas abertas diretamente para o logradouro público simplesmente impressionante. As calçadas da cidade ficam lotadas de consumidores gerando fluxos de deslocamentos, que chegam ao limite de precisar de sinal, principalmente nas esquinas onde os deslocamentos são  mais complexos. O comércio de rua possui uma imensa vitalidade, a cidade não se deixou encantar pelo comércio de shopping, dando uma qualidade para a vida no espaço público, que é invejável. Apesar das grandes corporações muitas vezes estarem dominando esse comércio, há ainda uma pulverização entre empreendedores locais, que mantém seus negócios. A cidade parece uma festa com suas ruas cheia de gente, apesar da temperatura beirar os zero graus centígrados e o vento encanado pelas grandes torres determinar a potencialização dessa sensação térmica.

O plano de Nova York data de 1811 e em seu desenho original não existia a presença do Central Park, que seria uma imensa desapropriação realizada em 1853, e que em 1858 escolheu o projeto de Frederick Law Olmsted e Calvert Vaux como proposta paisagística a ser implantada. O contraste entre ambiente urbano artificial circundante e parque natural no centro da ilha parece querer nos mostrar um certo aprisionamento da natureza, ou uma celebração da vida urbana, que também se aproxima e domestica a natureza. Aqui também apesar das baixas temperaturas encontram se uma impressionante massa de estrangeiros e habitantes da cidade, que desfrutam de um paisagismo inteligente, de Olmsted e Vaux, que volta e meia contrasta o desenho romântico dos traçados curvos, com eixos de perspectivas retas e racionais.

A quadra do plano de Nova York de 1811, na sua parte planejada, ao norte do Downtown, que era a antiga New Amsterdan, possui um dos desenhos mais homogêneos, onde não só as quadras são iguais em suas dimensões gerais, mas também no tamanho dos lotes. Apesar disso, o desenvolvimento da cidade gerou uma imensa diversificação de tipologias arquitetônicas, das antigas  casas brownstone as imensas torres que podem ser percebidas numa caminhada pela cidade. Nesse conjunto, a torre que mais se destaca é a do Empire State Building por se posicionar ao sul da região da Midtown, onde a densidade de torres sofre uma expressiva diminuição.

Além disso, Manhattan na área do plano desfruta de um sistema locacional cartesiano baseado na malha xadrez numerada em ordem sequencial de ruas e nas direções cardiais, norte, sul e leste e oeste, que possibilita ao mais estrangeiro dos visitantes uma constante identificação de sua própria posição. Sem dúvida um sistema dotado de um imenso cosmopolitismo locacional capaz de transmitir segurança a qualquer visitante, por mais estrangeiro que seja.

2 comentários:

  1. Uma cidade fantástica pra se andar a pé, com aqueles passeios enormes.
    Diz o "Zuárzio" [Mascarenhas Santos] que o ideal é percorrê-la de maca, e é certo que a cidade tem duas paisagens: a que a gente usufrui "au rez-de-chaussé" até uns 8, dez andares acima, e a que a gente só conhece do alto, do topo de um dos "skyscrappers", numa sucessão de belas soluções de coroamento.
    Philip Johnson foi o primeiro posmoderno a recuperar esta leitura clássica, de capitel, no AT&T.

    Ali não há como se perder e, ao mesmo tempo, a cada esquina, um achado. E como o metrô é confuso, mal sinalizado e sujo, melhor mesmo é o "lets get lost" na superfície.
    Aí chegou o Carlos Eduardo e detestou tudo, que rabugento, o suíço, na verdade queria era mesmo impor ali uma de suas autointituladas "cidades radiosas"... seriam mesmo radiosas? Hmmm...

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    1. Acho que não entendi muito os comentários ao meu post, mas a vitalidade do comércio de rua de NY traz muitas pessoas às calçadas, o que acaba por determinar principalmente no Midtown um afluxo assustador de pedestres, que já começam a demandar um certo controle de fluxos nas suas esquinas... Quanto ao Le Corbusier e suas propostas para as cidades radiosas, acho que elas são a antítese de NY, pois pretendiam terminar com as quadras e os lotes da cidade tradicional. Um pouco como uma tábula rasa...

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