O eixão habitacional e sua clara celebração do automóvel |
"O tombamento do conjunto urbanístico de Brasília pelo Governo Federal e
Governo do Distrito Federal tem caráter específico: é, essencialmente,
urbanístico e não arquitetônico. Ou seja, não há tombamento específico
(individual) de prédios – exceto alguns poucos nominados individualmente
(edifícios projetados pelo arquiteto Oscar Niemeyer, em sua maioria),
que estão tombados. O que está sob proteção federal (tombamento
histórico) é a concepção urbana da cidade, materializada na definição e
interação de suas quatro escalas urbanísticas – monumental, gregária,
residencial e bucólica. Portanto, o que se busca preservar são as
características e a articulação dessas quatro escalas..." IPHAN
Particularmente, considero que um dos elementos mais potentes do desenho de Lucio Costa é o da definição da escala habitacional, as superquadras, particularmente a proporção e a escala dos edifícios com seis andares garantem uma qualidade espacial de grande expressão. A base argumentativa que Lucio Costa usou para definir essas dimensões no que concerne à altura das edificações, tinha uma base poética e pragmática. Segundo o urbanista, essa escala era de apenas seis andares, para ficar na dimensão do grito da mãe para chamar e convocar seus filhos nas áreas comuns das superquadras, para suas solicitações. Apesar disso, não há como negar as limitações para a circulação de pedestres, e o cruzamento entre as superquadras, principalmente quando há necessidade de cruzar o eixão, as duas asas. Há passarelas subterrâneas, que possibilitam esse cruzamento, no entanto elas não são seguras a todas as horas, e a cidade de uma maneira geral se ressente de um maior cuidado com o pedestre.
Setor comercial sul de Brasília |
Mas, acho que já chegamos na hora de pensar em sobrepor sobre o desenho do doutor Lucio Costa, uma lógica de maior acolhimento ao caminhar do pedestre, quem sabe um concurso público de projetos, enfocando as diversas problemáticas do Plano Piloto, para possibilitar um melhor acolhimento. Considero que essa ação seria uma iniciativa que na verdade celebraria o desenho e o próprio tombamento da cidade modernista de Brasília, agregando uma lógica de inclusão social e de sustentabilidade para nosso patrimônio.
REFERÊNCIAS:
http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/618/
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