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Posto de pedágio no Parque Monceau de Ledoux em Paris |
O arquiteto Claude Nicolas Ledoux viveu entre os anos de 1736 a 1806 na França, num período particularmente dramático para a história universal. Durante a Revolução Francesa. Entre o ocaso do antigo regime dos reis e a emergência da Revolução Francesa e da construção da república.
Ledoux transitou entre os dois universos; foi arquiteto de Madame du Barry, amante de Luiz XV, realisou próximo a cidade de Besançon em 1775 as Salinas Reais de Arc et Semans, uma fábrica de sal e também as Barriéres de Paris, postos alfandegários que controlavam a entrada de mercadorias no intramuros da cidade, já no periodo republicano.
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Barriére de La Villete de Ledoux em Paris |
Em Paris ainda existem o pequeno posto de pedágio no Parque de Monceau e a Barriére de La Villete na praça Stalingrado, duas obras notáveis, com um claro acento neo-clássico e uma sobriedade impressionante. O que me parece um aspecto importante a ser destacado na obra do arquiteto iluminista é uma certa ética construtiva, onde já predomina uma certa concisão da linguagem, que constantemente reafirma que os esforços construtivos se voltam para a simplicidade. Nada em Ledoux é exagerado, todos os esforços construtivos se direcionam para uma simplicidade, que se auto-justifica, como uma redução da construção a sua essência.
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Fundação Louis Vuitton de Frank O Gehry em Paris |
A racionalidade absoluta das suas escolhas de projeto estão embasadas por um equilíbrio entre custos e benefícios, tendo as obras uma premissa ética da economia de gestos e de esforços para se realizar dentro de um orçamento conciso. Nada é espetacular, tudo parece constantemente reafirmar a origem pública da arquitetura, que deve ser justificada, fiscalizada e vigiada pela sociedade, na utilização dos recursos aplicados.
Essa prática que não parece mais pautar a arquitetura contemporânea, que volta e meia se encontra envolvida por um espetáculo ligeiro e sem consequências. Envolto na pura ostentação de recursos, que passa a ser notada pela espetacularidade dos seus esforços, que já não encontram mais justificativa para suas decisões construtivas.
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Filarmônica de Paris do arquiteto Jean Nouvell |
Duas recentes realizações, na mesma Paris, denunciam esse tipo de premissa com a qual a arquitetura contemporânea está envolvida, a Fundação Louis Vuitton de Frank O. Gehry e a Filarmônica de Paris de Jean Nouvell. Duas edificações que parecem ter como premissa dos seus projetos a ostentação dos recursos aplicados. Uma certa falta de objetividade. As duas realizações parecem frutos de uma sociedade da abastança e do desperdício solitários, que se perderam num excesso de informações, onde as relações entre custos e benefícios parecem desequilibradas.
A pauta na qual a cultura arquitetônica contemporânea foi aprisionada me parece fadada a um envelhecimento rápido e ligeiro, aspectos que a obra de Ledoux parece enfrentar com muito mais potência....
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