George Washington atravessa o Hudson |
"Consideramos estas verdades como auto-evidentes, que todos os homens são criados iguais, que são dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes são vida, liberdade e busca da felicidade."Wikipedia
O novo mundo, um território cheio de promessa e de esperança, uma mistura de caipirice e cosmopolitismo nunca experimentado. Tiradentes no Brasil, Robespierre na França pareciam ter encontrado naquelas treze colônias recém libertas uma clara direção, um apelo a libertação humana. Essa geografia da América dotada de magros atributos, de seios perfeitos, grandes parques, coxas poderosas, pouco glúteo, mas uma vontade insaciável e sorridente, que seduz mas não quer dominar, nem ser conquistada. Mas será que as treze colônias sabiam o passo que estavam dando? Para mim, até hoje os nossos irmãos do norte não parecem ter a verdadeira consciência das reais consequências para a história da humanidade da sua libertação em 1776. Um sertão na periferia do mundo, que produz um passo importante, sem saber ao certo suas consequências para a história da humanidade...
Há questões complexas na revolução americana, que merecem reflexão e resistem a atitudes meramente celebratórias, condenatórias, e muito menos simplificadoras. Um primeiro ponto é, que a Declaração de Independência generaliza aspectos humanistas como se as treze colônias estivessem diante do julgamento da espécie humana;
"Quando no curso dos acontecimentos humanos, torna-se necessário para um povo dissolver o vínculo político que o mantinha ligado a outro, e assumir entre as potências da terra a situação separada e igual que as leis da natureza e o Deus da natureza lhe dão direito, um decoroso respeito às opiniões da humanidade exige que ele declare as causas que o impelem à separação." KARNAL 2008 página88
Junto com a felicidade da primeira citação, o clima de prestação de contas ao conjunto da humanidade é um fato. A presença de uma expectativa inusitada de estar mudando a existência humana em sua práxis cotidiana. Num segundo ponto é preciso também lembrar, que a Revolução Americana foi fruto e consequência da atuação de milícias organizadas, mas autônomas, numa tática de guerrilha, com claras analogias com os vietcongs, antecipando de certa forma, a Guerra do Vietnam. Há registro de heróis como Francis Murion da Carolina do Sul, que comandava uma milícia contra as forças inglesas, que foi apelidado de "Raposo do Pântano", e que era perseguido por generais formados na nação mais poderosa do mundo. É importante registrar, que a Inglaterra possuía então um exército regular, com a marinha mais poderosa do mundo, que além disso tudo na Guerra da Independência (1775-1783) recorreu a mercenários alemães. E, apesar disso, perdeu.
Num terceiro ponto, essa mesma mentalidade miliciana teve um forte rebatimento na segunda emenda da constituição americana, que ainda hoje garante a todo cidadão americano o direito de portar arma. Os minutemen eram os verdadeiros cidadãos em armas, que a qualquer minuto estavam prontos a se defender dos ataques da Inglaterra. É claro também, como em qualquer processo de libertação, haviam nas treze colônias, pessoas entusiasmadas com a ruptura, uma outra parte que permanecia apoiando a coroa britânica, e um grande número de cidadãos indiferentes aos dois lados. O jogo parece mudar a partir da batalha de Saratoga (1777), vencida pelos colonos, permitindo ao embaixador Benjamin Franklin a conquista do apoio da Espanha e da França para a causa da libertação. É óbvio também, que como em qualquer guerra de guerrilhas, as atrocidades cometidas pelo exército regular inglês desempenhou um papel fundamental para a ampliação dos apoiadores da ruptura com a coroa britânica. Há relatos de atrocidades cometidas por Banastre Tarleton, que morreu condecorado como sir na Inglaterra (1833), e que incendiava aldeias inteiras, matava crianças e mulheres, e era conhecido como açougueiro pelos norte americanos.
Por fim cabe ainda destacar um último ponto, que me parece presente e determinante na nação americana, o simbolismo da escolha de suas representações concretas; a sua bandeira e a águia careca, animal típico da América do Norte. Na bandeira americana fica claro a existência das treze colônias encaradas como partes ou identidades diferenciadas, antes da existência de uma consciência da nação una; 13 listras alternando o vermelho e o branco e 13 estrelas no canto superior sobre um fundo azul. Ela parece premeditar a ganância de expansão para o oeste, que ampliou de treze colônias para cinquenta estados, explicitando sua vertente expansionista e beligerante, que até hoje parece guiar nossos irmãos do norte. Nesse sentido, também a escolha da águia careca não foi isenta de polêmica e do contraditório na nova nação, houveram questionamentos, que sugeriram a adoção de um animal também típico daquela região, apenas mais sociável e menos agressivo; o peru. A refeição símbolo do dia de Ação de Graças, também data de feriado nacional, mas que possui um caráter muito mais pacifista e menos beligerante que parece até hoje não combinar com a grande potência do norte.
BIBLIOGRAFIA:
KARNAL, Leandro - História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI - editora Contexto São Paulo 2008
PEDRO,
ResponderExcluirexcepcional,didática, pedagógica e com ensinamentos históricos excelentes.
Parece que a gente já sabe de tudo isto mas cada vez que lemos aprendemos muito mais!
Estou lhe convidando para conhecer meus blogues.
Infelizmente aqui não é disponibilizado a oportunidade de tornar-me seu seguidor,mas estarei sempre por aqui.
Um abração carioca.
Prezado Paulo, muito obrigado pelos comentários. Se quiser seguir esse blog basta ir em seguidores e começar a seguir. Dei uma olhada no seu blog, muito interessante, abs Pedro
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