Apesar de uma demanda brasileira imensa por novas habitações urbanas, o antigo edifício do Hospital IV Centenário no bairro de Santa Teresa na cidade do Rio de Janeiro permanece fechado, desocupado e se deteriorando. Porque?
A pergunta se insere na série que começa a ser publicada no meu blog Arquitetura, cidade e projeto denominada; Se é fácil porque não implantamos? Uma pergunta básica e simples, que pretende cobrar do poder público e da sociedade brasileira soluções para problemas instalados complexos, mas que na nossa percepção cotidiana da cidade se mostram como enigmas banais e simples. Essa postura, ao final desvenda que a falta de importância dada para uma política urbana estruturada, articulada e pensada representam um fardo pesado para as cidades do país. As três esferas de poder no país, federal, estadual e municipal, precisam começar a reconhecer a centralidade de uma política urbana mais estruturada. As ações nesse segmento podem impulsionar transformações importantes, inclusive na distribuição de renda.
O Hospital IV Centenário em Santa Teresa é uma edificação dos anos sessenta, que funcionou como hospital hotel até o começo do século XXI. Era portanto, uma unidade de saúde que não realizava procedimentos complexos agendados como cirurgia, ou emergência e não tinha alto grau de resolutividade no atendimento ao público. Era portanto, uma unidade que atendia longa permanência e oferecia acompanhamento nos quartos e enfermarias para pacientes que se recuperavam de procedimentos complexos. É portanto, uma unidade de saúde com serviços de longa internação, com uma estrutura que se aproxima daquilo que o jargão da arquitetura hospitalar denomina hospital-hotel. Tal configuração abre para a antiga edificação um leque imenso de opções para sua reocupação, podendo abrigar novos usos como habitação, hotel, centro cultural, enfim qualquer programa arquitetônico.
Pois bem essa estrutura está abandonada há anos. Já houve projeto da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro de implantar um empreendimento do programa do governo federal Minha casa, Minha vida, que não foi para frente. Depois foi anunciado que o edifício abrigaria o 1o Batalhão da PM carioca, no entanto nada ainda aconteceu para tal.
No mundo contemporâneo cada vez mais essas estruturas são reutilizadas e reocupadas com novas funções, reaproveitando as energias já dispendidas para sua construção. Essa atitude revela também uma profunda consciência ambiental e ecológica...
Diário de Pedro da Luz Moreira, interessado em discutir a arquitetura, a cidade e o projeto
domingo, 28 de dezembro de 2014
sábado, 20 de dezembro de 2014
José Mariano Beltrame e Museu da Maré homenageados no IAB-RJ na festa da 52a Premiação Anual
O Secretário de Segurança do RJ José Mariano Beltrame e o Presidente do IAB-RJ Pedro da Luz Moreira |
O mundo contemporâneo tende a uma grande fragmentação das ações sobre o território, há uma enorme segmentação das responsabilidades, há esferas governamentais diferentes que se responsabilizam por serviços que não conversam com outros setores públicos. O problema tem efeitos deletérios sobre a construção das cidades brasileiras, que seguem com sua gestão do território fragmentada e dividida. A esfera urbana demanda uma atitude de coordenação, que só pode ser construída por um maior protagonismo do plano e do projeto, que são atividades que tem a pretensão de se antecipar aos impactos da implantação de infraestruturas variadas.
O Secretário de Segurança do Estado do RJ folhea o Catálogo de Metodologias de urbanização de Favelas |
Há muito que se apontam as favelas no Brasil como organismos capazes de estruturar redes de solidariedade e de auto-sustentação para populações fragilizadas economicamente. De uma maneira geral elas se constituem como ambientes onde a edificação da habitação é auto-empreendida e de forma precária pelas próprias famílias, determinando espaços urbanos de difícil legibilidade, onde o limite entre esfera privada e pública permanece indefinido. Apesar disso, elas foram capazes de construir configurações notáveis tanto do ponto de vista arquitetônico, como urbano. Invariavelmente elas demandam pela consolidação do limite entre esfera pública e privada, infraestruturas urbanas como distribuição de água, coleta de esgotos e lixo, acessibilidade, drenagem, iluminação, etc...E, também segurança pública.
A idéia por trás da 52a Premiação Anual do IAB-RJ, ao homenagear o Beltrame e o Museu da Maré, era reforçar que a política de segurança do governo do estado do Rio de Janeiro precisa ser reforçada pelo projeto de reurbanização de favelas. Abaixo o link da minha entrevista na TV Brasil sobre a premiação.
http://tvbrasil.ebc.com.br/reporterrio/episodio/trabalho-de-contar-a-historia-do-complexo-da-mare-vai-receber-premio
segunda-feira, 15 de dezembro de 2014
52a Premiação Anual do IAB-RJ, algumas considerações
Na última sexta feira dia 12 de dezembro de 2014 foi realizada na sede do IAB-RJ a tradicional festa de premiação anual dos arquitetos, que nesse ano teve uma expressiva procura com 81 trabalhos inscritos. Nesse ano a direção do IAB-RJ propos um tema - a Baía de Guanabara - instando aos arquitetos que apresentassem suas propostas e planos para promover uma aproximação positiva e propositiva entre mancha urbana e esse acontecimento geográfico. A idéia do tema pretende promover uma maior aproximação da Premiação Anual com o conjunto da sociedade brasileira, atraindo a área de meio ambiente dos problemas de ocupação do território pelo homem, que são afeitas aos arquitetos e urbanistas. A festa, que montou uma exposição na grande nave da sede do IAB-RJ, revela um retrato da produção da arquitetura nacional, com interessantes manifestações nas categorias; urbanismo e paisagismo, edificações, arquitetura de interiores e design, e Baía de Guanabara.
O IAB-RJ também homenageou como personalidade do ano, o Secretário de Segurança do Estado do Rio de Janeiro José Mariano Beltrame e o Museu da Favela da Maré, para celebrar a retomada dos territórios das favelas cariocas do tráfico de drogas e de atividades ilícitas. Além desses o IAB-RJ também homenageou o arquiteto Edisom Musa como arquiteto do ano, pela sua obra e presença na cidade do Rio de Janeiro.
A homenagem as personalidades do ano geraram protestos de uma minoria barulhenta, que não concordava com essa indicação e que se manifestou constrangendo o Secretário Beltrame de forma discricionária, durante a solenidade. Além disso essa minoria pichou as fachadas do IAB-RJ, com frases agressivas ao Secretário num ato de vandalismo contra um imóvel tombado pelo patrimônio, o que é inadmissível.
O IAB-RJ repudia essa atitude dessa minoria barulhenta e autoritária, reafirmando seus compromissos com a democracia de forma ampla e irrestrita, permitindo inclusive que o contraditório se manifestasse livremente na sua sede. No entanto, não se pode admitir a cassação da palavra do Secretário de Segurança na solenidade, nem tão pouco a depredação do patrimônio tombado pelo IEPHA estadual e pelo Município. Numa democracia é importante que os diversos agentes e atores possam dialogar sem quaisquer constrangimentos, permitindo a livre expressão das idéias.
Habermas, um filósofo alemão contemporâneo, que prega a busca de uma certa horizontalidade do debate entre diferentes agentes, a partir do conceito da busca da racionalidade intersubjetiva. Um novo conceito de racionalidade, longe de personalismos, mas firmados a partir da livre argumentação entre diferentes posicionamentos. Enfim, o que Habermas propõe é a escuta da diversidade de opiniões, o ouvir o outro, aquele que pensa diferente de nós. Prática fundamental para o desenvolvimento da idéia republicana que toda democracia pretende alcançar.
O IAB-RJ também homenageou como personalidade do ano, o Secretário de Segurança do Estado do Rio de Janeiro José Mariano Beltrame e o Museu da Favela da Maré, para celebrar a retomada dos territórios das favelas cariocas do tráfico de drogas e de atividades ilícitas. Além desses o IAB-RJ também homenageou o arquiteto Edisom Musa como arquiteto do ano, pela sua obra e presença na cidade do Rio de Janeiro.
A homenagem as personalidades do ano geraram protestos de uma minoria barulhenta, que não concordava com essa indicação e que se manifestou constrangendo o Secretário Beltrame de forma discricionária, durante a solenidade. Além disso essa minoria pichou as fachadas do IAB-RJ, com frases agressivas ao Secretário num ato de vandalismo contra um imóvel tombado pelo patrimônio, o que é inadmissível.
O IAB-RJ repudia essa atitude dessa minoria barulhenta e autoritária, reafirmando seus compromissos com a democracia de forma ampla e irrestrita, permitindo inclusive que o contraditório se manifestasse livremente na sua sede. No entanto, não se pode admitir a cassação da palavra do Secretário de Segurança na solenidade, nem tão pouco a depredação do patrimônio tombado pelo IEPHA estadual e pelo Município. Numa democracia é importante que os diversos agentes e atores possam dialogar sem quaisquer constrangimentos, permitindo a livre expressão das idéias.
Habermas, um filósofo alemão contemporâneo, que prega a busca de uma certa horizontalidade do debate entre diferentes agentes, a partir do conceito da busca da racionalidade intersubjetiva. Um novo conceito de racionalidade, longe de personalismos, mas firmados a partir da livre argumentação entre diferentes posicionamentos. Enfim, o que Habermas propõe é a escuta da diversidade de opiniões, o ouvir o outro, aquele que pensa diferente de nós. Prática fundamental para o desenvolvimento da idéia republicana que toda democracia pretende alcançar.
domingo, 14 de dezembro de 2014
Mais diálogo, planos e projetos
Na última sexta-feira, dia 12 de dezembro de 2014, o IAB-RJ realizou a sua a 52ª Premiação Anual. O evento teve uma expressiva marca de 82 trabalhos inscritos entre estudantes e profissionais, numa demonstração de força e jovialidade de uma instituição que jamais se pautou pelo pensamento único, por alinhamentos confortáveis, e sim pela promoção constante do diálogo, do contraditório e do debate tão característicos da democracia e das cidades.
Nesta edição, foi proposta uma premiação especial sobre a Baía de Guanabara, importante acontecimento geográfico que justificou a antiga cidade colonial do Rio de Janeiro. Pensar uma articulação e aproximação positiva e propositiva dos seres urbanos com contínuos ambientais como a Baía de Guanabara é o grande desafio de nossa contemporaneidade.
A proposta do IAB-RJ, ao incitar arquitetos a pensar a Baía, é mobilizar o pensamento sobre o desenho do território para reequilibrá-lo em suas oportunidades. Consideramos, portanto, que a despoluição desse patrimônio ambiental é uma forma de ampliar os confortos e benfeitorias que essa ação traz para o antigo centro da cidade, para a sua Zona Norte e para municípios como São Gonçalo, Duque de Caxias, Magé, entre outros.
Olhemos para as nossas bordas. Numa cidade tão ligada ao mar, queremos voltar a celebrar todas as suas águas e mananciais.
Mas nem tudo foi festa na Premiação Anual do IAB-RJ. Houve protestos de uma minoria autoritária e barulhenta, contra a escolha feita pelo IAB-RJ para os títulos de personalidades homenageadas no ano – o secretário de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, e o Museu da Maré.
Tais indicações, corajosas e longe dos alinhamentos confortáveis, foram aprovadas pelo Conselho Deliberativo da entidade.
Elas têm o propósito de alertar a sociedade para a importância da política das Unidades de Policia Pacificadora (UPPs) nas favelas cariocas. O IAB-RJ acredita que a reconquista dos territórios para a normalidade constitucional e a garantia de livre acesso às favelas são valores absolutamente essenciais para a discussão da cidade.
As homenagens indicam, ainda, a urgência da aproximação entre favelas, representadas pelo pioneiro e inspirador trabalho realizado pelo Museu da Maré, e o poder público, na figura do idealizador das UPPs, Beltrame. O IAB-RJ aposta firmemente no aprimoramento deste diálogo como único caminho para a obtenção de resultados na cidade.
E, não menos importante, as escolhas de Beltrame e do Museu da Maré são estratégicas no sentido de fortalecer a posição do IAB-RJ como agente ativo nas discussões futuras sobre o território das favelas no Rio de Janeiro.
Com essas homenagens o IAB-RJ – das UPPs, do Museu da Maré e também com o arquiteto do ano Edison Musa – pretende, por fim, enfatizar o significado do planejar e projetar. Afinal, planos e projetos articulados e interligados não devem desempenhar um papel descritivo de ações a serem implementadas de forma autoritária. E sim, em suas fases iniciais, medir sua adequação ao contexto em que se implantam. São, portanto, instrumentos fundamentais na ampliação da transparência de nossa democracia.
Nesta edição, foi proposta uma premiação especial sobre a Baía de Guanabara, importante acontecimento geográfico que justificou a antiga cidade colonial do Rio de Janeiro. Pensar uma articulação e aproximação positiva e propositiva dos seres urbanos com contínuos ambientais como a Baía de Guanabara é o grande desafio de nossa contemporaneidade.
A proposta do IAB-RJ, ao incitar arquitetos a pensar a Baía, é mobilizar o pensamento sobre o desenho do território para reequilibrá-lo em suas oportunidades. Consideramos, portanto, que a despoluição desse patrimônio ambiental é uma forma de ampliar os confortos e benfeitorias que essa ação traz para o antigo centro da cidade, para a sua Zona Norte e para municípios como São Gonçalo, Duque de Caxias, Magé, entre outros.
Olhemos para as nossas bordas. Numa cidade tão ligada ao mar, queremos voltar a celebrar todas as suas águas e mananciais.
Mas nem tudo foi festa na Premiação Anual do IAB-RJ. Houve protestos de uma minoria autoritária e barulhenta, contra a escolha feita pelo IAB-RJ para os títulos de personalidades homenageadas no ano – o secretário de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, e o Museu da Maré.
Tais indicações, corajosas e longe dos alinhamentos confortáveis, foram aprovadas pelo Conselho Deliberativo da entidade.
Elas têm o propósito de alertar a sociedade para a importância da política das Unidades de Policia Pacificadora (UPPs) nas favelas cariocas. O IAB-RJ acredita que a reconquista dos territórios para a normalidade constitucional e a garantia de livre acesso às favelas são valores absolutamente essenciais para a discussão da cidade.
As homenagens indicam, ainda, a urgência da aproximação entre favelas, representadas pelo pioneiro e inspirador trabalho realizado pelo Museu da Maré, e o poder público, na figura do idealizador das UPPs, Beltrame. O IAB-RJ aposta firmemente no aprimoramento deste diálogo como único caminho para a obtenção de resultados na cidade.
E, não menos importante, as escolhas de Beltrame e do Museu da Maré são estratégicas no sentido de fortalecer a posição do IAB-RJ como agente ativo nas discussões futuras sobre o território das favelas no Rio de Janeiro.
Com essas homenagens o IAB-RJ – das UPPs, do Museu da Maré e também com o arquiteto do ano Edison Musa – pretende, por fim, enfatizar o significado do planejar e projetar. Afinal, planos e projetos articulados e interligados não devem desempenhar um papel descritivo de ações a serem implementadas de forma autoritária. E sim, em suas fases iniciais, medir sua adequação ao contexto em que se implantam. São, portanto, instrumentos fundamentais na ampliação da transparência de nossa democracia.
domingo, 7 de dezembro de 2014
Lançamento dos três livros de Nabil Bounducki no IAB-RJ
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O presidente do IAB-RJ Pedro da Luz, o arquiteto e vereador Nabil Bounducki, o presidente nacional do IAB Sérgio Magalhães e as arquitetas Rose Compans e Silvia Barbosa no lançamento do livro |
Os debates acabaram se referindo ao atual programa de produção habitacional do governo federal, o Minha Casa Minha Vida (MCMV), que vem repetindo erros da política da ditadura militar, centrada no extinto Banco Nacional de Habitação (BNH), que lhe antecedeu, e a forma de produção e reprodução da cidade brasileira, que permanece injusta e excludente para amplos setores sociais. A oportunidade que estamos perdendo com o programa MCMV de reestruturar as cidades brasileiras, fazendo-as mais inclusiva é notória e amplamente compartilhada pelos arquitetos.
A moldura da produção habitacional brasileira permanece presa a uma lógica quantitativa, sem atender a demanda qualitativa da sociedade brasileira, que não solicita mais a casa isolada, mas a casa urbana. A inserção da moradia no contexto urbano significa garantia de acesso a oportunidades, trabalho, lazer, infraestruturas, que muitas vezes são capazes de promover melhorias significativas a diferenciadas famílias.
A habitação representa uns 80% da massa construída de todas as cidades no mundo. Promover assentamentos habitacionais articulados a uma urbanidade mais consolidada, que garanta as famílias acesso a empregos, lazer, educação, cultura pode significar uma mudança na perspectiva de vida da população mais frágil economicamente.
O governo federal, que continuamente se auto define como promotor de uma melhora na distribuição de renda no Brasil, parece que ainda não entendeu, que a política urbana é fundamental para isso.
sábado, 6 de dezembro de 2014
Debate no IAB-RS sobre a Olimpíada no Rio de Janeiro
Na última quarta feira dia 03 de dezembro de 2014 estive em Porto Alegre no Rio Grande do Sul, debatendo os projetos para a Olimpíada de 2016 no Rio de Janeiro, no contexto dos encontros de quarta no Instituto de Arquitetos do Brasil departamento do Rio Grande do Sul (IAB-RS). A recepção e acolhida dos companheiros gaúchos foi maravilhosa e bem proveitosa, com questionamentos e posicionamentos bem articulados, que debateram de forma acalorada o projeto da cidade contemporânea no Brasil.
Montei minha argumentação a partir da constatação de que existe uma inércia do construir cidades no Brasil, que precisa ser modificada e transformada, pois estamos gerando uma urbanidade incompleta e insegura. A configuração de um território urbano onde existe, de um lado, pequenos trechos infraestruturados com comodidades sofisticadas, e de outro, imensas extensões com precariedades primárias, como falta de abastecimento básico, ausência de calçamento, iluminação, coleta de lixo, dentre outras, determinava uma compreensão geral de injustiça e de desequilíbrio de acesso à oportunidades na sociedade brasileira.
A cidade é a materialização mais concreta e fiel da sociedade. Nela estão reproduzidas as práticas cotidianas de exclusão e elitismo dos extratos sociais brasileiros de maneira geral. A definição de um programa de prioridades, que mudasse a inércia do construir da cidade brasileira deveria enfrentar quatro pontos bem objetivos. Nossas cidades precisam passar a ser:
https://www.youtube.com/watch?v=qx80upYVxTE
Montei minha argumentação a partir da constatação de que existe uma inércia do construir cidades no Brasil, que precisa ser modificada e transformada, pois estamos gerando uma urbanidade incompleta e insegura. A configuração de um território urbano onde existe, de um lado, pequenos trechos infraestruturados com comodidades sofisticadas, e de outro, imensas extensões com precariedades primárias, como falta de abastecimento básico, ausência de calçamento, iluminação, coleta de lixo, dentre outras, determinava uma compreensão geral de injustiça e de desequilíbrio de acesso à oportunidades na sociedade brasileira.
A cidade é a materialização mais concreta e fiel da sociedade. Nela estão reproduzidas as práticas cotidianas de exclusão e elitismo dos extratos sociais brasileiros de maneira geral. A definição de um programa de prioridades, que mudasse a inércia do construir da cidade brasileira deveria enfrentar quatro pontos bem objetivos. Nossas cidades precisam passar a ser:
- Densas e compactas, passando a possibilitar a universalização geral dos serviços urbanos em todo seu território, com reforço da mais antiga centralidade.
- Cidade que fomente a convivência de diversos extratos sociais e usos, que combata a tendência de gerar guetos separados, de ricos e pobres, e aproxime atividades como habitação, trabalho e lazer.
- Cidade de mobilidade ampliada, que combata a exclusão determinada a partir da ausência ou tarifação cara do transporte público, possibilitando acesso a oportunidades variadas ao conjunto de sua população.
- Cidade que amplie a visibilidade e a aproximação dos seus conjuntos naturais, aproximando seus cidadãos de biomas particulares.
E
Enfim, quatro pontos fundamentais para ampliar a democracia brasileira. Abaixo a íntegra do debatehttps://www.youtube.com/watch?v=qx80upYVxTE
sexta-feira, 5 de dezembro de 2014
Vencedor do concurso do Museu da Imagem e do Som - Profissional
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O trabalho primeiro colocado de Silvio Oksman |
Os responsáveis pelas equipes que foram premiados são os seguintes trabalhos:
1º lugar - Silvio Oksman (SP)
2º lugar - Pedro Varella ( RJ)
3º lugar - André Lompreta de Oliveira (RJ)
Menção Honrosa - Matias Revello Vazquez (RS)
Menção Honrosa - Pablo Emilio Robert Herenu (SP)
O nível do concurso atingiu um patamar extraordinário, a imagem do vencedor demonstra o que estou dizendo.
quarta-feira, 3 de dezembro de 2014
Resultado do Concurso de Projetos da Biblioteca Nacional no IAB-RJ
Dia do anúncio da vitória pelo arquiteto Hector Viglieca |
Na ocasião o arquiteto mostrou seu projeto vencedor e emocionou a platéia presente no IAB-RJ. A exposição de Viglieca enfatizou a inserção pública da edificação, que se implanta no novo boulevard da zona portuária da Rua Rodrigues Alves com uma grande generosidade urbana, articulando com sabedoria acesso e espaço público.
O arquiteto Hector Viglieca a presenta seu projeto no IAB-RJ |
A Biblioteca Nacional é um marco da nossa cultura, que figura como um dos acervos mais importantes do mundo, ao promover o concurso de projetos de arquitetura essa instituição também reconheceu o valor simbólico e cultural de sua edificação.
Sem dúvida um marco importante na cultura de fazer cidades.
sábado, 29 de novembro de 2014
Seminário sobre cidade sustentável em Duque de Caxias
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A programação do encontro |
O tema do meio ambiente é hoje hegemônico em nosso mundo contemporâneo, no entanto ele possui imensa interface com o urbano e a ocupação humana do território. Na cidade metropolitana do Rio de Janeiro um acontecimento geográfico notável assume uma dimensão fundamental na questão da sustentabilidade, a Baía de Guanabara. Esse acontecimento geográfico é um dos mais belos cenários da nossa cidade, ela possibilitou a fundação da cidade colonial e pode ser vista como uma fortaleza natural, um anfiteatro de montanhas e pedras graníticas memoráveis. A cidade de Duque de Caxias possui profundos vínculos com esse acontecimento geográfico, que no entanto não estão desfrutáveis. A premiação anual do IAB-RJ desse ano conclama os arquitetos do Brasil a apresentarem propostas que reaproximem a Baía de Guanabara de sua mancha urbana, imaginando equipamentos e instalações que ampliem sua visibilidade.
As cidades ocupam apenas 2% do território do planeta, no entanto é nelas que se encontra grande parte de nosso passivo ambiental, como esgotos, resíduos sólidos, emissão de carbono, etc... A arquitetura e o urbanismo podem impulsionar uma convivência mais integrada entre natureza e citadinos.
terça-feira, 25 de novembro de 2014
"Do Porto para o Anil", ou qual cidade queremos construir?
Em função de uma matéria publicada no jornal O Globo de segunda feira dia 24 de novembro de 2014, enviei a jornalista o seguinte texto, criticando a posição da municipalidade do Rio de Janeiro;
Reportagem publicada no O Globo de hoje, com o título “Do Porto para o Anil”, mostra que empreendimentos imobiliários na Zona Portuária foram trocados, em sua urgência, por iniciativas na Barra e na Baixada de Jacarepaguá. Há muito tempo que os investidores imobiliários da cidade investem na Barra e na Baixada de Jacarepaguá, não necessitando de incentivos públicos. Em contraposição, o centro é mais atraente para lançamentos de torres empresariais. Lá, quase não se verificam empreendimentos habitacionais.
Nota-se, a partir do ocorrido, que a cidade do Rio de Janeiro permanece sem um projeto explícito e claro de direcionamento do seu futuro, atendendo de forma fragmentada a pressões pontuais de investidores. O IAB-RJ defende há anos que a cidade brasileira deve reverter sua tendência inercial de dispersão territorial interminável, construindo e incentivando os empreendimentos próximos aos centros urbanos mais densos. Ao privilegiar a utilização das infraestruturas já instaladas na cidade pré-existente, evita-se que novas tenham que ser implantadas.
A posição decorre do fato de que a cidade brasileira possui em seu território amplas parcelas onde a universalização dos serviços urbanos, como coleta de esgotos e de lixo, distribuição de água potável, calçamento de ruas, iluminação pública e outros não são acessíveis. Isso determina uma profunda diferenciação, com poucas áreas de urbanidade plena e a grande maioria com profundas carências.
Cabe ao poder público reverter essa tendência, operando no sentido de direcionar as pressões pontuais, canalizando suas energias para um projeto de cidade mais denso e compacto, que facilite o acesso à urbanidade plena.
Pedro da Luz Moreira
Presidente do IAB-RJ
A corrupção brasileira, uma reflexão importante
Ricardo Semler, um tucano declarado construiu um artigo brilhante na Folha de São Paulo, destacando o inusitado da prisão de empresários ligados as toda poderosas empreiteiras, que há anos pautam nossos governos. A corrupção no Brasil vem decrescendo é a mensagem otimista contida no brilhante artigo. A corrupção brasileira, assim como outras presentes nos quatro cantos do mundo floresce onde os mecanismos de transparência republicana do estado são pouco eficientes. E, nós brasileiros estamos melhorando nesse quesito, segundo Semler;
"A turma global que monitora a corrupção estima que 0,8% do PIB brasileiro é roubado. Esse número já foi de 3,1%, e estimam ter sido na casa de 5% há poucas décadas."
O artigo também destaca a presença da corrupção nas empresas privadas, que pelo discurso hegemônico do neo-liberalismo eram estruturas imunes a essa prática, ainda segundo Semler:
"O que muitos não sabem é que é igualmente difícil vender para muitas montadoras e incontáveis multinacionais sem antes dar propina para o diretor de compras."
A íntegra do artigo está no link abaixo, vale a pena a leitura:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/196552-nunca-se-roubou-tao-pouco.shtml
"A turma global que monitora a corrupção estima que 0,8% do PIB brasileiro é roubado. Esse número já foi de 3,1%, e estimam ter sido na casa de 5% há poucas décadas."
O artigo também destaca a presença da corrupção nas empresas privadas, que pelo discurso hegemônico do neo-liberalismo eram estruturas imunes a essa prática, ainda segundo Semler:
"O que muitos não sabem é que é igualmente difícil vender para muitas montadoras e incontáveis multinacionais sem antes dar propina para o diretor de compras."
A íntegra do artigo está no link abaixo, vale a pena a leitura:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/196552-nunca-se-roubou-tao-pouco.shtml
domingo, 16 de novembro de 2014
A queda do muro de Berlim
Berlim é uma cidade emblemática para a história do século XX, em seu território estão representados os dramas vividos pelos seres humanos nesse período tão rico da nossa história. Ela é acima de tudo o símbolo maior da unidade alemã, e não apenas nesse final do século XX, com a queda do muro, mas desde o século XIX, quando a então capital da Prússia capitaneou a união dos povos germânicos.
Norbert Elias mostra no livro Os Alemães como a construção dos diversos estados nacionais condicionou a experiência de ser e ser visto, como francês, inglês, russo ou alemão, e como cada uma das suas capitais Paris, Londres, Moscou e Berlim, simbolizam e carregam os arquétipos desses quatro povos. As especificidades da tardia unificação alemã apontam para uma certa fraqueza da classe média frente os antigos príncipes e nobres dos diversos estados germânicos do século XVIII, e um certo militarismo prussiano.
"No iníco do século XIX, um dos principais pontos no programas de ambas as correntes de classe média - a Idealista e Liberal e a Conservadora e Nacionalista - era a unificação da Alemanha, pondo fim a pluralidade de numerosos e pequenos Estados. Foi de grande significação para o desenvolvimento do habitus alemão de classe média que esses planos fracassassem. O choque causado por isso foi aprofundado quando um príncipe, o rei da Prússia com seu conselheiro Bismarck, logrou satisfazer militarmente os anseios de uma Alemanha unificada, através de uma guerra vitoriosa, quando as classes médias nada tinham conseguido por meios pacíficos. A vitória dos exércitos alemães sobre a França foi, ao mesmo tempo, uma vitória da nobreza alemã sobre a classe média alemã." Pg26
Berlim era a capital do reino da Prússia, mas percebe-se no mesmo autor a identificação de uma vertente autoritária e militarista na construção do Estado alemão, um certo declínio do habitus urbano frente a lógica militar, principalmente quando o mesmo autor compara com o processo holandês de formação do Estado.
"A arte de governar com a ajuda da negociação e das concessões mútuas foi passada da cidade para o Estado. Na Alemanha pelo contrário, os modelos militares de comando e obediência prevaleceram em vários níveis sobre os modelos urbanos de negociação e persuasão." Pg24
Por outro lado, Berlim assume seu papel de capital dos povos germânicos de forma tardia e tendo concorrentes simbolicamente fortes como Viena ou Praga, onde a construção dessa representatividade é impulsionada pela antiguidade, ainda segundo Elias;
"Comparada com Paris e Londres, Berlim é uma cidade jovem...Um única derrota do rei prussiano na luta com os rivais Habsburgo teria possivelmente sustado para sempre a ascensão de Berlim. Durante a Guerra dos Sete Anos, Frederico II esteve por várias vezes perto de selar esse destino para sua capital. Talvez seja útil acrescentar que no periodo dos imperadores Habsburgo, Viena funcionou frequentemente como cidade capital do império alemão. Praga também serviu nesse papel por algum tempo." Pg22
Berlim portanto não possui o destaque de outras capitais européias e chega na passagem do século XIX para o XX como capital da Alemanha unificada com um papel novo e não estabelecido pela antiguidade. A Berlim inicia o processo de construção de uma iconografia particular e memorável com a atuação na cidade do arquiteto Karl Friedrich Schinkel (1781-1841), logo após a derrota de Napoleão, e um pouco antes da unificação. Esse esforço construtivo do início do século XIX, apesar da imensa destruição da Berlim contemporânea, permanece vivo na cidade e é a sua face neoclássica que possui um extremo rigor racionalista, que está na ilha dos museus, no Altes Museum, no Teatro de Ópera Neues Schapielhaus na praça das duas catedrias, no portão de Bradenburgo e em outras manifestações. Esse rigor racionalista do neo classicismo alemão permanecerá presente nas sensibilidades posteriores, passando pelo ecletismo e até atingindo o modernismo. A manipulação da modulação construtiva, a padronização das fenestrações e uma certa proporção entre cheios e vazios é uma constante nas fachadas da cidade.
Mas além desse racionalismo percebe-se em Berlim uma certa desconfiança frente ao seu recente papel de nova capital da Alemanha, uma recusa consciente a manifestações nacionalistas. Uma certa alma instável e insegura do papel que lhe foi dado com a queda do muro em 1989. Há mesmo uma certa incerteza e informalidade no trato das estruturas governamentais da Grosse Deutschland, chegando ao ponto extremo de ter ouvido nas suas ruas da cidade que "os berlinenses são os cariocas da Alemanha". Afinal, quem pode prever o vir a ser da Berlim, num mundo perpassado de incertezas, como foi o século XX e continua sendo o XXI.
Norbert Elias mostra no livro Os Alemães como a construção dos diversos estados nacionais condicionou a experiência de ser e ser visto, como francês, inglês, russo ou alemão, e como cada uma das suas capitais Paris, Londres, Moscou e Berlim, simbolizam e carregam os arquétipos desses quatro povos. As especificidades da tardia unificação alemã apontam para uma certa fraqueza da classe média frente os antigos príncipes e nobres dos diversos estados germânicos do século XVIII, e um certo militarismo prussiano.
"No iníco do século XIX, um dos principais pontos no programas de ambas as correntes de classe média - a Idealista e Liberal e a Conservadora e Nacionalista - era a unificação da Alemanha, pondo fim a pluralidade de numerosos e pequenos Estados. Foi de grande significação para o desenvolvimento do habitus alemão de classe média que esses planos fracassassem. O choque causado por isso foi aprofundado quando um príncipe, o rei da Prússia com seu conselheiro Bismarck, logrou satisfazer militarmente os anseios de uma Alemanha unificada, através de uma guerra vitoriosa, quando as classes médias nada tinham conseguido por meios pacíficos. A vitória dos exércitos alemães sobre a França foi, ao mesmo tempo, uma vitória da nobreza alemã sobre a classe média alemã." Pg26
Berlim era a capital do reino da Prússia, mas percebe-se no mesmo autor a identificação de uma vertente autoritária e militarista na construção do Estado alemão, um certo declínio do habitus urbano frente a lógica militar, principalmente quando o mesmo autor compara com o processo holandês de formação do Estado.
"A arte de governar com a ajuda da negociação e das concessões mútuas foi passada da cidade para o Estado. Na Alemanha pelo contrário, os modelos militares de comando e obediência prevaleceram em vários níveis sobre os modelos urbanos de negociação e persuasão." Pg24
Por outro lado, Berlim assume seu papel de capital dos povos germânicos de forma tardia e tendo concorrentes simbolicamente fortes como Viena ou Praga, onde a construção dessa representatividade é impulsionada pela antiguidade, ainda segundo Elias;
"Comparada com Paris e Londres, Berlim é uma cidade jovem...Um única derrota do rei prussiano na luta com os rivais Habsburgo teria possivelmente sustado para sempre a ascensão de Berlim. Durante a Guerra dos Sete Anos, Frederico II esteve por várias vezes perto de selar esse destino para sua capital. Talvez seja útil acrescentar que no periodo dos imperadores Habsburgo, Viena funcionou frequentemente como cidade capital do império alemão. Praga também serviu nesse papel por algum tempo." Pg22
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Altes Museum Karl Friedrich Schinckel em Berlim |
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A imensa destruição de Berlim em 1945 - Postadamer Platz |
quinta-feira, 6 de novembro de 2014
Vitória da chapa Fortalecimento da Arquitetura e Urbanismo no CAU-RJ
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Vitória das teses do IAB na eleição do CAU |
Essa foi uma vitória de um grupo de arquitetos que vem declarando um grande amor pelo nosso ofício. Há nesse grupo uma diversidade muito grande de opiniões, mas percebo uma convergência na valorização do planejamento e do projeto como atividades estruturantes da nossa profissão. Outra convergência é a visão partilhada sobre as cidades brasileiras e seu processo de reprodução, esse grupo entende essa forma de crescimento como injusta e desequilibrada, não distribuindo oportunidades de forma equitativa pelo território. Há uma pauta oculta na produção e reprodução da cidade brasileira, prisioneira de interesses imediatos e ligeiros, sem olhar para o interesse geral dos seus habitantes. Há uma tendência inercial na produção da cidade brasileira, que precisa ser identificada e denunciada como um projeto excludente e elitista, que não está articulado com a ampliação da democracia que a sociedade brasileira vem alcançando no campo político. Essa não explicitação do projeto brasileiro de cidade determina uma forte fragmentação e segmentação das ações no território, que acaba presa por um voluntarismo descoordenado que beneficia interesses particulares.
Nesse sentido, as atividades de planejamento e projeto cumprem um papel estratégico importante, pois são um poderoso instrumental para a democratização dessa mesma cidade, uma vez que simulam com antecedência sobre o papel, os custos e benefícios das modificações propostas. São nas sociedades mais evoluídas a forma mais correta de se debater seu próprio vir a ser, checando a adequação das transformações propostas ao contexto existente.
terça-feira, 4 de novembro de 2014
Favela de Parque Royal, manutenção ou deterioração da informalidade
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A favela manutenção ou deterioração da urbanidade |
Os vídeos mostram no meu entendimento, que as favelas demandam do poder público um cuidado constante com a manutenção dos serviços públicos, que ao final demonstram a sua efetiva presença nessas localidades. A compreensão e a auto-estima das comunidades é um potencializador do controle sobre o estímulo ou desestímulo da informalidade. A presença de serviços públicos, tais como coleta de esgotos, distribuição de água, coleta de lixos, arruamento, iluminação, drenagem, segurança enfatizam para a comunidade a existência do estado de direito, construindo a sensação de pertencimento à cidade. A presença continuada das concessionárias e dos serviços públicos em geral constroem a idéia de pertencimento à cidade, transformando essas áreas em bairros específicos do contínuo urbanizado. Portanto as ações do poder público devem visar essa continuidade, para que a integração seja efetiva. É óbvio, que essa ação envolve um combate continuado a uma série de preconceitos estabelecidos em nossa sociedade, inclusive nos funcionários públicos e das concessionárias, que muitas vezes permanecem considerando essas áreas como excepcionais, mesmo após a urbanização. É também claro que as próprias comunidades precisam ser responsabilizadas por suas práticas, buscando se adequar aos padrões gerais de funcionamento do conjunto edificado da cidade.
Vejam os filmes nos links abaixo:
/http://www.entendafavela.com.br/conflito-cedae-e-prefeitura-no-esgoto-da-favela/
http://www.entendafavela.com.br/conflito-do-publico-e-privado-na-favela/
http://www.entendafavela.com.br/moradores-contruiram-a-favela-do-parque-royal/
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
A palestra de Juan Carlos Rico no IAB-RJ - Cidade e Participação
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Estrutura provisória para explicar as obras de transformações de Berlim |
A estação central de Berlim |
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O ministro das cidades do Brasil visita as maquetes de Berlim |
sábado, 25 de outubro de 2014
Reflexão de quinze minutos de leitura antes de votar
Um texto esclarecedor do sociólogo Lucas Coradini da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, indicado pelo Pablo Benetti, muito além das pré disposições presentes em posicionamentos apaixonados dos simpatizantes dos dois partidos em disputa. Com uma posição definida para essa eleição, mas procurando usar dos dados e índices presentes em diferentes fontes é construído uma diferenciação entre duas teses claras e transparentes em disputa...
Vale a pena a leitura
http://www.sul21.com.br/jornal/nao-decida-o-seu-voto-agora-decida-em-quinze-minutos-por-lucas-coradini/
Vale a pena a leitura
http://www.sul21.com.br/jornal/nao-decida-o-seu-voto-agora-decida-em-quinze-minutos-por-lucas-coradini/
sexta-feira, 24 de outubro de 2014
A ausência do espaço nas discussões eleitorais no Brasil
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As periferias urbanas, ausência de urbanidade |
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O cotidiano e o bem viver nas metrópoles contemporâneas |
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Urbanidade e acesso a oportunidades |
Pois bem, essas obviedades não pautaram os discursos políticos das candidaturas brasileiras, seja no primeiro, como também no segundo turno das eleições brasileiras. A ausência de espacialização dos problemas brasileiros representa um forte fator de incompreensão dos temas políticos. Para Habermas toda tentativa de conhecimento só apreende a informação quando essa se transforma em signo, que exige do interlocutor interpretação, que acaba por gerar mais uma nova produção de signos. Me parece que a didática política brasileira está precisando ser remapeada.
quinta-feira, 23 de outubro de 2014
Matéria no jornal O Globo sobre o edifício Seabra na praia do Flamengo no RJ
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Fachada do Edifício Seabra na Praia do Flamengo RJ |
O edifício Seabra nos mostra um pouco do padrão de qualidade construtiva que a cidade já desfrutou, e, que infelizmente não apresenta mais. Na minha entrevista, que fecha a reportagem da versão online procurei destacar exatamente essa característica, que acabou possibilitando um envelhecimento de qualidade àquela construção. Todos sabemos que a arquitetura, seja a que sensibilidade pertença (colonial, neo clássica, eclética, art decô, art nouveau, modernista ou contemporânea, ou outras), demanda manutenção e conservação, sem a qual a edificação tende a retornar ao estágio de ruína.
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Hall do edifício Seabra |
O link da matéria pode ser visto abaixo.
http://oglobo.globo.com/rio/luxo-de-outros-tempos-dakota-carioca-guarda-charme-de-um-nobre-flamengo-14292619
Vídeo de apoio a chapa 1 Fortalecimento da Arquitetura e Urbanismo do CAU-RJ
Prezados leitores gravei o vídeo de apoio a Chapa 1 Fortalecimento da Arquitetura e do Urbanismo, que concorre a eleição do CAU-RJ, e que se realizará no dia 05 de novembro de 2014. Os integrantes dessa chapa afirmam a necessidade de assegurar uma articulação permanente com todas as entidades e organizações representativas dos arquitetos e urbanistas, em especial, as que constituem o CEAU – Conselho de Entidades de Arquitetura e Urbanismo.
Nessa entrevista falei sobre a importância do CAU, o novo conselho profissional dos arquitetos e urbanistas, e defendi que os seus conselheiros sejam pessoas experientes, com atividade profissional expressiva na sociedade. Essa experiência profissional pode prevenir casos como o do Concurso do BNDES, em que o CAU-RJ deu apoio a um certame que não previa a contratação do vencedor de forma integral, demonstrando uma grande inexperiência do atual presidente do que é a prática de projeto. Esse caso é muito grave, pois o BNDES é o banco de fomento do governo brasileiro e, portanto, uma instituição de referência para estabelecer práticas.
Outro indicador da importância dessa experiência para o perfil dos conselheiros é a defesa da não profissionalização deles, de forma que permaneçam com suas atividades principais ativas. O link da entrevista se encontra abaixo, vejam e divulguem...
https://www.youtube.com/watch?v=-WShgCns1tc
Nessa entrevista falei sobre a importância do CAU, o novo conselho profissional dos arquitetos e urbanistas, e defendi que os seus conselheiros sejam pessoas experientes, com atividade profissional expressiva na sociedade. Essa experiência profissional pode prevenir casos como o do Concurso do BNDES, em que o CAU-RJ deu apoio a um certame que não previa a contratação do vencedor de forma integral, demonstrando uma grande inexperiência do atual presidente do que é a prática de projeto. Esse caso é muito grave, pois o BNDES é o banco de fomento do governo brasileiro e, portanto, uma instituição de referência para estabelecer práticas.
Outro indicador da importância dessa experiência para o perfil dos conselheiros é a defesa da não profissionalização deles, de forma que permaneçam com suas atividades principais ativas. O link da entrevista se encontra abaixo, vejam e divulguem...
https://www.youtube.com/watch?v=-WShgCns1tc
domingo, 19 de outubro de 2014
Arquitetura, turismo e sustentabilidade em Cataguases Minas Gerais
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Marcio Takata, Elizabeth Kropf, Pedro da Luz Moreira e Mauro Neves Nogueira, componentes da mesa de abertura do CATS |
Inicei a minha apresentação explicando qual o significado do IAB, uma organização da sociedade civil prestes a alcançar os cem anos de existência em 2021. Mencionei a recente conquista do Congresso Internacional de Arquitetura de 2020 da União Internacional dos Arquitetos, que será realizado na cidade do Rio de Janeiro, e que foi uma conquista da rede do IAB Nacional capitaneada pelo IAB-RJ.
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O concurso do Chicago Tribune, proposta de Adolf Loos 1923 |
Com esses conceitos como premissas teóricas procurei enfatizar que as atividades de projeto e de planejamento, que estruturam o ofício da arquitetura e do urbanismo precisam ser melhor consideradas pelo conjunto da sociedade brasileira, como atividades que lançam e estruturam diferentes setores, dentre os quais também o turismo. A celebração do improviso e a ausência de protagonismo para as ações de projetar e planejar na sociedade brasileira deveriam ser ideologias combatidas de forma incessante. Projetar e planejar é fundamental para potencializar os destinos turísticos de qualquer parte do mundo.
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A cúpula de Santa Maria del Fiore em Florença, projeto de Bruneleschi de 1418 |
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A cidade de Ouro Preto em Minas Gerais e o projeto da Praça Tiradentes de 1783 |
Por último mencionei a cidade do Rio de Janeiro, destino turístico dos mais mencionados nos últimos tempos com a ascensão internacional do Brasil. A mística da cidade maravilhosa envolvia uma urbanidade intensa e a presença de contínuos naturais expressivos, todos projetados. Citei a reforma de Pereira Passos em 1905, que pretendeu transformar o porto da emergente república brasileira, num destino mais confiável, e o projeto da recuperação da Floresta da Tijuca, ainda no tempo do império como forma de melhorar os mananciais que abasteciam a cidade.
Enfim destino turístico é fruto de uma projetação e de um planejamento sistemático e vigilante...
segunda-feira, 13 de outubro de 2014
Artigo meu no O Globo de domingo, 12 de outubro de 2014
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Imagem do artigo no O Globo |
domingo, 5 de outubro de 2014
A Inconfidência Mineira
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A cidade de Ouro Preto |
É importante mencionar como se percebe a emergência de uma sociedade mais liberal em seus costumes, Por exemplo, Simão Pires Sardinha havia nascido escravo, pois era filho de Francisca Oliveira da Silva, a Xica da Silva de Diamantina, que se casara com o poderoso contratador da zona dos diamantes João Fernandes de Oliveira. Pois bem, Simão Pereira da Silva apesar de mulato tinha ido para a Universidade de Coimbra, tendo sido um dos estudiosos do país, que se dedicava aos fósseis, mas que também irá frequentar a Sociedade Literária do Rio de Janeiro, um grupo que logo após a Inconfidência Mineira esteve na mira das autoridades. Tiradentes visitou efetivamente Sardinha em três ocasiões, levando consigo uma edição em inglês da História da América Inglesa, que narrava os feitos de 04 de julho de 1776 com a independência das treze colônias. Numa outra ocasião levou uma edição em francês do Recueil de loix constitutives des colonies anglaise, confederées sous la dénominations d´États-Units da l´Amerique Septemtronial. Um livro pequeno do tamanho de um caderno Moleskine, pois tinha que ser escondido, afinal era proibido na França.
O impressionante no relato é como as idéias vinculadas ao Iluminismo se disseminaram no território de uma terra afastada e distante como Minas Gerais, de forma simultânea com a Europa e com a América do Norte. O cônego Luis Vieira da Silva, um dos inconfidentes possuía uma biblioteca com 270 títulos distribuídos em 800 volumes, o que era uma coleção representativa, comparando com a de Adam Smith na mesma época, que juntou em toda sua vida três mil volumes. A cultura urbana desenvolvida nessa parte do país certamente fomentou essa disseminação e embate das idéias de forma livre e arejada.
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O sítio mágico de Bom Jesus do Matosinhos em Congonhas do Campo |
O artigo de Cacá Diegues, mito e projeto
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Cacá Diegues texto sensível e inteligente sobre o Brasil |
No seu raciocínio as manifestações de junho de 2013 são consideradas como um reforço a esse mito formador, que foram desviadas de seus objetivos iniciais pela tradição de violência de nossa polícia, e pela "estupidez dos black blocs", que aliviaram os representantes do poder. Há um tom geral, bem brasileiro que afasta qualquer euforia ou celebração mitológica da construção de grandes figuras ou grandes feitos. Afinal o mais importante para o articulista seja "que ainda quero ver por aqui as manhãs que cantam, a luz do sol sobre o horizonte, a primavera chegando sem avisar." Realmente, nossa luz do sol ou a primavera são patrimônios memoráveis compartilhados por quem já vivenciou o Brasil. Sei que é pouco. Mas sempre que chego na minha janela e vivencio essa luz parece que renascem as vontades de enfrentar novos projetos e reconstruir esse país.
A íntegra do artigo está no link abaixo. Vale a pena ler:
http://oglobo.globo.com/opiniao/o-que-ainda-nao-sabemos-14135661
06 de outubro Dia Mundial da Arquitetura
Nessa segunda feira dia 06 de outubro de 2014 se celebra o Dia Mundial da Arquitetura, que tem como tema proposto pela UIA, "Cidade Saudável. Cidade Feliz". Estarei amanhã num debate na Semana de Arquitetura e Urbanismo na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Considero uma importante oportunidade para que a sociedade brasileira reflita sobre a forma como a sua cidade vem sendo construída. Na minha concepção há cinco pontos prioritários que precisam ser revertidos na maneira como a cidade brasileira vem sendo construída. Eles envolvem uma certa concepção do que é o "Bem Viver" e se encontram profundamente arraigados nas elites e no conjunto da nossa população. São eles:
1. Cidade Densa e Compacta. A cidade brasileira é dispersa e espraiada num território imenso, tal fato torna muito difícil a universalização dos serviços urbanos como coleta de lixo e de esgotos, distribuição de água, arruamento e calçamento, iluminação pública, transporte público, educação, lazer, trabalho, e outros.
2. Os antigos centros devem ser reocupados. A cidade brasileira vem abandonando os antigos centros históricos, abandonando um passado construído notável, muitas vezes pela inadequação desses a comodidades como o automóvel e outras.
3. Ampliar a mobilidade e acessibilidade a partir de uma rede estruturada de transportes. A cidade brasileira possui uma mobilidade e acessibilidade deficitária por que não está estruturada a partir de uma rede de modais de transportes clara e eficiente. Os modais de grande capacidade como trens, metrôs, barcas e BRTs devem configurar uma rede complementada por outros modais de baixa capacidade como vans, bondes, bicicletas, calçadas bem desenhadas que fomentem o caminhar.
4. A cidade deve ter uma multiplicidade de usos e de extratos sociais convivendo juntos. A cidade brasileira está constantemente construindo guetos de ricos e guetos de pobres, assim como locais dormitórios e centros de concentração de serviços. A cidade segura é a cidade que aproxima pobres e ricos, zonas de habitação e de trabalho.
5. A cidade deve se aproximar de contínuos naturais, respeitando a biodiversidade. A cidade brasileira possui um imenso passivo ambiental, destruindo muitas vezes mananciais e biomas importantes como baías e rios. Reaproximar de forma inteligente e articulada a população urbana desses contínuos pode significar a potencialização de sua preservação, fazendo reaparecer a vida de uma diversidade de espécies.
1. Cidade Densa e Compacta. A cidade brasileira é dispersa e espraiada num território imenso, tal fato torna muito difícil a universalização dos serviços urbanos como coleta de lixo e de esgotos, distribuição de água, arruamento e calçamento, iluminação pública, transporte público, educação, lazer, trabalho, e outros.
2. Os antigos centros devem ser reocupados. A cidade brasileira vem abandonando os antigos centros históricos, abandonando um passado construído notável, muitas vezes pela inadequação desses a comodidades como o automóvel e outras.
3. Ampliar a mobilidade e acessibilidade a partir de uma rede estruturada de transportes. A cidade brasileira possui uma mobilidade e acessibilidade deficitária por que não está estruturada a partir de uma rede de modais de transportes clara e eficiente. Os modais de grande capacidade como trens, metrôs, barcas e BRTs devem configurar uma rede complementada por outros modais de baixa capacidade como vans, bondes, bicicletas, calçadas bem desenhadas que fomentem o caminhar.
4. A cidade deve ter uma multiplicidade de usos e de extratos sociais convivendo juntos. A cidade brasileira está constantemente construindo guetos de ricos e guetos de pobres, assim como locais dormitórios e centros de concentração de serviços. A cidade segura é a cidade que aproxima pobres e ricos, zonas de habitação e de trabalho.
5. A cidade deve se aproximar de contínuos naturais, respeitando a biodiversidade. A cidade brasileira possui um imenso passivo ambiental, destruindo muitas vezes mananciais e biomas importantes como baías e rios. Reaproximar de forma inteligente e articulada a população urbana desses contínuos pode significar a potencialização de sua preservação, fazendo reaparecer a vida de uma diversidade de espécies.
sexta-feira, 3 de outubro de 2014
Artigo publicado no site Arqbacana sobre o Congresso da UIA 2020
O site Arqbacana publicou um texto meu sobre o Congresso Global da União Internacional de Arquitetos 2020 (UIA 2020) no Rio de Janeiro, uma data que deve servir para refundar a relação entre sociedade brasileira e as práticas de planejamento e de projeto, que estruturam o ofício da arquitetura e do urbanismo. Mais importante que o evento, creio ser fundamental a construção dele, lutando para que o país avalie melhor sua infra estrutura construída e pense de forma mais estruturada quais transformações são prioritárias e quais são periféricas. Um encontro profissional dessa natureza possui um potencial imenso para que a sociedade brasileira entenda o papel do Plano e do Projeto, como ações fundamentais para que tenhamos obras mais bem feitas e mais sintonizadas com os anseios gerais.
O artigo está no link abaixo;
http://www.arqbacana.com.br/internal/arq!mix/read/14200/projetar-e-executar-o-significado-do-congresso-da-uia-2020-no-rio-de-janeiro
O artigo está no link abaixo;
http://www.arqbacana.com.br/internal/arq!mix/read/14200/projetar-e-executar-o-significado-do-congresso-da-uia-2020-no-rio-de-janeiro
terça-feira, 30 de setembro de 2014
Palestra de Rob Adans no Rio Centro
Amanhã dia 01 de outubro de 2014 no Rio Centro na Barra da Tijuca acontece a palestra do arquiteto Rob Adans no contexto da Feira Construir. Na programação da feira também consta debate sobre a frente marítima e a Baía de Guanabara com os arquitetos João Pedro Backheusere Milton Braga, além do presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (CDURP), Alberto Silva.
De acordo com Adams, a sociedade vive uma nova revolução: a revolução urbana. No estudo “Transforming australian in cities”, atualizado em março de 2010, o australiano já relatava que mais de 80% da população australiana vivia nas cidades. O estudo ainda apontava uma projeção da população urbana mundial para os próximos 36 anos de 6,4 bilhões de pessoas, enquanto em 1900 contabilizávamos uma população urbana de 200 milhões de habitantes.
De acordo com Adams, a sociedade vive uma nova revolução: a revolução urbana. No estudo “Transforming australian in cities”, atualizado em março de 2010, o australiano já relatava que mais de 80% da população australiana vivia nas cidades. O estudo ainda apontava uma projeção da população urbana mundial para os próximos 36 anos de 6,4 bilhões de pessoas, enquanto em 1900 contabilizávamos uma população urbana de 200 milhões de habitantes.
“Isso vai requerer uma construção urbana, para os próximos 40 anos, equivalente ao que foi construído desde que foram estabelecidos os primeiros assentamentos urbanos”, afirmou Adams no estudo “Transforming Australian Cities For a More Financially Viable and Sustainable Future.”
Rob Adams se tornou reconhecido internacionalmente ao liderar a premiada requalificação urbanade Melbourne, feita integralmente dentro de princípios sustentáveis. Nesse trabalho, o arquiteto se dedicou a revitalizar não apenas as ruas, mas também parques e lagos, integrando-os ao ambiente urbano.
Promovido pelo IAB-RJ e pela Feira Construir 2014, organizada pela FAGGA | GL Events Exhibitions, a conferência com Rob Adams e a mesa redonda “Frente marítima e a Baía de Guanabara” integram a programação do Fórum AC 21 – Arquitetura e Cidade no século XXI. Em setembro, o fórum reuniu os arquitetos Edison Musa, Ernani Freiree Sérgio Conde Caldas, que discutiram o protagonismo do arquiteto no canteiro de obra.
Vans sairão da sede do IAB-RJ, às 14h, para o Riocentro.
segunda-feira, 29 de setembro de 2014
Docomomo no IAB-RJ
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Ceça Guimarães, João Calafate, Marcio Roberto, Pedro da Luz e João Amorim na sede do IAB-RJ antes do debate |
A mesa de debates foi aberta pelo arquiteto Marcio Roberto, que apresentou uma série de depoimentos afetivos e familiares do escritório dos Irmãos Roberto, dentre os quais se destaca a compreensão do processo de projeto como um constante debate entre as três personalidades. O projeto do escritório para a cidade de Brasilia também foi destacado como portador de um debate entre escala e pertencimento, tendo sido inclusive revisitado mais contemporaneamente como referência.
Depois veio o depoimento do arquiteto João Calafate, que declarou sua filiação incondicional aos objetos realizados pelo escritório, que inclusive determinaram sua escolha profissional. João declarou que nasceu e cresceu no edifício da rua Voluntários da Pátria, 127 em Botafogo projetado pelo escritório dos MMM Roberto. João Calafate acabou construindo uma autobiografia sentimental a partir da vivência que experimentou nos edifícios projetados pelo escritório.
A palestra do arquiteto Luiz Felipe Machado, que escreveu uma tese sobre a produção do escritório, versou sobre a obra dos arquitetos apresentando um vasto material iconográfico. Luiz Felipe destacou o esquecimento e o descaso a que foi condenada a obra dos três arquitetos.
Por último, o arquiteto Luis Amorim pontuou muito bem a estruturação de alguns escritórios do movimento moderno brasileiro em torno de laços familiares e lançou uma importante pergunta para a reflexão contemporânea. Porque a produção contemporânea de edificações multifamiliares não compartilha a mesma qualidade dos edifícios projetados pelos irmãos Roberto?
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