O presidente do IAB-RJ Pedro da Luz e o arquiteto argentino Jorge Moscato |
Segundo Jorge Moscato, os governos deveriam fazer um esforço, montando políticas para obter a pulverização entre vários agentes da sociedade dos empreendimentos imobiliários, uma vez que essa disseminação de pequenos investidores traz uma contribuição de maior valor arquitetônico e cultural para a construção de nossas cidades. Uma posição que o IAB-RJ vem defendendo junto ao Ministério das Cidades no Brasil há muito tempo, para melhorar e diversificar o mercado imobiliário do país. A apropriação da renda urbana, ou lucro imobiliário, quando acessível a um maior conjunto de pequenos investidores traz maiores benefícios para a cultura arquitetônica, obtendo-se uma qualidade construtiva superior. As cidades brasileiras estariam melhor construídas se suas novas edificações fossem empreendidas em pequena escala, pulverizadas entre diferentes agentes, e não monopolizada nas mãos de poucos.
Além desse ponto, o arquiteto argentino Jorge Moscato também caracterizou os planos urbanos como uma ilusão, capaz de mobilizar grandes energias na medida em que cooptarem um grande número de agentes e atores na sociedade, para suas propostas. O poder de convencimento dos planos urbanos deriva de sua capacidade de pré-figurar imagens da cidade futura, que espelhem pretensões e desejos socialmente compartilhados. Nesse contexto, o poder do desenho, do plano e do projeto devem se comprometer com princípios que coloquem em pauta a cidade ideal, ou a cidade diversa da real, que produzimos de forma mecânica e impensada. Um dos pontos que me parece central na agenda das cidades latino-americanas, e também nas cidades da Europa e da América do Norte é a reversão das tendências segregacionistas entre ricos e pobres. A cidade segura é a da diversidade de extratos sociais, onde há proximidade entre diversas categorias sociais, possibilitando o encontro com a diferença para todos.
Segundo o arquiteto argentino, a cidade ao longo de sua história, nas suas diversas formas tipo - medieval, barroca, neo-clássica,e mesmo a moderna - não afastava para longe sua pobreza e precariedade. Apenas a cidade contemporânea, ou da exacerbação do capitalismo de nossos dias desenvolveu a fobia pela pobreza, segregando territórios, devido ao imenso valor assumido pela terra urbana em diversas localidades. Efetivamente nos últimos encontros promovidos no IAB-RJ com arquitetos estrangeiros - particularmente com a França e a Inglaterra - essa tendência segregacionista vem se manifestando, mesmo em cidades européias, que tinham uma estrutura social mais equilibrada.
Enfim, a presença do arquiteto argentino na sede do IAB-RJ provocou uma série de questões importantes para as cidades brasileitras e no mundo contemporâneo. O link abaixo mostra uma reportagem no O Globo publicado em 13/04/2016 sobre o arquiteto Jorge Moscato.
http://oglobo.globo.com/sociedade/conte-algo-que-nao-sei/jorge-moscato-arquiteto-gentrificacao-inevitavel-19071733?utm_source=Facebook&utm_medium=Social&utm_campaign=compartilhar
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