Habermas rediscute os conceitos de Marx, na sua categorização da infraestrutura e superestrutura, negando-se a considerar o condicionamento do desenvolvimento social apenas por sua base produtiva e material, o economicismo. E, também os conceitos de Max Weber relativos a racionalidade instrumental e ao desencantamento do mundo promovidos pela modernidade, que talvez só possam ser resignificados pela disposição didática ou vontade de aprendizagem. O livro esta subdividido em quatro secções; a primeira Perspectivas filosóficas, seguida de Identidade, depois Evolução, e por último Legitimação, agrupando textos de diferentes motivações. Dois deles, Desenvolvimento moral e identidade do Eu, e Sociedades complexas podem formar uma identidade racional?, que estão na segunda secção, Identidade, e que foram escritos em 1974, o primeiro em função das comemorações do jubileu de cinqüenta anos da Escola de Frankfurt, e o segundo por ocasião da concessão do Prêmio Hegel da cidade de Stuttgart. Os dois fazem analogias entre o desenvolvimento cognitivo do indivíduo, e os complexos processos da estruturação social. A conquista do domínio da linguagem e da comunicação pelo indivíduo são comparados com a consolidação de instituições associativas e representativas, que implicam no desenvolvimento de um discurso ou narrativa persuasiva e convincente de diversificados interesses. A ideia está ancorada na maioridade kantiana, do indivíduo consciente de suas ações e posicionamentos, tanto que o estágio mais desenvolvido considerado por Habermas, da identidade seria a da sua vinculação com o ser cosmopolita e universalista.
"Pois segundo normas que precisam ser justificadas universalmente, determinados grupos não podem mais se privilegiar em razão de uma força formadora de identidade (como família, cidade, Estado ou nação)...De maneira correspondente, a identidade política (staatbürgerlich) ou nacional deveria ser ampliada para uma identidade cosmopolita (weltbürgerlich) ou universal." HABERMAS 2016, página140
As proposições de Habermas retomam de certa forma a construção de uma perspectiva histórica e utópica para a humanidade, no entanto, seu investimento num gradualismo e didatismo nos alertam que o objetivo jamais será integralmente atingido. A demanda é por construção contínua, aprendizagem e aperfeiçoamento podem ser progressistas ou regressivas, que ao final significam vigilância interminável.
BIBLIOGRAFIA:
HABERMAS, Jürgen - Para a reconstrução do materialismo histórico - Editora Unesp 2016 São Paulo
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