quarta-feira, 24 de julho de 2013

Seminário do IAB Q+50 em Belo Horizonte discute Mobilidade Urbana - resumo do sábado, dia 20 de julho de 2013

Foi realizado em Belo Horizonte mais um seminário da série Quitandinha +50 do Instituto dos Arquitetos do Brasil, que comemora os cinquenta anos do legendário encontro realizado no hotel em Petrópolis em 1963, que debateu a Reforma Urbana, dentro do contexto das reformas de base que mobilizava o país. Desta vez o Q+50 discutiu sobre Mobilidade Urbana, tema que vem mobilizando uma série de manifestações pelo país que lutam por melhor qualidade de vida nas nossas cidades.

A arquiteta Angélica Alvim, Pedro da Luz, Jupira Gomes de
Mendonça e o engenheiro Luiz  Octavio Portela
O encontro se iniciou na sexta feira dia 19 de julho na escola da Assembléia Legislativa, e seguiu no sábado na sede do IAB-MG, com uma mesa institucional que reuniu Rose Guedes presidente do IAB-MG, Haroldo Pinheiro presidente do CAU-BR, Joel Campolina presidente do CAU-MG e Amélia Maria da Costa e Silva presidente do SINARQ, que apresentaram os desafios para as cidades brasileiras no campo da mobilidade. Logo após o encontro reuniu as arquitetas Angélica Alvim da Escola de Arquitetura da Mackenzie em São Paulo, a arquiteta Jupira Gomes de Mendonça da Escola de Arquitetura e Urbanismo da UFMG, e o engenheiro da TENPRO Luiz Octávio Silva Portela. Após as tres apresentações foi realizada a palestra do engenheiro catalão Manuel Herce, que abordou o tema Mobilidade Urbana, grandes eventos e direito à cidade. Depois da palestra a mesa foi recomposta com os quatro participantes mediados por mim, o arquiteto Pedro da Luz Moreira.

A arquiteta Angélica Alvim iniciou sua apresentação destacando a capacidade dos sistemas de transportes públicos de induzir a ocupação do território. Para a arquiteta a hegemonia do modelo rodoviarista da cidade brasileira induziu um modelo de ocupação do território disperso e esgarçado. A arquiteta fez também uma importante reflexão sobre as diversas escalas do desenho, a partir da ideia dos desenhos do mapa e da via. Angélica também destacou que a referência para aferir qualidade nos sistemas de transportes nas nossas cidades deve ser regulado pela compreensão do usuário, que envolve o tempo e o preço.

A arquiteta Jupira Gomes de Mendonça destacou a elaboração do Plano Metropolitano de BH elaborado a partir da coordenação do professor Montemor da EAU-UFMG, como um procedimento integrado, interdisciplinar e participativo, que formulou a ideia de uma cidade policentrada e ao mesmo tempo compacta. A arquiteta também destacou a dimensão territorial do plano, que se estrutura a partir de quatro objetivos a serem alcançados; acessibilidade, seguridade, urbanidade e sustentabilidade. A professora da EAU-UFMG também apresentou uma importante reflexão sobre a segmentação instalada no Ministério das Cidades, que subdivide em setores como; habitação, saneamento, infraestrutura, mobilidade etc..., fragmentando o urbano em lógicas e ações, que deveriam estar reunidas.

O engenheiro Luiz Octávio da SENPRO apresentou a ideia de que o chão da cidade está cheio e saturado, propondo a instalação de um sistema de monotrilho elevado. A proposta foi qualificada pelo engenheiro como viável pelos seus custos, pela velocidade de sua implantação e por sua capacidade de adaptação a diferentes contextos.

Arquiteto Pedro da Luz e o engenheiro Manuel Herce
Por fim o engenheiro catalão apresentou sua palestra denominada Mobilidade Urbana, grandes eventos e direito à cidade. A apresentação destacou a presença do carro nas cidades contemporâneas, como fator de degradação de seu espaço público e da sua capacidade de promover a reunião de seus cidadãos. O mito da modernidade, que cultua a máquina e o individualismo acabou gerando exclusão e dispersão na ocupação do território da cidade. Para o engenheiro catalão é fundamental atuar de forma articulada promovendo três ações concretas e interdependentes; melhorias no transporte público, desestímulo ao carro e apoio ao caminhar do pedestre. O solo da cidade precisa ser qualificado dando todo o conforto ao caminhar do pedestre, que deve enquadrar os padrões de exigência do rodoviarismo, submetendo-o a uma matriz de prioridades.

A partir destas colocações o público presente ao evento questionou os palestrantes em uma série de aspectos. Dentre os quais, destaco a questão colocada pelo arquiteto Demetre Anastassakis, que sublinhou algumas especificidades do desenvolvimento brasileiro, que produziu a emergência de uma nova classe média que alcança o consumo de alguns bens, como o carro particular, e não pode ser desconsiderada de forma excludente e elitista.


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