Na última terça feira dia 23 de junho de 2015 no Museu Histórico Nacional a Secretaria Municipal de Conservação reuniu uma série de conhecimentos para debater o tema das calçadas em nossas cidades. Minha palestra se centrou no tema de que as calçadas são um elemento do urbano, e como tal devem ser vistas dentro de um projeto geral de cidade, um desígnio ou um desejo de construção de uma espacialidade melhor.
O espaço público das cidades envolve a área não privada e íntima do urbano, o meio que intermedia a vida além do particular e do familiar, numa infinidade de espaços tais como; a praça, a avenida, a rua, a vila, a viela, o beco. A cidade, desde a Revolução Urbana ocorrida a sete mil anos na Mesopotânia, já apresentava essa estrutura subdividida entre espaço público e privado.
Essa organização particular permitiu ao gênero humano um imenso desenvolvimento tecnológico e filosófico, pois reuniu numa proximidade diferenças substanciais de costumes, crenças e conhecimentos, possibilitando aos humanos relativizar os costumes, crenças e conhecimentos particulares da família e do clã. Tal mudança determinada pelo espaço público teve um efeito catalisador para a humanidade, que se viu diante da possibilidade de construção do universalismo.
O espaço público em nossas cidades contemporâneas permanecem com esse papel, um local onde se expressam diferentes costumes, crenças e conhecimentos, que domesticam didaticamente o individuo, a familia e o clã. No entanto, a cidade contemporânea foi invadida pelo rodoviarismo, determinando uma estratificação entre caixa de circulação de veículos e calçadas para pedestres. até então inusitada na história das cidades. Em nossas cidades contemporâneas há uma clara hegemonia do automóvel frente ao pedestre.
A
calçada
é um elemento fundamental no urbanismo contemporâneo, pois abriga o caminhar
das pessoas. Ela é na verdade uma infraestrutura importante, assim como os trilhos, estradas e redes variadas, pois possibilita o encontro, o acesso e a fruição entre pessoas. Por
essa
razão ela não pode ser vista de forma isolada e segmentada do contexto geral
das cidades, mas de forma articulada com conceitos caros ao urbano, tais como; Legibilidade, Conectividade
e Vitalidade.
A
legibilidade
é a capacidade da experiência citadina ser compreendida e armazenada como um
mapa mental, portanto envolve a memorização e a transmissão entre pessoas da experiência urbana.
A
conectividade
é a capacidade de mediar deslocamentos, entre pontos objetivos, capazes de
garantir o acesso e o sustento das pessoas.
E
a
vitalidade é a capacidade de atração de atividades e usos, bem como pessoas,
que potencializam esses lugares como centralidades, ou locais de intensas trocas e intercâmbios.