O entrevistado será o curador do Museu do Amanhã no Rio de Janeiro, além disso foi interlocutor no escritório do Oscar Niemyer nos últimos anos de sua vida. Ele já esteve no IAB-RJ num evento memorável discutindo nosso futuro e nosso projeto, junto com Maria Alice Resende e Margareth Pereira. Naquela ocasião, sua visão me pareceu excessivamente confiante na ciência, quase positivista, apesar de nada otimista com relação ao futuro da humanidade, e da cidade. Na verdade, me pareceu então que provocava os profissionais do plano e do projeto para que buscassem o inusitado e o inesperado. Sua responsabilidade de ser o curador do Museu do Amanhã no Rio de Janeiro, bem como sua interação com Oscar Niemyer no final da vida trouxeram para o seu depoimento uma série de questões muito provocadoras para quem pensa o futuro. Destaco abaixo algumas frases e idéias provocadoras da entrevista;
- "Nós somos muito breves e muito acelerados..."
- "Homo sapiens 2.0..."
- " O cérebro é a última fronteira...há nele uma dimensão insignificante e ao mesmo tempo singular..."
- "Há uma capacidade de aprender e ao mesmo tempo de encontrar o outro..."
- "A faixa etária com maior crescimento será a dos centenários..."
- "Pela primeira vez temos a possibilidade de desenvolvimento de uma cultura humana planetária..."
- A intuição como explicadora da queda da maçã em Newton, numa analogia entre maçã e lua pelo menos para mim inusitada..
Vale a pena assistir a entrevista no link abaixo...
http://globotv.globo.com/globo-news/roberto-davila/v/roberto-davila-a-fisica-do-doutor-em-cosmologia-e-curador-do-museu-do-amanha/3441789/
Diário de Pedro da Luz Moreira, interessado em discutir a arquitetura, a cidade e o projeto
terça-feira, 24 de junho de 2014
quarta-feira, 18 de junho de 2014
Sérgio Bernardes, um arquiteto visionário
![]() |
Residência de Lota Macedo Soares projeto de Sérgio Bernardes |
"Perdeu o nome, essa sabedoria. Beleza, é pouco. Verdade, é muito. Trata-se de um termo sutil que participa de uma e outra, que se tornou inútil, insensato." HELDER, Herberto - Os Passos em Volta - Azougue editorial Rio de Janeiro 2010
Nessa segunda feira dia 16 de junho de 2014 assisti o filme sobre Sérgio Bernardes, numa avant premiére no cine Kinoplex do Shopping Leblon. Um maravilhoso documentário sobre um dos maiores provocadores do campo cultural no Brasil, um visionário incomodado com sua própria zona de conforto, um arquiteto na mais pura definição desse ofício. Um inventor, como ele constantemente se auto definia. Ainda me lembro, quando era estudante de arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da UFRJ, numa de suas palestras, da sua capacidade de sedução e persuasão, mesmo quando apresentava formulações visionárias e fantásticas.
O filme mostra uma série de projetos realizados por Sérgio Bernardes, que retratam sua face de inventor e empreendedor incansável. Desde residências como a de Lota Macedo Soares em Itaipava no estado do Rio de Janeiro, passando pela reordenação espacial de Copacabana com suas torres em parafuso, até propostas geopolíticas de reformulação das comunicações do território brasileiro, como a da integração
![]() |
Proposta de reordenamento do bairro de Copacabana no Rio de Janeiro de Sérgio Bernardes |
Creio que um dos maiores méritos do filme é reconhecer que a produção desse incansável arquiteto ainda está por ser descoberta, e
![]() |
Hotel Tambaú em Natal, projeto de Sérgio Bernardes |
![]() |
Aerofotogrametria do Rio de Janeiro, mostrando a Lagoa Rodrigo de Freitas e a praia de Copacabana, onde assinalo o terreno do projeto perdido de Sérgio Bernardes |
![]() |
Corte geral da proposta |
![]() |
Corte ampliado da proposta |
![]() |
Perspectiva da proposta de Ségio Bernardes |
Concedi também uma entrevista ao jornal O Globo sobre a trajetória de Sérgio Bernardes, um arquiteto que precisa do reconhecimento da sociedade brasileira.
Abaixo link da entrevista sobre o filme no jornal O Globo
http://oglobo.globo.com/rio/design-rio-na-prancheta-de-sergio-bernardes-ideal-de-um-mundo-melhor-12866554
domingo, 15 de junho de 2014
Da série: Aulas de Teoria e História da Arquiteura IV - Premissas Gerais
A primeira premissa que coloquei para mim mesmo para ser explicitada na primeira aula era buscar definições para o debate com os alunos dos conceitos; de história e de teoria, como uma base elementar do que tratava a matéria. Enfim um recorte, que procurava limitar um campo, que me parecia tão amplo e abstrato, diante do qual era necessário, uma contextualização. Por último, nessa primeira aula pretendia também explicitar, o que tinha sido minha trajetória, apresentando as reflexões que fiz na ocasião da defesa da minha tese no Prourb em 2007.
O Conceito de História:
No dicionário de termos filosóficos de JAPIASSÚ e MARCONDES, o termo história está definido dentro de uma dualidade, ao mesmo tempo "uma disciplina, constituída de relatos, análises, pesquisas de documentos cujos os artífíces são os historiadores" uma pretensa objetividade, e por outro lado; "um relato e não os acontecimentos contados", portanto uma interpretação, uma pretensa subjetividade. Por outro lado, há uma pretensão humana de que a história na sequência dos acontecimentos segue um movimento determinado, e se materializa segundo grandes linhas de força. Ou numa outra visão, ela seria um suceder aleatório de fatos incontrolados, aos quais os homens se adequam, sem possibilidade de qualquer controle. A idéia de projeto e de plano está profundamente alicerçada na primeira concepção, ela também significa que existe um sentido geral para a história, uma teleologia.
Há uma pergunta nesse dicionário absolutamente desconcertante para todos nós, participantes da existência e da história;
"Seu alvo lógico consiste em saber se a história do mundo se desenrola no sentido de um aperfeiçoamento moral, de um progresso da cultura ou se exprime uma decadência dos costumes."
JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo - Dicionário Básico de Filosofia - editora Zahar 2011
![]() |
O anjo da história de Paul Klee, segundo Walter Benjamim |
"Articular historicamente algo passado não significa reconhecê-lo como ele efetivamente foi. Significa captar uma lembrança como ela fulgura num instante de perigo... O perigo ameaça tanto os componentes da tradição quanto os seus receptores... A cada época é preciso sempre de novo tentar o que foi transmitido do conformismo que ameaça subjugá-lo... Captar no passado a centelha da esperança só é dado ao historiador que estiver convicto do seguinte: se o inimigo vencer, nem mesmo os mortos estarão a salvo dele. E esse inimigo ainda não parou de vencer."
BENJAMIM, Walter - Teses sobre a Filosofia da História - editora Ática São Paulo 1985
Aqui a noção de perigo e de esperança me parecem algo de fundamental, como um abandono da zona de conforto, que todo pensamento faz, quando quer mudar. Não interessa mais a reprodução mecânica da existência, mas "captar no passado a centelha da esperança", cada época precisa reconstruir seu sentido não de forma confortável, mas buscando o novo e o inusitado.
O Conceito de Teoria:
Outro conceito que precisa ser esmiuçado é o de teoria. Segundo o mesmo dicionário, na concepção clássica da filosofia grega era conhecimento especulativo, abstrato e puro, que se afasta do mundo da experiência concreta e sensível. Numa concepção mais contemporânea seria um modelo explicativo de um fenômeno ou conjunto de fenômenos, que construísse um sentido e uma direção da sua natureza. No conhecimento científico moderno seria um conjunto de hipóteses organizadas de forma sistemática que verificadas na experiência e na prática, produzem uma explicação convincente dos fenômenos. A teoria seria portanto um afastamento da sucessão aleatória de fenômenos incompreensíveis, para construção de um sentido explicativo, que passaria a uní-los ou vinculá-los numa relação interdependente.
A teoria da arquitetura e da urbanística se refere muitas vezes a dois campos estruturados, uma que pretende avaliar os objetos ou os projetos realizados vinculando-os aos fenômenos artísticos e históricos - uma teoria da excelência do objeto - e outra, que estuda a gênese e a concepção do mesmo objeto, buscando entender como o ofício dialoga com a sociedade, colonizando-a, e por ela sendo colonizado - uma teoria do projeto. A diferença entre as duas vertentes está materializada em trabalhos teóricos como; Espaço, Tempo e Arquitetura de Giedion, ou Por uma Arquitetura de Le Corbusier. Enquanto o primeiro é uma construção interessada em entender o desenvolvimento histórico da arquitetura moderna, mais alinhada com o primeiro campo, o segundo por sua vez é também uma construção interessada mas pretende de forma mais explícita doutrinar a sociedade para a aceitação da arquitetura moderna, se constituindo numa teoria do projeto, ou crítica operativa. TAFURI, um crítico italiano de arquitetura da segunda metade do século XX possui um discurso esclarecedor no seu livro Teorias e Histórias da Arquitetura, num capítulo intitulado A Crítica Operativa;
"Nesta acepção, a crítica operativa representa o ponto de encontro entre a história e a projetação. Assim pode dizer-se que a crítica operativa projeta a história passada projetando-a em direção ao seu futuro...O seu horizonte teórico é a tradição pragmatista e instrumentalista... Pode ainda acrescentar-se que esse tipo de crítica, antecipando as vias da ação, força a história..."
TAFURI, Manfredo - Teorias e História da Arquitetura - Editorial Presença Lisboa 1979
Esse segundo campo estará muito mais presente em nossas aulas, uma vez que a história nessas aulas não será encarada como um dado ou um fato objetivo, mas um conjunto de informações, que demanda interpretação e arranjo, pois o juízo crítico pode mais do que influenciar o curso da realidade, pode modificá-lo. Essa é enfim uma pretensão dessas aulas, de História e Teoria da Arquitetura IV, construir um instrumental para os alunos, que os habilite não apenas a analisar o seu tempo, mas também a projetá-lo e modificá-lo. Entendendo aqui o projeto como a atividade síntese do ofício da arquitetura e da urbanística, como uma forma de conhecer o real, como uma atitude que abandona o conforto do diagnóstico e se arrisca no campo do prognóstico, como um enfrentamento do real a partir da proposição.
Minha Trajetória:
![]() |
Projeto para Ilha do Fundão para a exposição Penso Cidade |
Uma das premissas dessa reflexão era que o projeto era um discurso, que invariavelmente fazia um esforço para convencer diferenciados interlocutores, de que aquela era a melhor forma para modificar uma determinada condição específica. Há no projeto uma dimensão operativa, que o carrega para uma dimensão persuasiva, isto é, um discurso de convencimento de variados atores e agentes, que gerenciam o processo de transformação. Segundo o Dicionário Básico de Filosofia de JAPIASSÚ e MARCONDES, o termo projeto seria;
"1. Na filosofia de Heidegger característica do Dasein (ser-aí), de estar sempre lançado para além de si mesmo pela preocupação. 2. No existencialismo de Sartre, o projeto é a resposta que cada indivíduo dá a situação em que se encontra no mundo, aquilo que dá sentido a sua existência, as escolhas que faz e que constituem sua liberdade: o para-si, com efeito, é um ser cujo ser está em questão sob forma de projeto de ser." JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo - Dicionário Básico de Filosofia - editora Zahar 2011
O projeto pelas definições filosóficas; é um incômodo, que nos leva a pensar um vir a ser diferente, e que controlamos. Uma insatisfação com uma condição presente que precisa ser modificada, um incômodo com situações postas. Projeta-se uma viagem, a perda de peso, a melhora de vida, a transformação do espaço humano... Enfim projetar segundo a etimologia da palavra está cindida pelo prefixo pro, que significa antecipar, antever, prever e pelo sufixo jactar que significa lançar, arriscar, atirar... Há uma motivação de incômodo com uma situação dada, que impulsiona um fazer que pretende a mudança a transformação. Argan, num passagem memorável menciona;
"Não se projeta nunca para mas sempre contra alguém ou alguma coisa: contra a especulação imobiliária e as leis ou as autoridades que a protegem, contra a exploração do homem pelo homem, contra a mecanização da existência, contra a inércia do hábito e do costume, contra os tabús e a superstição, contra a agressão dos violentos, contra a adversidade das forças naturais; sobretudo projeta-se contra a resignação ao imprevisível, ao acaso, à desordem, aos golpes cegos dos acontecimentos, ao destino."
ARGAN, Giulio Carlo - Projeto e Destino - Editora Ática São Paulo 2000
ARGAN, Giulio Carlo - Projeto e Destino - Editora Ática São Paulo 2000
Há no projeto uma presença do operativo, uma vontade de realização. Essa construção aproxima muito esse discurso, daquilo que Bobbio qualificou como caracterização neutra do termo ideologia, uma idéia que pretende se transformar numa prática, uma idéia que pretende operar, atuar sobre o real. Para tal ela supera a mera idealização pura, e abraça a práxis. Em um sentido amplo, a ideologia pode ser caracterizada como um conjunto de idéias, princípios e valores, que refletem uma concepção do mundo e orientam uma forma de ação, sobretudo política. A idéia de projeto, seja edilícia ou urbanística, trazem consigo uma promessa de integração entre agir e pensar, como na conceituação da ideologia. Entende –se o termo ideologia como a transformação de idéias em operatividade, desfeito portanto de suas conotações negativas.
"Na verdade não se deve caracterizar a ideologia apenas de um modo negativo, como o que comumente se chamava de falsa consciência; ela é também, sempre positiva e necessariamente a teoria de prática." JAMESON, Frederic - Modernidade Singular, ensaio sobre a ontologia do presente - editora Civilização Brasileira Rio de Janeiro 2006
Portanto, a ideologia pode ser encarada como o ordenamento teórico que estrutura a ação, a operatividade, uma construção que pretende convencer diferentes agentes de sua adequação, ao tema, ao sítio, ao orçamento. Há um termo em Gramsci, que dinamizou o conceito de ideologia, conferindo-lhe um objetivo uma estratégia; a hegemonia. A idéia de Gramsci de construção da hegemonia, aponta que uma determinada classe só poderá obter o poder efetivo, na medida em que transformar sua ideologia particular e restrita em aspiração geral. Assim as revoluções americana e francesa, se estabilizaram como ideais na medida que conquistaram o conjunto do metabolismo social com suas teses; da eleição dos representantes, da supressão da indicação por linhagem familiar (do rei), mas por mérito, da idéia de sufrágio universalizado na sociedade, etc.. A hegemonia é portanto caracterizada como a capacidade de determinadas ideologias conseguirem conquistar o metabolismo social.
![]() |
Le Corbusier e sua ideologia |
Portanto, ao longo dessas aulas os conceitos de projeto, ideologia e hegemonia serão tratados como ferramentas de interpretação da história e teoria da arquitetura e do urbanismo, procurando entender esses dois campos como expressão de manifestações culturais diversas e variadas.
quinta-feira, 12 de junho de 2014
Entrevista na rádio de Lobito em Angola
![]() |
Foto aérea da cidade de Lobito em Angola na África |
Ao lado imagem da cidade de Lobito em Angola na África. Um continente que vem apresentando um processo de urbanização intenso, que precisa ser pensado, regulado e planejado de forma a pensar a permanência da espécie humana sobre o planeta Terra. A proposta do Congresso da UIA no Rio de Janeiro, pretende fazer uma reflexão sobre as cidades e seus territórios, defendendo uma interação mais articulada entre humanidade e meio ambiente.
Abaixo o link da entrevista;
http://www.iabrj.org.br/Presidente_da_ordem_dos_arquitectos_do%20Brasil.06.06.14.mp3
http://www.iabrj.org.br/Presidente_da_ordem_dos_arquitectos_do%20Brasil.06.06.14.mp3
Viagem a Angola para Reunião do Conselho da União Africana dos Arquitetos
![]() |
Apoio da África ao Congresso da UIA 2020 no Rio de Janeiro |
![]() |
A geografia da cidade de Lobito |
![]() |
Aerofotogrametria de Lobito em Angola, a baixada litorânea ocupada pelo tecido formal e as montanhas por Musseques (Favelas) |
A cidade também apresenta uma imensa dispersão no território, ocupando uma área muito maior do que seria necessário. Esse fato dificulta muito a desejada universalização das infra estruturas urbanas, determinando que apenas uma área restrita da cidade desfrute de ruas e calçadas pavimentadas, iluminação pública, serviços de água, coleta de esgotos e lixo, etc.. A mobilidade das pessoas no território é totalmente baseada em sistemas sobre rodas, que tendem a enfatizar ainda mais, a dispersão interminável das cidades.
Enfim, o tipo de desenvolvimento urbano segue um mesmo padrão dos países do terceiro mundo; cidades dispersas, infra estruturas não universalizadas, presença de informalidade, dependência total dos sistemas de pneus para se movimentar no território, fortes impactos no meio ambiente determinados pela não destinação correta dos esgotos.
domingo, 8 de junho de 2014
A cidade de Lobito em Angola
![]() |
Vista geral da cidade de Lobito |
![]() |
Igreja de Nossa Senhora da Arrábida em Lobito Angola |
![]() |
Edifício dos Correios em Lobito |
Edifício da Câmara Municipal de Lobito |
![]() |
Estudo da fachada de um Liceu para Angola do Gabinete de Urbanismo Ultramarinho |
Nesse contexto, ocorreu o encontro do Conselho da União Africana dos Arquitetos, onde os africanos demonstraram o seu apoio a realização do Congresso Internacional da UIA de 2020.
quinta-feira, 5 de junho de 2014
A despoluição da baía de Guanabara
O sociólogo Roberto Damata publicou ontem dia 04 de junho de 2014, no jornal O Globo, um interessante artigo sobre a baía de Guanabara, com o título de Um ponto de vista. O articulista é originário da cidade de Niterói, e nessa condição tem uma relação mais interativa com as águas da "mais bela baía do mundo." Segundo seu depoimento,
"Escrevo sobre a baía não porque goste de acusar, mas porque nasci e - apesar de tudo - permaneço em Niterói."
Realmente, quem cruza a ponte, ou adentra a baía de barco, ou visita Paquetá ou as ilhas do Fundão e do Governador, ou vai a Niterói se depara com um dos mais belos cenários, literalmente um anfiteatro de montanhas expressivas e emblemáticas. Massas incríveis de granito nú cheias de personalidade, que começam no Pão de Açúcar e chegam até a serra do Órgãos em Teresópolis, que se constituem numa paisagem única e encantadora, que parece estar sempre disponível a desvendar um novo ângulo. Infelizmente esse incrível acontecimento inusitado vem sendo mau tratado pela ocupação humana do seu entorno - a cidade metropolitana do Rio de Janeiro - e, está completamente poluída, numa vazão "de seis mil litros de porcaria a cada segundo!"
A porcaria mencionada pelo sociólogo se constitui de esgoto doméstico, isto é saneamento básico, coleta executada casa a casa nos municípios da baixada que fazem parte de sua bacia de contribuição. O que aumenta a responsabilidade da população e dos governantes, como causadores desta tragédia ambiental é o fato de que as oito Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs), dimensionadas para tratar essa carga domiciliar, já estão construídas há mais de dez anos, sem entrar em funcionamento. Foram feitas dentro do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara, mas não foram acompanhadas, pelo trabalho muito mais pulverizado e disseminado no território, que é a coleta domiciliar.
A pergunta que fica no ar e complica essas responsabilidades mencionadas, é que; estão executadas porque eram obras mais sedutoras e interessantes para as empreiteiras? Porque não foram acompanhadas pelas obras de coleta domiciliar? Abaixo o link do texto de Roberto Damatta.
http://oglobo.globo.com/opiniao/um-ponto-de-vista-12711479
"Escrevo sobre a baía não porque goste de acusar, mas porque nasci e - apesar de tudo - permaneço em Niterói."
Realmente, quem cruza a ponte, ou adentra a baía de barco, ou visita Paquetá ou as ilhas do Fundão e do Governador, ou vai a Niterói se depara com um dos mais belos cenários, literalmente um anfiteatro de montanhas expressivas e emblemáticas. Massas incríveis de granito nú cheias de personalidade, que começam no Pão de Açúcar e chegam até a serra do Órgãos em Teresópolis, que se constituem numa paisagem única e encantadora, que parece estar sempre disponível a desvendar um novo ângulo. Infelizmente esse incrível acontecimento inusitado vem sendo mau tratado pela ocupação humana do seu entorno - a cidade metropolitana do Rio de Janeiro - e, está completamente poluída, numa vazão "de seis mil litros de porcaria a cada segundo!"
A porcaria mencionada pelo sociólogo se constitui de esgoto doméstico, isto é saneamento básico, coleta executada casa a casa nos municípios da baixada que fazem parte de sua bacia de contribuição. O que aumenta a responsabilidade da população e dos governantes, como causadores desta tragédia ambiental é o fato de que as oito Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs), dimensionadas para tratar essa carga domiciliar, já estão construídas há mais de dez anos, sem entrar em funcionamento. Foram feitas dentro do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara, mas não foram acompanhadas, pelo trabalho muito mais pulverizado e disseminado no território, que é a coleta domiciliar.
A pergunta que fica no ar e complica essas responsabilidades mencionadas, é que; estão executadas porque eram obras mais sedutoras e interessantes para as empreiteiras? Porque não foram acompanhadas pelas obras de coleta domiciliar? Abaixo o link do texto de Roberto Damatta.
http://oglobo.globo.com/opiniao/um-ponto-de-vista-12711479
segunda-feira, 2 de junho de 2014
Cerimônia de premiação do Concurso de Projetos para CCEE Cabo Frio, Nova Friburgo e Paraty
![]() |
Pedro da Luz Moreira presidente do IAB-RJ, Luis Fernando Pezão governador do Rio de Janeiro, um dos arquitetos premiados e o Subsecretário de Obras Vicente Loureiro |
Desde o seu nascimento, o IAB defende a realização de concurso de projetos para as obras das várias esferas de governo, ou para iniciativas privadas, que tenham uma certa relevância pública. Essa não é só uma luta corporativa dos arquitetos, mas é uma luta de toda a sociedade brasileira para que nossas obras ganhem maior transparência.
Num país onde a mídia constantemente denuncia obras mal feitas, orçamentos inadequados e cronogramas não cumpridos é fundamental dar protagonismo ao planejamento e ao projeto. E, o concurso de projetos de arquitetura é um dos instrumentos para promover essa maior transparência e visibilidade para as obras de relevância pública, pois confere protagonismo para a adequação e justeza das melhorias pretendidas. Nas sociedades mais avançadas, o controle da adequação das obras às prioridades da população é atingido pelos mecanismos de planejamento e de projeto, que ganham a dimensão do debate com uma série de agentes e atores se manifestando. O concurso público de projetos de arquitetura garante visibilidade e publicidade às intervenções pretendidas desde suas etapas iniciais - o estudo preliminar - fazendo com que sua adequação aos contextos físico, social e econômico seja socialmente debatido e aprimorado.
Na verdade, o projeto e o plano precisam passar a ser encarados como poderosos instrumentos na construção de consensos em nossas sociedades contemporâneas.
Os vários agentes e atores da sociedade podem e devem ter acesso às diversificadas hipóteses levantadas nas fases de plano e projeto, questionando e legitimando suas decisões. As recentes manifestações ocorridas nas cidades brasileiras apontam que nossos governantes precisam adequar as variadas infraestruturas à qualidade de vida. Isso pressupõe ações sobre o território realizadas de forma articulada, pensada e submetida aos diversos atores interessados de forma democrática. Nossas cidades precisam repensar suas infraestruturas de forma qualitativa e não mais apenas de forma quantitativa. As ações sobre o território não podem mais ser segmentadas, desarticuladas e desconexas, devendo levar em conta a complexidade do fenômeno urbano.
Nossas cidades metropolitanas precisam enfrentar seus problemas, de valor da terra urbana, de reconstrução do espaço público, da qualidade do caminhar, da mobilidade das pessoas, da sua interação com o meio natural de forma a garantir às gerações futuras uma melhor qualidade de vida. Nesse aspectos propomos uma mudança na forma de construir e de preservar as cidades brasileiras, rompendo com inércias instaladas e se fixando em quatro pontos prioritários:
Ponto 1: Cidades, que tenham bairros com diversidade de usos e de extratos sociais, revertendo a tendência de criação de guetos de ricos e pobres. A cidade segura é a da diversidade de extratos sociais, que se encontram no espaço público para celebrar a convivência entre diferentes.
Ponto 2: Cidades, que tenham uma mobilidade eficiente, que atenda a todos, que se articule a partir dos grandes modais de deslocamento, e que se estruture de forma hierarquica, fazendo com que todos os seus cidadãos não demorem mais de quarenta minutos em seus movimentos pendulares, combatendo a tendência de condenar as populações frágeis economicamente de ser penalizadas por deslocamentos de longas horas.
Ponto 3: Cidades, que tenham uma densidade que garanta o acesso a todas as infraestruturas urbanas a todos os seus cidadãos, garantindo acesso a coleta de esgotos, abastecimento de água, coleta de lixo, transportes de qualidade e etc... Combatendo a tendência de dispersão interminável, que dificulta a universalização dos serviços de infraestrutura urbana.
Ponto 4: Cidades, que busquem uma aproximação positiva com meios ambientes complexos e diversificados, combatendo a tendência de destruição dos biomas adjacentes a mancha urbana, promovendo um convívio didático entre seres urbanos e meio natural.
Nessa perspectiva de mudança das formas de construir a cidade no Brasil, e buscando formas de ampliar os debates sobre a ocupação humana do território é que o IAB-RJ anuncia sua candidatura a sediar o Congresso Mundial de Arquitetos da União Internacional dos Arquitetos (UIA) em 2020. A disputa para conquistar esse grande evento de cunho internacional só se justifica na perspectiva de busca de uma nova qualificação da ocupação humana no território brasileiro.
Assinar:
Postagens (Atom)