O Conjunto de Pruitt Igoe em St Louis
As torres gemeas em Nova York atacadas por terroristas em 11 de setembro de 2001 foram projetadas pelo arquiteto Minoru Yamasaki, o mesmo que projetou o conjunto habitacional de Pruitt-Igoe na cidade de St Louis, no Missouri nos EUA. Minoru Yamasaki recebeu uma série de prêmios por esta obra em St Louis, a mais importante delas do American Institute of Architecture (AIA) em 1951. Apesar disto, quando Minoru Yamsaki escreveu sua autobiografia em 1979, A Life in architecture, não havia qualquer menção a este projeto. Minoru Yamasaki havia expurgado o projeto de Pruitt Igoe até do seu currículo. Os motivos para tal expurgo se iniciaram com o crítico de arquitetura do Washington Post, Wolf von Eckardt, que apontava na arquitetura do conjunto as origens para a presença de uma enorme violência urbana na área. Outros detratores se somaram como Lewis Munford, Jane Jacobs e Peter Hall, que invariavelmente apontavam no conjunto o fracasso das propostas modernistas para a cidade. Em 15 de julho de 1972 o conjunto de Pruitt Igoe foi implodido e Charles Jencks, outro crítico de arquitetura celebrou este momento como a morte da arquitetura modernista e surgimento da pós modernidade. A implosão portanto ocorreu durante a vida de Minoru Yamasaki, ao contrário dos atentados às torres gêmeas, que ocorreram quando o arquiteto já estava morto. Estudos posteriores apontaram que as causas da deterioração do conjunto habitacional não eram apenas causadas pelas determinações do projeto de Minoru Yamasaki, mas também pela ação premeditada de empreiteiros, políticos e autoridades locais. Apenas para ilustrar tal fato, um juiz da Suprema Corte americana ordenou a dessegregação do conjunto, apontando que as edificações eram exclusivamente ocupadas pelas camadas mais enjeitadas da população negra.
As torres gêmeas de Minoru Yamasaki
As torres gêmeas de Minoru Yamasaki possuíam fortes referências ao decorativismo abstrato da arte islâmica. Estas referências não se limitavam apenas ao desenho da fachada, que mostravam pilares, que hora se juntavam, hora se separavam na conformação das janelas. No texto da sua auto-biografia, Minoru Yamasaki destaca explicitamente a origem islâmica de sua concepção, e sublinha como parte essencial do projeto a praça de cinco acres, que intermediava as duas torres;
"Os visitantes, bem como aqueles que trabalham no World Trade Center, encontrarão nesta five acre plaza uma Meca onde experimentarão um enorme alivio depois da experiência das ruas e dos passeios densos que envolvem a área de Wall Street" YAMASAKI, Minoru - A life in architecture - p 115, citado em TAVARES, Rui - O arquiteto - Martins Fontes São Paulo 2007Minoru Yamasaki havia trabalhado na Arábia Saudita, sendo o autor do projeto do aeroporto de Dahran. Certamente esta vivência havia construído esta lógica de contraposição entre o burburinho da rua e a intimidade do pátio. Mas aqui, também havia uma redução simplificadora, típica da hipertrofia consumista da Nova York de todos os tempos, onde compreensão ligeira de outras culturas aderia a novas formas de mistificação e idealização, que ao final impulsionavam os negócios e o consumo.
Nesta mesma perspectiva também é que deve ser compreendida a figura do egípcio, Mohamed Atta, piloto do primeiro avião a se chocar com uma das torres. Formado em arquitetura pela Universidade do Cairo, Mohamed Atta fez também um mestrado na Universidade de Hamburgo, onde se interessou pela cidade de Alepo, na Síria, que é um dos estabelecimentos humanos mais antigos do mundo. A pergunta que hoje se faz, e que parece não estar documentada de forma adequada, é se Mohamed Atta tinha conhecimento da autobiografia de Minoru Yamasaki? E, quanto esta se demonstrou ofensiva frente as suas convicções islâmicas? Enfim, nosso passado recente precisa ser reconstruído, mostrando-nos os seu problemas e potencialidades.
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