Pedro da Luz (Presidente do IAB-RJ) na palestra sobre a Baía de Guanabara |
Como arquiteto procurei defender a idéia de que a relação entre cultura e natureza nas sociedades vem se modificando desde o início do século XX, desde de uma atitude de rejeição até a de uma aproximação de respeito e de busca de um maior entendimento.
Na minha palestra a cultura foi caracterizada como uma manifestação típica da humanidade, e que envolve as complexas interações do homem, como uma espécie que tende a independência do natural, e que, na verdade nunca é realizada. E o conceito de natureza, que era entendido como o complexo de sistemas que envolve as vidas naturais, não humanas, que tenderam a ser vistas como além do comportamento humano. A cidade com sua vida artificial tendeu a ser o arquétipo do desenvolvimento da cultura, enquanto o meio natural inexplorado e intocado pelo homem seria a representação da natureza.
Imagem do projeto de saneamento do Manguezal de São Diogo |
Na contemporaneidade reafirmamos uma noção de cultura, não mais como artificialidade humana, mas como um cuidar que também cresce naturalmente, como um didatismo, que é auto-formador de consciência. Nesse sentido as palavras de EAGLETON 2005 são esclarecedoras;
"Se cultura significa cultivo, um cuidar que é ativo, daquilo que cresce naturalmente, o termo sugere uma dialética entre o artificial e o natural, entre o que fazemos ao mundo e o que o mundo nos faz. É uma noção realista, no sentido epistemológico, já que implica a existência de uma natureza ou matéria prima além de nós; mas tem também uma dimensão construtivista, já que essa matéria prima precisa ser elaborada numa forma humanamente significativa."O Aterro do Flamengo, projeto emblemático do modernismo brasileiro lança uma aproximação entre cultura e natureza mais dialética, uma vez que implica no reconhecimento do natural e na adoção de um construtivismo didático para provocar uma aproximação positiva entre cidade e natureza. A cidade metropolitana do Rio de Janeiro carrega uma experiência ímpar nesse sentido, pois está permeada de contínuos naturais expressivos no meio da vida artificial. Um local onde essa experiência contemporânea está espacializado e conformado.
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