A casa Batló, reforma empreendida por Gaudí sobre uma antiga construção do Passeio de Gracia. A esquerda a antiga casa e à direita a proposta de Gaudí |
A casa Batló possui uma história muito particular, construída inicialmente em 1877, com a configuração mostrada acima, por Emilio Sales Cortes, sendo então comprada em 1903 por Josep Batló y Casanova, que contrata o arquiteto Gaudí para construir uma nova casa no lote. Gaudí contra argumenta que a casa deveria ser reformada, aproveitando partes da estrutura. A sugestão de Gaudí é aceita por Josep Batló.
Corte perspectivado da casa Batló |
Assim, no início do século XX, o vínculo da burguesia endinheirada, ainda era com o solo da cidade, com seu burburinho e dinamismo. O desenvolvimento de uma espacialidade agressiva e insalubre no chão da cidade terá mais forte presença a partir da hegemonia dos automóveis e dos veículos dotados de pneus, ocorrida ao final da segunda grande guerra. O concomitante desenvolvimento do elevador, como uma máquina mais segura e confortável, articulado com esse declínio da rua produzido pelos automóveis acabou determinando uma maior valorização das unidades mais distantes do solo da cidade.
Por outro lado, o modernismo catalão, que baliza a casa Batló e o ideário de Gaudí celebra uma certa artesania, olhando de forma desconfiada para o industrialismo, a padronização e a produção em massa determinada por ele. A casa Batló, assim como La Pedrera no mesmo Passeig de Graciá e a Catedral da Sagrada Familia, - todos desenhados por Gaudí - encaram o processo de construção como uma oportunidade para expressão dos diversos artesãos comandados pelo arquiteto.
Há uma certa celebração, ou retorno nostálgico aos procedimentos construtivos medievais, típicos dos escritos de Ruskin e Morris do movimento Arts and Crafts na Inglaterra, ou os de Eugène Viollet-le-Duc na França, ou ainda os de Richard Wagner, sobre a obra de arte total. Segundo o historiador de arquitetura Kenneth Frampton, o movimento do modernismo catalão articulava uma expressividade local com o racionalismo estrutural proposto no Entretiens sur l´architecture de Violet-le-Duc (1863-72), contidos em suas aulas na École des Beaux-Arts.
O que me parece importante destacar no modernismo catalão é sua especificidade, apontando para nós a diversidade do movimento moderno, que mais tarde será hegemonizado pela Bauhaus e pelas vanguardas centro-européias.
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